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Estado de Minas GUERRA NO ORIENTE M�DIO

Quem � o Hezbollah, o inimigo de Israel no L�bano que pode agravar conflito no Oriente M�dio

Israel teme uma escalada que possa abrir uma segunda frente contra um dos seus maiores inimigos.


20/10/2023 10:05 - atualizado 20/10/2023 12:14
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Combatentes do Hezbollah
Hezbollah convocou "dia de f�ria sem precedentes" contra Israel ap�s explos�o em hospital de Gaza (foto: Getty Images)

Israel come�ou a evacuar vilarejos na fronteira com o L�bano em meio a temores de uma escalada de viol�ncia na �rea.

A principal preocupa��o � com a possibilidade de um confronto armado com o Hezbollah, grupo isl�mico liban�s que, assim como o palestino Hamas, prega a destrui��o do Estado judeu.

O Hezbollah convocou uma "um dia de f�ria sem precedentes" contra Israel na quarta-feira (18/10), ap�s acusar o pa�s de estar por tr�s de uma explos�o em um hospital em Gaza que matou centenas de pessoas na noite do dia anterior.

Israel, por sua vez, afirma que foi a Jihad Isl�mica Palestina que lan�ou este ataque, considerado o mais mortal at� agora no conflito com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Poucas horas depois do incidente, eclodiram protestos em frente � embaixada dos Estados Unidos em Beirute, capital do L�bano, e em outras cidades do mundo �rabe.

Desde o ataque do Hamas, que matou pelo menos 1,4 mil pessoas em Israel — e a contra-ofensiva israelense que matou mais de 4 mil pessoas em Gaza, segundo oficiais palestinos — tem havido v�rias trocas de tiros na fronteira libanesa-israelense.

Tr�s soldados israelenses morreram na semana passada em um confronto com militantes do Hezbollah que haviam atravessado o pa�s vindos do L�bano.

O Ex�rcito israelense respondeu atacando combatentes do grupo em territ�rio liban�s, matando tr�s.

Desde a sua cria��o, o Hezbollah tem sido acusado de realizar uma s�rie de ataques contra alvos judeus e israelenses.

O grupo � designado como organiza��o terrorista pelos Estados Unidos, Israel e outros pa�ses da Liga �rabe.

Da mesma forma, o seu bra�o militar aparece na lista de organiza��es terroristas da Uni�o Europeia (UE).


Apoiadores do Hezbollaz em Beirute
Desde sua cria��o, Hezbollah vem sendo acusado de realizar uma s�rie de ataques contra alvos judeus e israelenses (foto: Getty Images)

"O Hezbollah � atualmente a for�a militar n�o-estatal mais poderosa do mundo", diz Firas Maksad, especialista em pol�tica libanesa e geopol�tica do Oriente M�dio do think tank Middle East Institute (MEI), com sede em Washington, � BBC News Mundo, o servi�o de not�cias em espanhol da BBC.

� medida que o conflito entre o Hamas e Israel se intensifica e as tropas israelenses se preparam para uma poss�vel invas�o terrestre na Faixa de Gaza, muitos temem agora que o Hezbollah se envolva plenamente no conflito e retome a sua luta contra o que considera ser um dos seus principais inimigos.

Origem

O Hezbollah — cujo nome significa "partido de Deus" — � um partido pol�tico isl�mico xiita e um grupo paramilitar apoiado pelo Ir� que exerce grande poder no L�bano.

Desde 1992, � liderado por Hassan Nasrallah e tornou-se agora a for�a militar mais poderosa da na��o �rabe.

O grupo tamb�m ganhou gradualmente influ�ncia no sistema pol�tico do L�bano e tem poder de veto no Executivo do pa�s.

O Hezbollah � considerado por alguns libaneses como uma amea�a � estabilidade do pa�s, mas continua popular entre a comunidade xiita libanesa que representa.

Apesar de o Hezbollah defender uma corrente do Isl� diferente da do Hamas, sendo o primeiro xiita e o segundo, sunita, os dois grupos convergem quanto ao desejo de destruir Israel.

No entanto, lutaram em campos opostos na guerra civil s�ria.

O Hezbollah apoia Bashar al Assad, enquanto o Hamas quer derrub�-lo.

As origens precisas do Hezbollah s�o dif�ceis de rastrear, mas os seus precursores surgiram depois de Israel ter invadido uma parte do sul do L�bano em 1982, em resposta a uma s�rie de ataques de militantes palestinos contra Israel, nomeadamente a tentativa de assassinato do embaixador israelense no Reino Unido.

Ariel Sharon, que era ent�o Ministro da Defesa de Israel, visou expurgar a Organiza��o para a Liberta��o da Palestina (OLP) do sul do L�bano e impedir as incurs�es do grupo atrav�s da sua fronteira.

Alguns l�deres xiitas no L�bano queriam uma resposta militante � invas�o e romperam com o Movimento Amal, um grupo pol�tico que se tornou uma das mais importantes mil�cias mu�ulmanas xiitas durante a Guerra Civil Libanesa (1975-1990).

Os rebeldes formaram um movimento militar xiita que recebeu apoio militar e organizacional da Guarda Revolucion�ria do Ir� (divis�o das for�as armadas do Ir�, fundada depois da Revolu��o Iraniana) e foi denominado Amal Isl�mico.

Pouco depois, essa organiza��o aliou-se a outros grupos e criou o Hezbollah.

Objetivos

O Hezbollah anunciou oficialmente a sua cria��o em 1985, publicando uma "carta aberta" que identificava os Estados Unidos e a antiga Uni�o Sovi�tica (URSS) como os principais inimigos do Isl�.

No pol�mico manifesto, o Hezbollah tamb�m levantou a destrui��o de Israel como um objetivo fundamental.

"� o inimigo odiado que temos de combater at� que os odiados consigam o que merecem", diz o texto.

"Este inimigo � o maior perigo para as nossas gera��es futuras e para o destino das nossas terras, especialmente porque glorifica as ideias de coloniza��o e expans�o, iniciadas na Palestina."


Manifestantes queimam uma bandeira israelense durante uma manifestação organizada pelo Hezbollah nas ruas da cidade de Sidon, no sul do Líbano
Cresce temor de que Hezbollah se envolva plenamente no conflito entre Hamas e Israel (foto: Getty Images)

O governo dos EUA culpa o grupo por orquestrar os atentados � embaixada dos EUA e ao quartel da Marinha americana em Beirute, em 1983, que juntos deixaram 258 americanos e 58 militares franceses mortos e levaram � retirada das for�as de manuten��o da paz ocidentais.

Ap�s o Ex�rcito s�rio ter imposto a paz no L�bano em 1990, pondo fim � guerra civil, o Hezbollah continuou a sua guerra de guerrilha no sul do pa�s.

Mas, gradualmente, tamb�m come�ou a desempenhar um papel ativo na pol�tica libanesa.

Em 1992, participou pela primeira vez nas elei��es nacionais, obtendo mais assentos do que qualquer outro partido.

A organiza��o emitiu um novo manifesto pol�tico em 2009, ap�s conquistar 10 assentos no Parlamento, para destacar a "vis�o pol�tica" do grupo.

O Hezbollah retirou do manifesto de 1985 a refer�ncia � necessidade de cria��o de uma rep�blica isl�mica, mas manteve sua linha dura contra Israel e os Estados Unidos e insistiu que precisava manter suas armas.

Pela sua influ�ncia pol�tica, militar e de seguran�a e tamb�m pelos servi�os sociais que presta, no L�bano, o grupo � considerado um estado dentro do estado, ou seja, uma mil�cia, rivalizando com as institui��es governamentais, o que gera cr�ticas no pa�s.

As suas capacidades excedem at� as do Ex�rcito liban�s.

O espectro da guerra de 2006

A viol�ncia em Gaza alimentou tens�es entre Israel e o Hezbollah, que expressou solidariedade com o povo palestino.

O grupo militante liban�s entrou em confronto pela �ltima vez com Israel em 2006.

Naquele ano, militantes do Hezbollah lan�aram um ataque transfronteiri�o no qual oito soldados israelenses foram mortos e outros dois raptados.

O Hezbollah exigiu a liberta��o dos prisioneiros libaneses em troca de soldados israelenses.

Mas a resposta de Israel ao ataque foi r�pida e firme.

Avi�es de guerra israelenses bombardearam redutos do Hezbollah no sul do L�bano e nos sub�rbios ao sul de Beirute, enquanto o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel.

Mais de 1.125 libaneses, a maioria deles civis, morreram durante os 34 dias de conflito, bem como 119 soldados israelenses e 45 civis.

Desde ent�o, o Hezbollah aprimorou e expandiu o seu arsenal, recrutando dezenas de novos combatentes.


Crianças segurando bandeira do Hezbollah
Gradualmente, Hezbollah passou a ter papel na vida pol�tica do L�bano (foto: Getty Images)

Capacidade militar

Segundo Firas Maksad, especialista em pol�tica libanesa, o Hezbollah � "exponencialmente mais poderoso" hoje do que era em 2006.

"O Hezbollah ganhou muito mais experi�ncia, lutando na guerra na S�ria e treinando e apoiando mil�cias pr�-Ir� no Iraque e no I�men", explica o especialista.

"Tamb�m se acredita que seu arsenal militar seja muito mais amplo e preciso em termos de m�sseis, em compara��o com 2006."

Em 2021, o l�der do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, afirmou que o grupo tinha 100 mil combatentes.

Tamb�m possui foguetes de longo alcance que poderiam penetrar profundamente em Israel.

Por essas raz�es, Maksad acredita que uma guerra total entre o Hezbollah e Israel seria "devastadora" tanto para os libaneses como para os israelenses.


Combatentes do Hezbollah em desfile
Em 2021, l�der do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, afirmou que grupo tinha 100 mil combatentes (foto: Getty Images)

Financiamento

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o Ir� fornece ao Hezbollah "a maior parte" do seu financiamento, bem como treinamento, armas e explosivos.

Teer� tamb�m envia "ajuda pol�tica, diplom�tica, monet�ria e organizacional", denuncia Washington.

Al�m disso, as ag�ncias antidrogas dos EUA e da Europa acusam o grupo liban�s de lucrar com o tr�fico de drogas.

O Hezbollah nega repetidamente tais acusa��es, alegando que � "religiosamente proibido fabricar, vender, comprar, contrabandear e consumir" drogas.

O Departamento de Estado dos EUA observa que o Hezbollah tamb�m lucra com contrabando de mercadorias, falsifica��o de passaportes, tr�fico de entorpecentes, lavagem de dinheiro e fraude com cart�es de cr�dito, imigra��o e bancos.

O Hezbollah se envolver� na guerra entre Israel e Gaza?


Combatente do Hezbollah em funeral de militante morto
Hezbollah aprimorou e expandiu seu arsenal, recrutando dezenas de novos combatentes (foto: Getty Images)

Na vis�o de Maksad, existe a possibilidade de Israel e o Hezbollah travarem um conflito, apesar de nenhum dos lados estar "buscando-o ativamente".

O especialista acredita que Israel est� ocupado em Gaza e n�o quer abrir uma segunda ou terceira frente, enquanto o Ir� preferiria que o Hezbollah n�o perdesse a sua influ�ncia ou a sua for�a.

"O Hezbollah � a primeira linha de dissuas�o para que Israel n�o ataque o programa nuclear iraniano, raz�o pela qual o Ir� prefere que permane�a intacto", explica.

No entanto, Maksad acrescenta que se Israel avan�ar mais profundamente em Gaza, os l�deres do Ir� e do Hezbollah ter�o de tomar uma decis�o dif�cil.

"Eles ter�o de decidir se v�o sentar-se e ver Israel desmantelar os seus aliados palestinos ou juntar-se � luta para salvar o Hamas."

Maksad diz que uma segunda frente "possivelmente" j� existe devido aos confrontos observados entre o Hezbollah e Israel perto da fronteira libanesa-israelense.

"O Hezbollah e os iranianos s�o especialistas em conflitos na zona cinzenta (entre a paz e a guerra)", explica.

"Eles continuar�o a amea�ar Israel e a operar na fronteira, mas tentando evitar um confronto total e devastador", conclui.


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