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Estado de Minas

'Bolsonaro nos traiu', diz policial que agora lidera manifesta��es contra presidente

PEC aprovada pelo Senado e pela C�mara congela gastos de categorias policiais por 15 anos.


12/03/2021 22:31 - atualizado 12/03/2021 22:31

Porta-voz da União de Policiais do Brasil disse que Bolsonaro traiu a categoria(foto: Divulgação/ FenaPRF)
Porta-voz da Uni�o de Policiais do Brasil disse que Bolsonaro traiu a categoria (foto: Divulga��o/ FenaPRF)
"Fiz campanha, falei para os meus amigos e fam�lia votarem no Bolsonaro porque ele ajudaria nossa categoria, seria a favor da seguran�a e contra a corrup��o. A gente se mobilizou, buscou voto. Tudo isso caiu porque ele n�o nos enxergou depois de eleito, n�o nos considerou. Para ele, a gente n�o existe."

 

Foi assim que o presidente da Federa��o Nacional dos Policiais Rodovi�rios Federais (FenaPRF) e um dos l�deres da Uni�o de Policiais do Brasil, Dovercino Neto, resumiu a insatisfa��o dele em rela��o ao governo de Jair Bolsonaro em entrevista � BBC News Brasil. De apoiador do presidente durante a campanha � presid�ncia, hoje ele diz que se sente tra�do e amea�a uma paralisa��o nacional da categoria nos pr�ximos dias.

 

"Na campanha, o Bolsonaro tinha um perfil e posicionamento a favor do policial, de valorizar e defender a categoria. A grande maioria dos policiais acreditou nesse discurso. Mas, na primeira oportunidade, ele nos traiu ao nos incluir na Reforma da Previd�ncia", afirmou Neto.

 

Para ele, o segundo golpe veio com a aprova��o nesta quinta-feira (11/03) da PEC Emergencial — altera��o da Constitui��o que prev� recursos para a volta do aux�lio emergencial, mas estabelece tamb�m o congelamento dos sal�rios dos servidores p�blicos sempre que as despesas do governo Federal e de Estados e munic�pios ultrapassarem certos limites.

 

Cr�ticos da mudan�a dizem que as novas regras poder�o congelar sal�rios de diversas categorias, inclusive de policiais, por at� 15 anos. Isso acontecer� se os gatilhos foram imediatamente acionados e se perdurarem at� 2036, quando acaba o Teto de Gastos. O in�cio do congelamento, por�m, pode variar segundo diferentes categorias de servidores e a depender da evolu��o das contas de Uni�o, Estados e munic�pios.

 

Proje��es da Institui��o Fiscal Independente indicam que, no caso dos servidores do Executivo Federal, o gatilho s� ser� acionado em 2025. No entanto, 14 Estados j� podem ser imediatamente afetados, considerando as contas p�blicas desses entes em 2019 (a an�lise n�o foi feita com os n�meros de 2020 por ser um ano at�pico de pandemia). S�o eles Bahia, Distrito Federal, Goi�s, Maranh�o, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piau�, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.


Dovercino Neto conta que se mobilizou a favor de Bolsonaro durante a campanha presidencial, buscando votos com familiares, amigos e colegas de profissão(foto: Divulgação/ FenaPRF)
Dovercino Neto conta que se mobilizou a favor de Bolsonaro durante a campanha presidencial, buscando votos com familiares, amigos e colegas de profiss�o (foto: Divulga��o/ FenaPRF)

Para a Uni�o de Policiais do Brasil, o texto "desestrutura o servi�o p�blico" ao vedar aumentos salariais e novas contrata��es por um longo per�odo.

 

A Associa��o Nacional dos Delegados da Pol�cia Federal (ADPF) tamb�m reagiu e disse que a aprova��o do texto pode levar a "categoria a um apag�o nas pr�ximas horas".

Dovercino Neto, da Uni�o de Policiais do Brasil, conta que se mobilizou a favor de Bolsonaro durante a campanha presidencial. Buscou votos com familiares, amigos e colegas de profiss�o, mas que hoje "tudo isso caiu".

 

"Ele chegou a dar declara��es p�blicas e se reuniu com a gente para dizer que nos beneficiaria na reforma, assim como fez com as For�as Armadas. Mas mentiram para n�s. Fizemos tr�s reuni�es, uma delas com o ent�o ministro (Abraham) Weintraub, e nos disseram que estar�amos fora do texto, mas no fim est�vamos l�", afirmou.

 

Para um dos l�deres dos protestos de policiais contra Bolsonaro, o presidente n�o valorizou os policiais civis, beneficiando apenas as For�as Armadas e a Pol�cia Militar.

 

"Ele defendeu bravamente os militares. Ao inv�s de perderem direitos, os militares de alta patente foram extremamente beneficiados com aumentos generosos de sal�rios na Reforma da Previd�ncia. O governo disse na �poca que queria economizar, mas fez o inverso nas For�as Armadas. Para ele (Bolsonaro), seguran�a p�blica � s� militar e a seguran�a p�blica civil n�o existe", disse Neto.

"Lockdown na seguran�a p�blica"

Para a Uni�o de Policiais do Brasil, a gota d'�gua que desencadeou uma irrita��o generalizada da categoria contra o presidente foi a aprova��o da PEC Emergencial.

Neto diz que isso deixou a categoria insatisfeita, desanimada e diz que isso deve provocar uma rea��o instant�nea nas ruas como reflexo do descontentamento com a decis�o.


"Vamos fazer um lockdown na seguran�a p�blica", disse presidente da FenaPRF (foto: Divulga��o/ FenaPRF)

"N�s nos esfor�amos e trabalhamos muito mais por causa da covid no �ltimo ano. Essa atitude do governo nos leva � desmotiva��o. O pessoal foi ignorado. Fazem de conta que n�o existimos. Aquele risco a mais que a gente corria (nas ruas) com certeza vai parar, na seguran�a p�blica civil, federal e estadual. Vamos fazer um lockdown na seguran�a p�blica.

 

Vamos fazer o b�sico. N�o vamos dar o sangue, ter aquele empenho adicional. N�o vamos fazer uma opera��o padr�o. Tudo isso acontecer� de forma natural", afirmou Neto.

 

O presidente da FenaPRF disse que, como cidad�o, ele e grande parte da categoria apoiaram a campanha de Bolsonaro. Mas afirma que "hoje s� temos resqu�cios de um ou outro que apoia".

 

"Bolsonaro foi uma grande decep��o. Essa � a PEC da chantagem. Aux�lio emergencial tudo bem porque os mais pobres precisam de ajuda. Mas colocar uma PEC de reforma fiscal dizendo que era por causa do aux�lio n�o existe. Alguns culpam o Paulo Guedes, mas ele � s� um funcion�rio do Bolsonaro. Ele interferiu para atender os PMs, mas n�s policiais civis fomos abandonados e tra�dos", afirmou � BBC News Brasil.

 

Para ele, nenhum policial de seguran�a p�blica civil tem motivo para apoiar Bolsonaro.

 

"O governo est� no Congresso trabalhando contra n�s. (...) O filho do Bolsonaro votou contra a gente no Senado. Na C�mara, o outro filho tamb�m. N�o tem motivo para que nossas categorias fiquem de lua de mel com ele. Nessa PEC emergencial, tentamos emendas e destaques, mas s� os policiais militares foram atendidos", afirmou.

 

O porta-voz do movimento de policiais anti-Bolsonaro afirmou que entende o momento econ�mico vivido pelo pa�s e disse que n�o quer um aumento salarial para a categoria, mas apenas uma garantia de qualidade de trabalho a longo prazo.

 

"Querem congelar a previs�o de voc� poder pedir aumento at� 2035. Tamb�m barram concurso, contrata��es, gastos estruturais. Tudo isso nos atinge. � a fragiliza��o e deprecia��o do nosso trabalho", disse ele.

 

Por fim, ele se disse irritado porque o vice-presidente, Hamilton Mour�o, dizer que os policiais inclu�dos na PEC precisam dar uma "cota de sacrif�cio".

 

"Por que os militares n�o deram essa cota at� agora? A alta patente do Ex�rcito, como ele, teve ganhos salariais e n�o se sacrificou. Essa declara��o dele foi uma ofensa contra n�s. A gente teve redu��o salarial e eles, aumento. Por que eles n�o d�o exemplo?"


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