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Estado de Minas

'Vi fam�lias dizimadas': relatos dram�ticos da pandemia que deixou 400 mil mortos no Brasil

No dia em que Brasil ultrapassa a marca de 400 mil mortes pela covid-19, m�dicos comentam situa��es marcantes que vivenciaram em hospitais desde o ano passado.


29/04/2021 23:24 - atualizado 29/04/2021 23:24

Em meio às centenas de milhares de mortes, os profissionais de saúde acompanham diversas cenas que ilustram a tragédia do novo coronavírus.(foto: Getty Images)
Em meio �s centenas de milhares de mortes, os profissionais de sa�de acompanham diversas cenas que ilustram a trag�dia do novo coronav�rus. (foto: Getty Images)
Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, no fim de fevereiro de 2020, a rotina dos profissionais de sa�de mudou. Com o aumento de infec��es e mortes pela doen�a, m�dicos e enfermeiros na linha de frente dos atendimentos passaram a viver o per�odo mais dif�cil de suas carreiras.

 

"Existe uma exaust�o entre esses profissionais de sa�de h� mais de um ano. � um estresse 24 horas, como a gente nunca viveu. � uma exaust�o f�sica e emocional. Estamos trabalhando 24 horas salvando vidas", diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Cora��o em S�o Paulo.

Nesta quinta-feira (29/04), o Brasil atingiu a marca de 400 mil mortes pela covid-19, em meio ao seu m�s mais letal da pandemia — em abril j� foram registradas mais de 75 mil mortes pela doen�a, enquanto em mar�o deste ano, at� ent�o o per�odo com mais �bitos, foram 66 mil.

 

Em meio �s centenas de milhares de mortes, os profissionais de sa�de acompanham diversas cenas que ilustram a trag�dia do novo coronav�rus.

Despedidas, mortes por falta de recursos b�sicos e �bitos de diferentes integrantes da mesma fam�lia s�o algumas das situa��es que marcam os trabalhadores na linha de frente.

 

"� o pior per�odo para a sa�de mental dos profissionais de sa�de. Muitos m�dicos pararam de dar plant�o ou diminu�ram o ritmo de trabalho porque estavam muito estressados. Tem sido um per�odo muito grande de estresse", relata o m�dico intensivista Jos� Albani de Carvalho.

 

Os profissionais de sa�de relatam que cenas dif�ceis de serem esquecidas se tornaram cada vez mais comuns em meio � pandemia. Para dimensionar a trag�dia vivida no pa�s de 400 mil mortes pela doen�a, a BBC News Brasil pediu para m�dicos relatarem algumas das situa��es mais dram�ticas que presenciaram desde o ano passado.

'Vimos um paciente morrer atr�s do outro'


Em janeiro, Manaus viveu tragédia da falta de oxigênio medicinal. Caso se tornou alvo de investigação(foto: Reuters)
Em janeiro, Manaus viveu trag�dia da falta de oxig�nio medicinal. Caso se tornou alvo de investiga��o (foto: Reuters)

O m�dico cirurgi�o Pierre Oliva Souza nunca esquecer� as cenas que presenciou no plant�o que come�ou da noite de 14 de janeiro at� o dia seguinte, em uma unidade de sa�de em Manaus, no Amazonas.

 

Ele chegou para o plant�o no Servi�o de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias por volta das 19h. Na unidade, logo foi informado por um colega que n�o havia estoque de oxig�nio medicinal — item fundamental para auxiliar pacientes com dificuldades respirat�rias, como aqueles com quadro grave de covid-19.

 

"Havia apenas dois cilindros de oxig�nio, que durariam por algumas horas somente, porque a unidade estava lotada. Normalmente, havia 20 pacientes com suspeita de covid-19 que precisavam desse oxig�nio, mas naquele per�odo tinha mais de 40", relata o m�dico.

 

Ele conta que alguns gestores da regi�o falaram que logo chegaria um caminh�o carregado com oxig�nio. "Deram falsas esperan�as, porque isso n�o era verdade. N�o havia oxig�nio em lugar nenhum de Manaus, porque tamb�m faltou no mesmo dia em outras dezenas de unidades do Amazonas", comenta.

 

Na madrugada de 15 de janeiro, o oxig�nio acabou completamente no SPA Joventina Dias. "Ningu�m tinha avisado, dias antes, que o estoque de oxig�nio estava acabando no Estado. Foi muito chocante para todo mundo", diz Souza.

 

"A gente sabia o quanto essa falta de oxig�nio seria danosa e grave. O governador chegou a comentar, na semana anterior, que o Estado estava � beira de uma crise de oxig�nio, por causa do aumento de casos de covid-19. Mas n�s, profissionais de sa�de, n�o t�nhamos no��o de como, de fato, a situa��o estava", diz o m�dico.

 

"Por causa da falta de oxig�nio, a equipe de sa�de teve que assumir a dif�cil decis�o de quem vai sobreviver ou morrer por conta da absoluta falta de estrutura. Vimos um paciente morrer atr�s do outro naquela madrugada. Eles definhavam, buscavam respirar, ficavam com a colora��o azulada e morriam asfixiados na nossa frente. N�o t�nhamos o que fazer", relata Souza.

 

Segundo Souza, somente no SPA Joventina Dias foram contabilizadas oito mortes naquela madrugada. O m�dico relata que, normalmente, havia duas ou tr�s mortes por plant�o. "Sei de lugar que registrou mais de 20 mortes por causa da falta de oxig�nio", comenta.

 

A situa��o no Amazonas se tornou not�cia em todo o mundo. Diversos pacientes foram transferidos para outros Estados. Posteriormente, a cidade recebeu abastecimentos de oxig�nio. "A situa��o foi normalizada depois. Hoje as coisas est�o bem, principalmente porque os n�meros de interna��es ca�ram nas �ltimas semanas", diz o m�dico.

 

Apura��es apontam que a falta de oxig�nio causou dezenas de mortes no Amazonas em meados de janeiro.

 

Ent�o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello afirmou, na �poca, que foi avisado por volta de 8 de janeiro que o alto n�mero de interna��es em Manaus at� quintuplicou o uso do oxig�nio medicinal. Em raz�o disso, segundo ele, o Minist�rio da Sa�de logo passou a tomar provid�ncias junto com o governo estadual e a prefeitura.

 

De acordo com a CNN Brasil, o secret�rio de Sa�de do Amazonas, Marcellus Campelo, alegou, em depoimento � Pol�cia Federal que a falta de oxig�nio ocorreu porque a principal fornecedora do insumo no Estado informou somente dias antes que n�o teria capacidade de atender a demanda na regi�o, em raz�o do aumento de interna��es.

 

Segundo o secret�rio, o governo local logo comunicou o Minist�rio da Sa�de e foram adotadas todas as medidas necess�rias para o "enfrentamento de uma crise de sa�de sem precedentes na hist�ria do Amazonas".

 

Em meados de abril, o Minist�rio P�blico Federal (MPF) do Amazonas apresentou uma a��o de improbidade administrativa por omiss�o sobre a crise no fornecimento de oxig�nio medicinal no Amazonas. Entre os alvos do procedimento est�o tr�s secret�rios do Minist�rio da Sa�de e o ent�o respons�vel pela pasta, general Eduardo Pazuello, e dois integrantes do governo do Amazonas, entre eles o secret�rio estadual de Sa�de, Marcellus Campelo.

 

O MPF apontou falhas como omiss�o no monitoramento da demanda de oxig�nio medicinal e ado��o de medidas para evitar o desabastecimento, al�m de demora nas transfer�ncias de pacientes para outros Estados. O caso segue na Justi�a Federal do Amazonas.

 

Mais de tr�s meses depois, as cenas de meados de janeiro agora fazem parte das piores lembran�as da pandemia para os profissionais de sa�de do Amazonas.

 

"Eu vou superar, porque nosso trabalho pede, mas n�o vou esquecer nunca. Apesar de todo ensinamento que tivemos na faculdade, nunca pensei que fosse viver em tempos de paz aquilo que s� acontece na guerra, que � escolher quem vai viver ou morrer", desabafa Souza.

'Vi fam�lias dizimadas'

O m�dico intensivista Jos� Albani de Carvalho, que atua em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da grande S�o Paulo, comenta que algumas das situa��es mais tristes que presenciou envolvem as mortes de membros de uma mesma fam�lia pela covid-19.

 

"Ver fam�lias inteiras morrendo foi uma das coisas que mais me marcaram. N�o foi uma, nem duas, nem tr�s. Foram v�rios casos de irm�os, pais e filhos ou outros parentes morrendo com diferen�as de horas ou dias. A grande verdade � que na minha vida inteira nunca tinha visto isso t�o frequentemente", desabafa o m�dico, que trabalha em UTIs h� mais de 30 anos.

 

"Teve uma fam�lia em que morreram tr�s irm�os em dois dias. Dois deles estavam em leitos pr�ximos. Isso impacta muito, porque voc� v� uma fam�lia ser dizimada", diz o m�dico.

 

Ele detalha o caso de tr�s mortes de pessoas na faixa dos 40 anos que eram da mesma fam�lia. "O rapaz foi intubado com covid-19. A mulher dele foi internada, mas parecia que evoluiria bem e n�o precisaria ser intubada. Mas � muito dif�cil saber, porque �s vezes um paciente demora 10 dias na UTI e voc� n�o sabe para onde ele vai, se vai melhorar ou piorar", comenta Albani.

 

"O rapaz acabou morrendo. A mulher dele, que a gente achava que daria alta em poucos dias, piorou tamb�m e foi intubada. Dias depois, ela morreu. Depois, a irm� dela, que estava internada no hospital, tamb�m faleceu", relata o m�dico.

 

O intensivista foi o respons�vel por contar sobre as mortes � fam�lia. "Nunca � f�cil comunicar isso, porque voc� acompanha essas fam�lias e aquele sofrimento durante as interna��es, que muitas vezes duram dias ou semanas", diz.

 

"Por incr�vel que pare�a, esse comunicado para as fam�lias acaba sendo algo que a gente se acostuma. N�o � ser insens�vel, mas � que h� mais de 30 anos na UTI isso acaba se tornando algo do cotidiano. Mas claro, quando voc� vai comunicar tr�s mortes para uma mesma fam�lia, como tem acontecido em alguns casos, � mais dif�cil", acrescenta Albani.

 

O m�dico comenta que os familiares dos pacientes sempre reconhecem o trabalho dos profissionais de sa�de.

 

Enquanto precisam enfrentar n�meros de interna��es e mortes como nunca tinham presenciado em per�odo recente, os profissionais de sa�de tamb�m enfrentam o estresse causado pela falta de cuidados de muitos em rela��o ao coronav�rus.

 

"Do ponto de vista da sociedade em geral os profissionais de sa�de n�o s�o reconhecidos. Enquanto vemos as dificuldades, as mortes e trabalhamos sob muito estresse, h� muitas pessoas nas ruas que falam que m�scara � bobagem e fazem aglomera��es. Olhar essas situa��es causa ainda mais estresse a esses profissionais", desabafa Albani.

'Ficamos com medo de dar a not�cia da morte da esposa'


'Nenhuma outra doença tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma família morrendo juntas. Os casos são impactantes', diz médica(foto: Reuters)
'Nenhuma outra doen�a tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma fam�lia morrendo juntas. Os casos s�o impactantes', diz m�dica (foto: Reuters)

 

Para a m�dica Luisa Frota Chebabo, um dos momentos mais tristes da pandemia envolveu uma fam�lia completamente afetada pela covid-19. Ela conta que foram internados m�e, pai e filho no mesmo dia em um mesmo hospital p�blico da capital do Rio de Janeiro, em novembro passado.

 

"A m�e (de 60 anos) chegou muito grave e foi intubada no momento da admiss�o (no hospital). O pai e o filho estavam um pouco mais est�veis", diz Luisa.

 

Ela comenta que os leitos de covid-19 estavam sobrecarregados na unidade de sa�de, por isso os tr�s integrantes da mesma fam�lia tiveram de ficar na �rea de emerg�ncia.

 

"O filho foi mantido em observa��o, sem precisar de oxig�nio suplementar. O pai necessitou do oxig�nio. Os dois ficaram ao lado da m�e, intubada em estado grave", detalha a m�dica.

 

Luisa conta que o pai, que tinha 62 anos, dizia para todos os m�dicos que o filho havia frequentado festas e transmitiu a covid-19 para a fam�lia.

 

No dia seguinte � interna��o, o pai foi internado em um leito que ficou vago na enfermaria de covid-19. O filho, por volta dos 30 anos, se recuperou e logo teve alta hospitalar. A m�e continuava em estado grave na emerg�ncia.

 

"O pai foi internado com piora progressiva. Todos os dias, ele perguntava pela esposa, que tamb�m estava piorando cada vez mais", detalha a m�dica.

Dois dias ap�s chegar na unidade de sa�de, a m�e da fam�lia morreu. "O marido dela, cada vez mais precisando de suplementa��o de oxig�nio, continuava perguntando pela esposa", diz Luisa.

 

"A gente falava para ele que n�o tinha como ver muitos detalhes sobre ela, j� que estava internada em outro setor. Mas a gente falava que ela continuava intubada, mesmo ap�s a morte dela", relata a m�dica.

 

"Esse paciente era bem ansioso, ent�o ficamos com medo de dar a not�cia do falecimento e precipitar uma descompensa��o da parte respirat�ria. A pr�pria fam�lia falou que era melhor n�o dar a not�cia enquanto ele n�o melhorasse, por causa desse componente de ansiedade importante", diz Luisa.

 

A equipe m�dica optou por informar sobre a morte da companheira somente quando o homem apresentasse melhora cl�nica. Cinco dias ap�s o falecimento da esposa, ele foi intubado. Tr�s dias depois, morreu. "Somente o filho ficou bem", diz Luisa.

 

A m�dica comenta que hist�rias como a da fam�lia que ela acompanhou em novembro demonstram a gravidade da covid-19 em compara��o a outras enfermidades. "Nenhuma outra doen�a tinha esse agravante de muitas pessoas da mesma fam�lia morrendo juntas. Os casos s�o impactantes", diz a m�dica.

Jovens internados


'No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente'(foto: Reuters)
'No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente' (foto: Reuters)

O cardiologista Roberto Kalil, que est� h� mais de tr�s d�cadas na Medicina, n�o tem d�vidas de que tem vivido o per�odo mais dram�tico de sua carreira.

"O que impacta � a agressividade do v�rus, que at� ent�o (antes do in�cio da pandemia) era algo inesperado. � uma agressividade tanto na fase hospitalar como at�, em alguns casos, depois da alta", relata o m�dico, que atua em hospitais de S�o Paulo.

Uma das situa��es que mais impactaram Kalil foi quando notou, neste ano, a explos�o de casos de covid-19 e a gravidade que a doen�a passou a ter tamb�m entre muitos pacientes mais jovens, que foram parar na UTI ou at� morreram.

"No ano passado, a gente via pessoas mais velhas na UTI. Agora vemos muitos jovens. Muita gente fica grave rapidamente", diz � BBC News Brasil.

Ele comenta que o agravamento do quadro entre os mais jovens � em raz�o da variante P.1, descoberta em janeiro em Manaus. A maior incid�ncia entre os mais novos � uma das caracter�sticas associadas � nova variante.

A maioria dos casos registrados em 2021 em S�o Paulo, por exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos. Na Grande S�o Paulo, dados do in�cio de mar�o mostraram que 80% dos pacientes haviam sido infectados pela P.1.

Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de doen�as cr�nicas. Agora, 60% das vagas s�o ocupadas por pessoas de 30 a 50 anos, a maioria sem doen�a pr�via.

Essa variante do coronav�rus � mais contagiosa, entre outros motivos, por causa de muta��es que facilitaram a invas�o de c�lulas humanas. Essa caracter�stica pode estar ligada a duas hip�teses que est�o pr�ximas de serem confirmadas por cientistas: agravamento mais r�pido do quadro de sa�de e maior letalidade.

Conforme mostrado em reportagem da BBC News Brasil em 19 de abril, uma das principais hip�teses para que a nova variante afete duramente os mais jovens � a busca tardia por atendimento, quando a doen�a est� bastante agravada, muitas vezes de forma silenciosa.

Um dos principais benef�cios da busca por atendimento antecipado � o uso do oxig�nio medicinal, que pode ajudar a evitar um maior comprometimento dos pulm�es. Al�m disso, o acompanhamento m�dico logo nos primeiros sintomas pode evitar maiores complica��es em outros �rg�os.

Para o cardiologista Roberto Kalil, o cen�rio da pandemia no Brasil pode melhorar, aos poucos, com a vacina��o. Por�m, diante da falta de prazo para o avan�o da imuniza��o, que ainda est� na fase dos grupos priorit�rios, ele avalia que os trabalhadores na linha de frente ainda devem enfrentar muito estresse em decorr�ncia da sobrecarga no sistema de sa�de.

"Espero que o cen�rio melhore a cada semana, mas ainda estamos longe de sair da pandemia', diz Kalil.

A pediatra em estado grave


'Ela, como médica, também percebeu que não estava evoluindo bem', relata especialista(foto: Getty Images)
'Ela, como m�dica, tamb�m percebeu que n�o estava evoluindo bem', relata especialista (foto: Getty Images)

Entre as hist�rias que acompanhou desde o in�cio da pandemia, o m�dico Lucas Antony se recorda do caso de uma pediatra aposentada que foi internada com a covid-19 em janeiro deste ano.

A idosa, de 85 anos, chegou ao hospital particular, na capital Rio de Janeiro, com dificuldades respirat�rias. "Ela foi internada e usamos uma m�scara de ventila��o n�o-invasiva nela. Mas a paciente n�o estava respondendo bem. Ela, como m�dica, tamb�m percebeu que n�o estava evoluindo bem", diz Antony.

O quadro da aposentada se agravou e ela precisou ser intubada no dia seguinte � chegada ao hospital. Antony afirma que a situa��o se tornou mais dif�cil por se tratar de uma paciente que era m�dica e sabia da gravidade de seu pr�prio quadro.

"Ela estava falando com a gente com a m�scara de oxig�nio e debatendo o caso dela quando informamos que ela precisaria ser intubada. Em certo momento, ela parou de falar, ficou olhando para frente e disse que s� queria ir para casa", relembra o m�dico.

Enquanto era intubada, a pediatra reparou em uma enfermeira que a auxiliou. "Ela perguntou se a enfermeira j� havia sido, na inf�ncia, atendida em um determinado servi�o m�dico. A enfermeira disse que n�o que ela soubesse, mas a pediatra falou que lembrava dela", relata Antony.

Horas ap�s a pediatra ser intubada, a enfermeira entrou em contato com a m�e. "A m�e da enfermeira disse que ela levava a filha para ser atendida naquele servi�o (citado pela m�dica aposentada) na inf�ncia. Ent�o, provavelmente essa pediatra atendeu a enfermeira em algum momento", conta o m�dico.

Dois dias ap�s ser intubada, a pediatra aposentada n�o resistiu �s complica��es da covid-19. O m�dico relata que ficou comovido com o caso da paciente por ser uma m�dica que sabia que n�o resistiria � doen�a e pela lembran�a que ela teve da enfermeira. "Foi uma hist�ria que me marcou", diz.


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