
At� o fim do ano, os neg�cios envolvendo im�veis fracionados, dentro do mercado de propriedade compartilhada, dever�o ter movimentado cifras que beiram os R$ 22,3 bilh�es em Valor Geral de Vendas (VGV), segundo a pesquisa Cen�rio do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2019, realizada pelo Caio Calfat Real Estate Consulting, que apontou crescimento de 15% no primeiro semestre, representando 50% a mais da m�dia do mercado imobili�rio no mesmo per�odo.
Em dezembro do ano passado, foi sancionada a Lei Federal 13.777/18, regulamentando a multipropriedade, alterando o C�digo Civil e Lei de Registros p�blicos, delimitando quest�es sobre a transfer�ncia e a administra��o da propriedade compartilhada. Na pr�tica a nova legisla��o permite que duas ou mais pessoas comprem uma mesma propriedade e possam utiliz�-la de forma compartilhada. Cada um dos propriet�rios de um mesmo im�vel � titular de uma fra��o de tempo, � qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do im�vel, a ser exercida por seus propriet�rios, de forma alternada.
O arquiteto e urbanista Alexandre Nagazawa, da Bloc Arquitetura, explica que a nova legisla��o reordena o setor imobili�rio, uma vez que em uma mesma propriedade, al�m de dividir habita��o, o im�vel pode ser compartilhado com espa�os comuns entre moradores e p�blico externo ao condom�nio. Ele diz que essa modalidade de empreendimento, aos poucos, ganhar� adeptos.
Renato Michel, vice-presidente da �rea Imobili�ria do Sinduscon-MG, explica que a modalidade permite a utiliza��o do mesmo espa�o em tempos diferentes: “os propriet�rios podem combinar a utiliza��o semanal, por exemplo. Cada um � dono uma semana por m�s”, se for adquirido para investimento o propriet�rio poder� alugar semanalmente o im�vel, que ter� 52 semanas dispon�veis durante o ano.
Renato diz que a ideia, muito comum em casas de veraneio, come�a a chegar nos espa�os urbanos, oferecendo maior seguran�a aos propriet�rios, uma vez que conta com regulamenta��o espec�fica e deve contar com um administrador e um estatuto que prev� responsabilidades sobre poss�veis danos ao patrim�nio. “Amplia o mercado para empresas especializadas em administra��o.”
Alexandre Nagazawa fala tamb�m da possibilidade de edifica��es de uso misto como, por exemplo, um pr�dio que tem uma academia para cond�mino. Piscinas e quadras que podem ser utilizadas por pessoas n�o residentes, em hor�rios que ficam ociosos, tornando-se uma opera��o que pode desonerar os cond�minos das responsabilidades financeiras de manuten��o. O coliving, ambiente compartilhado, pode se estender para al�m de �reas comuns, como lavanderias coletivas, garagem com carros compartilhados, bicicletas, ferramentas. “H� casos que evoluem ainda mais e chegam aos servi�os como de arrumadeiras, bombeiros, eletricistas entre outros”, atesta. Cada um � pago conforme a utiliza��o.
VAGAS EM GARAGENS Outro ponto interessante � a utiliza��o de aplicativos para loca��o de vagas em garagens. “Se trabalho em um ponto distante de minha resid�ncia e minha garagem fica vaga v�rias horas por dia, porque n�o alug�-la nesse per�odo ocioso?”, questiona. O cliente aciona o aplicativo para saber onde h� vaga para um local ao qual est� se dirigindo, aciona o dispositivo e ter� uma vaga segura, em �rea fechada e resguardada por porteiros ou seguran�as que atendem ao condom�nio, pagando pelo tempo de utiliza��o, como nos locais exclusivos para estacionamento.
“O pr�dio tem que disponibilizar plataformas abertas que consigam se abrir para a cidade, com aplicativos operacionais que diminuem custo para moradores e cond�minos. � um desafio para os arquitetos”, atesta. Outra ideia � de �reas compartilhadas para entrega de mercadorias. O morador faz uma compra, e atrav�s de um c�digo aciona a libera��o de um box onde ela ser� depositada. Pode ser local seco ou refrigerado. Para edifica��es sem �rea de lazer, pode-se conveniar com um clube mais pr�ximo, que oferecer� o acesso em custo mais em conta do que a manuten��o no pr�prio local de moradia.
Atualmente, o modelo de neg�cio multipropriedade est� em 45 cidades brasileiras e em 16 estados do pa�s. A oferta continua em expans�o, sendo o Nordeste a regi�o l�der, passando de 17 empreendimentos no ano passado para 25 este ano, seguido pelo Centro-Oeste, com 23, Sudeste, com 21, e Sul, com 18.