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Estado de Minas

Dramaturgo defende teatro associado � educa��o para superar bullying


postado em 09/04/2011 12:20

As suposi��es levantadas de que o atirador da escola de Realengo sofria bullying podem nem mesmo ser confirmadas, mas certamente fazem com que a discuss�o do tema contribua para a melhoria da rela��o entre os alunos. A observa��o � do autor e diretor teatral carioca Francis Ivanovich, que desenvolve, h� oito anos, um trabalho que envolve o teatro ligado � educa��o, numa concep��o de ensino mais humanista, que inclua as artes, a filosofia e a sociologia.

Ele acredita que essa associa��o de �reas complementares do conhecimento pode aprofundar a discuss�o de temas como o bullying e contribuir para a melhoria da rela��o entre colegas de escola.

Desde o ano passado, a Companhia Teatral EnsinoemCena, que ele dirige, vem encenando, em escolas privadas e p�blicas do Rio, a pe�a Bullying, T� Fora, com texto de sua pr�pria autoria.

Segundo Ivanovich, esse trabalho � resultado de um processo de cria��o que demandou seis anos. A pe�a, explica, busca uma linguagem n�o apenas did�tica, mas tamb�m emocional, para abordar a quest�o. “Nossa experi�ncia vem demonstrando que, de fato, a arte realmente contribui muito dentro do ambiente escolar. A gente percebe que a quest�o do bullying mexe muito com os alunos e que, nesse caso, o teatro faz diferen�a”, afirma Ivanovich.

Para ele,o teatro, quando associado � educa��o, proporciona uma reflex�o muito mais tocante para os alunos do que as palestras. “A quest�o do bullying vem sendo tratada na maioria das escolas apenas com convites a psic�logos e a outros especialistas, mas, muitas vezes, numa linguagem distante do universo da crian�a e do jovem”, diz.

Nas escolas, ap�s a encena��o da pe�a, os atores promovem um debate com os alunos e, a�, conta Ivanovich, a plateia se transforma. “Tanto quem pratica o bullying como o que sofre [esse processo de constrangimento] acaba sendo afetado e o resultado tem sido muito objetivo.”

Segundo o diretor teatral, � usado o m�todo criado pelo dramaturgo alem�o Bertold Brecht, do teatro �pico, que � a t�cnica do distanciamento. “A gente coloca em cena tanto o agressor como o agredido, mas de forma cr�tica.

Cada um deles critica e se critica. Para o aluno que assiste � pe�a, n�o ocorre apenas um processo de identifica��o. � como se [ele] estivesse num laborat�rio olhando a cobaia”.

Declara��es dadas � imprensa, por colegas de Wellington Menezes de Oliveira, que disparou contra os alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, d�o conta de que o atirador chegou a receber na escola o apelido de Sherman, numa refer�ncia ao personagem considerado nerd, interpretado pelo ator Chris Owen no filme American Pie.

Para Ivanovich, esse � um exemplo t�pico de identifica��o, no qual a escola tem que trabalhar a cr�tica e a autocr�tica. “O agressor n�o percebe o seguinte: Ser� que o que estou fazendo com o outro est� machucando ele? Ser� que o que estou fazendo com o outro, um dia, vai me ferir? Eu fiquei estarrecido quando li a declara��o de um ex-colega dizendo que um dia bateu nas costas de Wellington e disse: ‘Olha, eu tenho medo de voc� porque sei que um dia voc� vai matar muita gente’. Isso � muito s�rio. Uma brincadeira, uma frase, um apelido pode marcar a vida de uma pessoa seriamente”.

Para o autor e diretor da pe�a, a transposi��o de situa��es como essa para o teatro desperta as crian�as e adolescentes para a seriedade do bullying. “Quando eles veem isso na pe�a, a ficha cai. Ficam tocados e come�am a perceber que o bullying n�o � apenas uma brincadeira e que tem consequ�ncias e repercuss�o na vida do agredido e na sua pr�pria vida”, diz Ivanovich.

De acordo com Ivanovich, � na faixa de 9 a 10 anos, a chamada pr�-adolesc�ncia, que a escola precisa trabalhar mais a quest�o da cr�tica e autocr�tica, da observa��o e do respeito ao outro. “A escola, no Brasil, � muito informativa. Passa muita informa��o para os alunos, mas pouco esp�rito cr�tico. Com um olhar mais humanista, vamos chegar ao ensino m�dio com uma garotada melhor, com um conv�vio melhor.”

Bullying, T� Fora est� sendo encenada para alunos de 8 a 16 anos. Com um repert�rio de textos teatrais sobre diversos temas relacionados ao universo do estudante, a Companhia Ensino EmCena j� fez, nesses oito anos, apresenta��es em mais de 500 escolas de todo o estado do Rio de Janeiro, para um p�blico estimado em mais de 200 mil alunos. Maiores informa��es sobre o trabalho do grupo podem ser obtidas no site www.teatroemcena.com.


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