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Estado de Minas

Para psiquiatra, atitude isolada n�o � suficiente para diagnosticar doen�a mental


postado em 09/04/2011 12:31 / atualizado em 09/04/2011 12:37

O caso do atirador que matou 12 crian�as na �ltima quinta-feira (7) na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, despertou muitas d�vidas sobre as raz�es que levaram Wellington Menezes de Oliveira a cometer esses crimes. Para o psiquiatra forense do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo, Daniel Martins de Barros, essas motiva��es dificilmente ser�o conhecidas porque se trata de um caso complexo, que envolve uma conjun��o de fatores. Segundo ele, nem mesmo � poss�vel afirmar que Wellington era portador de algum tipo de doen�a mental.

“Um ato n�o faz o diagn�stico, por mais estranho e pouco usual que ele seja. Uma atitude isolada n�o permite se fazer diagn�stico de nada”, disse o psiquiatra.

Segundo Barros, existem poucos elementos conhecidos para que seja estabelecido um diagn�stico psiqui�trico do atirador. Nem mesmo a carta deixada por Wellington pode dar pistas sobre a exist�ncia de uma poss�vel doen�a mental. “Ela (carta) tem um conte�do estranho, mas n�o se pode dizer que a carta � uma evid�ncia de doen�a mental”, disse o m�dico.

“Vou falar com convic��o: qualquer pessoa que der um diagn�stico para ele est� chutando. N�o d� para saber se essa pessoa tinha uma doen�a s� com os elementos que a gente tem. Podemos imaginar que a m�e dele tinha esquizofrenia ou que ele era uma pessoa encimesmada e isolada, com tend�ncia a pensamentos mais fan�ticos. Uma hora (essa pessoa) se desequilibra e comete esse ato, possivelmente como vingan�a a um sistema que o fez mal”, afirmou o psiquiatra.

Para Barros, o que � poss�vel dizer sobre o caso � que se trata de um crime com caracter�sticas de vingan�a. “Existem algumas motiva��es por tr�s do assassinato em massa. Crime de vingan�a � aquele no qual a pessoa tem um hist�rico naquele lugar, para onde ela volta depois de um tempo e se vinga do sistema que a excluiu ou que a fez mal. Esses crimes s�o bastante planejados, com anteced�ncia, e n�o s�o crimes impulsivos. O que parece ter sido bem a caracter�stica desse caso”, afirmou.
Barros ressaltou que, para crimes como esse, n�o existe preven��o poss�vel. “� dif�cil a gente planejar ou propor uma medida preventiva para esse tipo de a��o porque � muito excepcional. Voc� n�o consegue se preparar para algo que � a exce��o da exce��o."

De acordo com ele, tamb�m n�o � poss�vel afirmar que o atirador tenha cometido esse crime por ter sofrido bullying na escola. “N�o d� para dizer, com certeza, que ele foi v�tima de bullying, mas esse tipo de assassinato em massa, dentro de escola, na maioria das vezes � feito por ex-alunos que eram, ali dentro, exclu�dos, isolados e individualmente maltratados. S�o dados da literatura universal”, afirmou.

O que preocupa o psiquiatra com rela��o a esse caso � a tentativa de atribuir uma doen�a mental como a grande motivadora do crime, o que pode gerar ainda mais preconceito em rela��o a pessoas que sofrem com esses problemas. Segundo Barros, a maioria dos doentes mentais nunca comete crime nenhum.

" � important�ssimo ressaltar isso, porque quando acontecem casos como esse e se come�a a falar que o acusado podia ser um doente mental, volta aquele velho estigma de que o doente mental � perigoso, que a loucura tem a ver com crime, e isso s�o preconceitos que precisamos combater. A maioria das pessoas que cometem crimes n�o t�m doen�a mental. E mais do que isso: a maioria dos doentes mentais � v�tima. N�o s�o criminosos”, ressaltou Barros.

O psiquiatra ressaltou que os transtornos mentais s�o trat�veis � base de rem�dios ou de terapias espec�ficas e que, na maior parte dos casos, as pessoas que sofrem desse mal n�o cometem atos violentos. “Se tiver risco delas estarem envolvidas em quest�es de viol�ncia � muito mais prov�vel elas serem v�timas do que criminosas".


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