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Estado de Minas ENTREVISTA/FL�VIO PRADO KRETLI

"Meu dia a dia mudou. A rotina foi limitada"

Depois da descoberta de um plano para execut�-lo, juiz de Te�filo Otoni anda escoltado


postado em 20/08/2011 07:15 / atualizado em 20/08/2011 07:24

(foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
(foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
O valor n�o foi o fator decisivo para que Fl�vio Prado Kretli, de 38 anos, escolhesse seu novo carro. O juiz da comarca de Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, s� teve uma certeza: tinha de ser blindado. A nova aquisi��o � apenas uma das novidades da rotina do magistrado. Depois de descobrir, h� cerca de 50 dias, que sua morte era tramada em um pres�dio do munic�pio, ele anda escoltado, tem viajado bastante e n�o perde a sensa��o de inseguran�a. Decidiu falar sobre o assunto quando a m�dia local soube do plano de presos condenados por ele. “Quis mostrar que isso n�o � espec�fico de capitais, no interior tem a mesma dimens�o, a mesma capacidade que tem l� fora”, diz. Ele reclama da falta de infraestrutura dos f�runs no interior, onde, segundo afirma, n�o costumam contar com sistema de seguran�a adequado.

Como est� a sua situa��o em Te�filo Otoni?

Estou na comarca h� seis anos. De l� para c�, julgamos muitos integrantes de crime organizado, ligados ao tr�fico de drogas. Te�filo Otoni � uma cidade que fica entre duas fronteiras: Esp�rito Santo e Bahia. � rota do tr�fico de droga. Implantamos um sistema novo de investiga��o na regi�o e dezenas de pessoas foram condenadas. Como estou h� um bom tempo na mesma vara criminal, numa cidade que n�o � t�o grande, h� uma exposi��o natural. Todo mundo sabe quem � o juiz criminal. O que a gente ouve � que isso (o plano de execut�-lo) ocorreu pelo rigor das puni��es. Sou conhecido como juiz linha dura. N�o me considero juiz linha dura. Sou justo, dentro do que a lei possibilita.

O senhor chegou a ser amea�ado?

N�o. Isso � o mais preocupante. Porque muitos colegas podem estar na mesma situa��o e n�o sabem que est�o correndo esse perigo.

Como ficou sua rotina?

Assim que surgiu o boato, pedi para se apurar imediatamente. A Pol�cia Civil e a Corregedoria de Justi�a entraram no caso, investigando e me dando o suporte necess�rio, como escolta. Deve ter uns 50 dias que descobri e meu dia a dia mudou. A rotina ficou limitada. A falta de tranquilidade e a neurose s�o muito acentuadas. Tenho fam�lia e esse � outro problema, uma vez que o Estado n�o disp�e de meios para assegurar preserva��o da fam�lia. A gente tem sa�do mais, evitando ficar na cidade.

E o medo de morrer?

As autoridades, em geral, t�m tend�ncia a acreditar que ningu�m seria capaz de atacar o Estado desse modo. Mas a gente s� tem certeza do que uma pessoa � capaz quando acontecem essas atrocidades, como no caso da ju�za no Rio de Janeiro. No nosso �ntimo, a gente n�o sabe do que as pessoas s�o capazes. N�s, juizes, n�o acreditamos que a nossa profiss�o � arriscada.

O senhor pediu para ser transferido de Te�filo Otoni?

Ainda n�o refleti a respeito disso, mas acredito que n�o. Acho que devo continuar a trabalhar da mesma forma que venho trabalhando. Isso seria deixar o crime atingir seu objetivo. Talvez o objetivo n�o fosse exterminar o juiz, mas fazer com que ele deixasse a comarca por ser, em tese, mais rigoroso.

O senhor sugere alguma solu��o para evitar essa situa��o?

J� ouvi pelo menos dois debates a respeito. O primeiro � a figura do juiz oculto, como aconteceu na Col�mbia, em que a senten�a � feita por um magistrado e quem recebeu a senten�a n�o sabe quem � o juiz. E a outra alternativa seria o julgamento colegiado, por mais de um juiz, como ocorre nos tribunais em geral, como � o Tribunal do J�ri. � um julgamento com sete pessoas e � imposs�vel saber quem condenou e quem absolveu. Outra alternativa �, se for considerada a legisla��o, a amea�a a qualquer pessoa tem uma puni��o que chega a ser irrelevante. � considerado crime de baixo potencial ofensivo: a puni��o vai at� 6 meses de deten��o ou multa. O legislador tinha de trabalhar para punir com muito rigor esse tipo de crime.


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