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Estado de Minas

Agricultores questionam seguran�a de �rea onde s�o casas constru�das para desabrigados em Friburgo


postado em 14/01/2012 13:16

O agricultor Wilson Batista da Silva, 54 anos, disfar�ava o ressentimento enquanto uma escavadeira varria o seu rec�m-plantado canteiro de alface. Ainda pequenos, os p�s de alface foram retirados, assim como sua estufa de mudas e os equipamentos de irriga��o, que v�o dar lugar a 2.166 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida para desabrigados das chuvas, no distrito de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo, na Regi�o Serrana do Estado do Rio.

Um ano depois das chuvas que deixaram cerca de 900 mortos em enchentes e deslizamentos de terra, no ver�o passado, a obra come�ou a sair do papel nessa semana. Al�m das casas com dois quartos, banheiro e cozinha, cada unidade habitacional incluir� churrasqueira, parquinho para crian�as e quadra de futebol. No entanto, moradores e agricultores da localidade avaliam que o terreno n�o � seguro para o empreendimento por incluir duas nascentes, um c�rrego e pontos de queda de barreiras.

"Lembro que, na �ltima trag�dia (em 2011), o lado de baixo do terreno, perto do c�rrego, ficou alagado com mais de 1,5 metro de �gua. Teve tamb�m pelo menos duas quedas de barreira que ainda d� para ver", disse o comerciante Weder Pereira, 34 anos, sobre o terreno de 172 mil metros quadrados. "Isso, na minha opini�o, � �rea de risco", completou. A obra � feita pela construtora Odebrecht, com investimentos da Caixa Econ�mica Federal e do governo do estado.

Quem tamb�m levanta d�vidas sobre a viabilidade do projeto � um agricultor descendente de japoneses, que preferiu n�o ser identificado. O terreno dele, onde est� prevista a constru��o da �rea de lazer do condom�nio, que ainda n�o foi desapropriado, "fica facilmente encharcado". "� um solo muito fr�gil. Todo buraco que voc� fura aqui, sai �gua", revelou. "N�o acho que � bom para construir casa. � meio perigoso, se voc� for ver l� em cima, � todo rachado", estima.

Produtor de br�colis e couve-flor, o nissei n�o se recusa a sair, mas quer negociar uma indeniza��o. "J� procurei o Minist�rio P�blico [Estadual]. Eles est�o sabendo at� que o pessoal (da obra) entrou aqui ontem [um dia antes do in�cio da obra] sem minha autoriza��o, para colocar placas ", disse ele, a dois passos do seu canteiro de bambu, que, na cultura milenar japonesa, simboliza, ironicamente, a “resist�ncia”. "Hoje, pediram desculpas. Falaram que foi engano", completou.

O agricultor Wilson Batista, que arrendava o terreno do futuro condom�nio, tamb�m quer uma indeniza��o. Mesmo sabendo do empreendimento h� tr�s meses, n�o foi avisado oficialmente sobre o in�cio da obras e viu sua produ��o ser destru�da em uma manh�. "� um choque. Ainda n�o sei o que vou fazer, se vou parar, se vou continuar plantando. N�o sei", disse emocionado.

A Secretaria Estadual de Obras garante que as interven��es de seguran�a ser�o feitas na obra. O vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pez�o, acrescentou que foi muito dif�cil encontrar um terreno em condi��es adequadas para o empreendimento em Friburgo, e o de Conselheiro Paulino foi escolhido entre os 40 avaliados. Depois, contou que para a desapropria��o, que custou cerca de R$ 1 milh�o, foi preciso enfrentar uma batalha judicial. "Nenhuma desapropria��o foi amig�vel aqui", admitiu.

A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, respons�vel pela licen�a ambiental, emitida em uma semana, garantiu que "todos os aspectos do terreno foram analisados, considerados e o projeto est� adequado". "Quando o licenciamento entrou, todas essas [40] �reas foram vistoriadas e foi feita a an�lise da viabilidade. Quando foi pedida a licen�a, a� sim, fizemos em uma semana, porque j� t�nhamos feito a pr�-viabilidade", esclareceu.

Entre aqueles que tamb�m precisar�o sair para dar lugar �s casas populares, est� uma fam�lia que trabalhava na planta��o destru�da. Um dia antes da obra, os moradores, que n�o quiseram se identificar, foram acordados por um caminh�o da Odebrecht para retirar a mudan�a, mas eles se recusaram a sair dali. Aconselhados a ir para um abrigo, "passaram o dia chorando", segundo contou um vizinho.


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