Acusado do assassinato de Elo� Cristina Pimentel, em outubro de 2008, e outros 11 crimes, Lindeberg Alves foi condenado, nessa quinta-feira, a 98 anos e 10 meses de pris�o, mas deve ficar atr�s das grades por pouco mais de 27 anos. O c�lculo considera a legisla��o brasileira que n�o permite que ningu�m fique preso por mais de 30 anos, o tempo m�nimo para a progress�o do regime fechado para o aberto (dois quintos no caso de homic�dio e um sexto para os demais crimes) e leva em conta que o acusado j� est� preso h� tr�s 3 anos e quatro meses.
Com experi�ncia nos dois lados dos tribunais, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que foi assistente de acusa��o no caso Suzane Richtofen e advogado de defesa do juiz Nicolau dos Santos Neto, acredita que o bom comportamento de Lindemberg na pris�o possa ajud�-lo a diminuir a pena na segunda inst�ncia. O temperamento calmo apresentado durante o j�ri, na avalia��o do criminalista, n�o parecia premeditado. “N�o h� nenhum dado de que ele fosse explosivo ou violento. Ent�o, passados quase quatro anos do crime, a impress�o que d� � que ele se apresentou como realmente �”, destaca Toron.
Condena��o
A seten�a foi divulgada ontem �s 19h52, depois de quatro dias de julgamento. A Justi�a de S�o Paulo condenou Lindemberg Alves Fernandes a 98 anos e 10 meses de pris�o, al�m de 1.320 dias-multa (que somam cerca de R$ 20 mil). O rapaz de 25 anos que assassinou a ex-namorada Elo� Pimentel, na �poca com 15 anos, depois de mant�-la em c�rcere privado por 100 horas foi considerado culpado por 12 crimes. Al�m de matar Elo�, pesaram sobre Lindemberg duas tentativas de homic�dio (contra Nayara Pimentel, amiga da garota, e o policial Atos Valeriano), c�rcere privado das duas meninas e mais dois amigos, e quatro disparos de arma de fogo. Na senten�a, a ju�za afirma que Lindemberg “agiu com frieza, premeditadamente, em raz�o de orgulho e ego�smo”.
A advogada de Lindemberg, Ana L�cia Assad, anunciou que pedir� a anula��o do j�ri nos pr�ximos cinco dias. De m�os juntas, como em uma ora��o, a m�e de Elo�, Ana Cristina Pimentel, agradeceu a senten�a. “Nunca vou ter minha filha de volta, nada vai suprir a minha dor, mas foi feita justi�a, porque ele vai ficar preso para refletir o que fez e para n�o fazer com outras pessoas”, afirmou Ana Cristina, ao destacar n�o ter perdoado Lindemberg.
Para decidir, os jurados receberam perguntas sobre os 12 crimes aos quais Lindemberg foi julgado. As sete pessoas tiveram que dizer se houve cada um dos delitos e se ele era o autor ou teve participa��es no crime. Outras perguntas, que poderiam levar ao aumento ou a absolvi��o da pena, foram feitas em seguida. Segundo a decis�o do j�ri, Lindemberg teve a inten��o de matar Elo�.
A tentativa de mostrar o contr�rio era a principal linha de atua��o da defesa do acusado, que pedia condena��o por homic�dio culposo (sem inten��o). “Ele n�o � marginal ou um criminoso. Os senhores (jurados) s�o pessoas de bem, assim como Lindemberg. (…) Ele confessou que atirou em Elo�. Lindemberg � apaixonado por Elo�”, completou a advogada. De acordo com a defensora, Lindemberg estaria sendo acusado por crimes que n�o cometeu: “N�o vou pedir a absolvi��o dele. Ele errou, tomou as decis�es erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez”.
Novo processo
A promotora Daniela Hashimoto, por outro lado, definiu Lindemberg como um rapaz “mentiroso, manipulador e dissimulado”: “� esse rapazinho, bonzinho, coitadinho, arrependido, que veio aqui pedir perd�o. Ele fez um pedido sincero em frente � m�dia, mas � uma pessoa que simula e � dissimuladora”. A promotora referia-se ao pedido de perd�o feito por Lindemberg em seu depoimento. Logo depois do julgamento, Daniela disse que um novo processo em rela��o ao “porte de arma pret�rito” poder� ser ingressado contra Lindemberg. Isso porque o acusado disse, em julgamento, que portava ilegalmente uma arma para se defender de amea�as de morte que estaria recebendo.
A ju�za Milena Dias requisitou ao Minist�rio P�blico que apure a declara��o dada pela advogada de defesa, Ana L�cia Assad, que, ao ter um pedido negado, disse � magistrada: “Voc� precisa voltar a estudar”. A ju�za considerou que houve crime contra a honra. A frase, segundo ela, foi proferida de “forma jocosa, ir�nica e desrespeitosa”. A proced�ncia do colete de balas usado pela advogada Ana Assad tamb�m foi questionada pela magistrada.
Os 12 crimes do r�u
Homic�dio (contra Elo�)
Duas tentativas de homic�dio (contra Nayara Rodrigues e o sargento Atos Valeriano)
Cinco ocorr�ncias de c�rcere privado (contra Elo�, Vitor Lopes, Iago Oliveira e duas vezes contra Nayara)
Quatro disparos de arma de fogo