A imigra��o ilegal de haitianos para o Brasil pode ser caracterizada hoje como tr�fico de pessoas. A avalia��o � do padre haitiano Onac Axenat estabelecido no Acre, estado que h� dois anos mais recebe imigrantes sem visto.
O mission�rio da Sociedade dos Sacerdotes de S�o Tiago (SSST), da Igreja Cat�lica, disse � Ag�ncia Brasil que os haitianos gastam at� US$ 4 mil, por pessoa, para se submeter a uma “rede de tr�fico” composta por v�rios coiotes que atuam em seu pa�s.
“Alguns [dos imigrantes] venderam tudo no Haiti. A promessa era de que receberiam sal�rios no Brasil entre US$ 1 mil e US$ 2 mil”.
Axenat chegou ao pa�s em 2010, pouco depois do terremoto que atingiu a capital haitiana, Porto Pr�ncipe, e tem atuado no apoio psicol�gico aos imigrantes ilegais. Para ele, como compatriota e sacerdote � mais f�cil fazer com que essas pessoas contem o que passaram e como chegaram ao Brasil.
Um fato que chamou a aten��o do mission�rio foi a mudan�a de postura dos haitianos que se submeteram �s viagens promovidas pelos coiotes. Ele disse que os primeiros a chegar, em 2010, eram mais “abertos e alegres”. Aos poucos eles foram se fechando e nem a ele contam o porqu� da altera��o de comportamento.
Onac Axenat disse que a �ltima vez em que esteve em Brasileia (AC), cidade fronteiri�a com a Bol�via, a �nica coisa que conseguiu ouvir dos haitianos � que tinham medo. “Padre, eu n�o posso falar nada ainda. Eu sofro” relatou um deles, segundo o padre.
Ele admitiu que os imigrantes que entram pela Bol�via s�o vulner�veis ao narcotr�fico. O sacerdote ressaltou, entretanto, que “n�o se pode fazer qualquer coloca��o negativa [sobre eles] porque n�o se sabe o que est� acontecendo”.
Para conseguir conquistar a confian�a dos imigrantes que chegaram mais recentemente, Axenat disse que precisou ser enf�tico com eles, e lembrar-lhes sua condi��o de haitiano tamb�m, o que ajudou na abertura do di�logo.
Com os olhos marejados, o mission�rio destacou que apesar do acolhimento do Brasil aos haitianos, em especial dos acrianos, v� com tristeza essa imigra��o crescente. “O Brasil acolheu muito bem o meu povo, mas o que estou esperando � que se corte esse tr�fico de pessoas”.
Onac Axenat destacou que alguns dos imigrantes t�m boa escolaridade inclusive com forma��o profissional. Para ele, depois da devasta��o causada pelo terremoto, seu pa�s precisa dessa for�a de trabalho.
“Tudo est� concentrado em Porto Pr�ncipe, tudo � centralizado na capital e o terremoto nos paralisou. O emprego n�o � f�cil, mas h� o que fazer. O Haiti � o meu pa�s e est� no meu cora��o, temos que pensar no futuro e esse futuro � estar no pa�s e faz�-lo crescer”, desabafou o p�roco.
Axenat frisou que os US$ 4 mil pagos por pessoa aos coiotes podem ser usados para se abrir um neg�cio no Haiti, especialmente no com�rcio. “Isso [a imigra��o ilegal e a situa��o dos haitianos] me faz mal”, admitiu o padre.