Moradores de assentamento em Goi�s esperam regulariza��o da �rea pelo Incra

Nos rinc�es do Brasil que ningu�m v�, a falta de acesso a servi�os p�blicos � uma mazela que afeta homens e mulheres, adultos e crian�as. N�o importa o credo ou a cor. S�o todos v�timas do abandono do Estado. “A gente ouve o povo dizer que a escravid�o acabou. Mas somos escravos desta vida sofrida", desabafa o piauiense Geraldo Ferreira de Sousa, um lavrador de 44 anos que h� nove vive sob a pior das condi��es sociais, em um assentamento rural distante cerca de 250 quil�metros da capital da Rep�blica.

Todos os dias, os dois filhos de Geraldo, uma garota de 18 anos e um rapaz de 15, acordam �s 5h da manh� e caminham tr�s quil�metros at� chegar � parada de �nibus e pegar a condu��o para a escola. No barraco de pouco mais de 10 metros quadrados em que vive a fam�lia do lavrador, n�o h� �gua encanada nem energia el�trica. Sem muros ou cercas, a propriedade � protegida por dois cachorros vira-latas, que ladram sempre que algum estranho se aproxima. “Tudo o que conseguimos � com muita dificuldade, com muita luta”, diz ele.

Sofrimento

A sensa��o de abandono � latente. Glaucio, Rob�rio e Geraldo est�o entre mais de uma centena de brasileiros de 40 fam�lias pobres que acreditavam na promessa de que, um dia, o assentamento rural Zumbi dos Palmares, hoje sin�nimo de descaso, se tornaria uma comunidade estruturada, com abastecimento de �gua pot�vel, luz el�trica e estradas asfaltadas. Em 2003, no primeiro ano de mandato do ent�o presidente Lula, essas pessoas invadiram uma fazenda abandonada distante cerca de 15km do munic�pio goiano de Simol�ndia, de 6,5 mil habitantes. A desapropria��o da terra, em 2005, pelo Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (INCRA), foi a primeira e �nica grande conquista dessa gente.