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Estado de Minas

Familiares de v�timas que est�o no CTI se agarram � esperan�a


postado em 31/01/2013 07:00 / atualizado em 31/01/2013 08:26

Santa Maria – Todos os dias elas est�o l�. Algumas com as mesmas roupas. S�o m�es que desde domingo exercitam a dureza da espera na porta de entrada do Hospital de Caridade de Santa Maria. As mesmas que se arrepiam todos os dias, exatamente na mesma hora, quando o rep�rter, ao vivo da frente do hospital, avisa para o Brasil que “h� 75 pacientes com grande risco de �bito”. � quase uma condena��o. O pior: aos poucos. Engolem seco e seguem o mart�rio. A sala da ang�stia tem nome: Centro de Terapia Intensiva (CTI). � l� que, por tr�s vezes ao dia, elas t�m o direito de olhar para os filhos por apenas cinco minutos. Nunca s�o olhadas. Descem e esperam para esperar os pr�ximos cinco minutos, que s� v�o ser poss�veis depois de nove horas.


Claudete dos Santos, 44 anos, � m�e de Maki Adriel dos Santos, de 20 anos. Ela s� vive olhando para o rel�gio. Todo dia, repete a rotina do sofrimento. Fica no hall do hospital, conversa com alguns parentes e torce para o tempo passar mais r�pido. �s 8h30, ela pode entrar no CTI para tentar abra�ar o filho, que n�o responde. Vinte minutos antes, ela j� vai para l�. “S� temos cinco minutos. � a regra para esses casos. Hoje, estou feliz. Ele balan�ou a cabe�a quando eu perguntei se me amava.” Maki � o maior orgulho de Claudete. Com muito esfor�o, o filho de m�e pobre conseguiu passar no vestibular de desenho industrial da Universidade Federal de Santa Maria. N�o aceita de jeito nenhum que a trag�dia roube isso dela. “Ele vai escapar sim. Desci agora de l�. Ele me escutou. Respondeu com a cabe�a. Agora, � esperar �s 17h30 para voltar l�.” E depois esperar o rel�gio bater 21h30 para tentar outra rea��o do filho. �s 22h, ela volta para casa.

Do lado de fora do hospital, sentado numa mureta de concreto, um agricultor de bon� passa horas olhando para o nada. Senta sempre no mesmo lugar. S� sai para fumar um cigarro no meio da rua. Falando muito baixo, responde que perdeu um irm�o de 19 anos no inc�ndio da Boate Kiss. Diz que, agora, est� sentado esperando a morte da irm� Mariza Teixeira, de 21 anos. “Os m�dicos foram honestos. Disseram que acreditavam que at� �s 18h ela poderia morrer. S� tem um 1% de chance, 1%”, repete. Ela ainda n�o morreu. De ter�a para quarta, o trabalhador rural dormiu atr�s de um vaso que fica na entrada do hospital. “N�o tenho como voltar para casa. Estou aqui esperando a hora. Vou ficar aqui at� ela morrer.”

A dona de casa Eva Regina Antunes Diolindo, de 58 anos, � tia de Fernanda Antunes, de 19 anos. Foi ao Hospital de Caridade porque algu�m disse que a sobrinha havia acabado de ser internada em estado grave. “A m�e dela mora em S�o Paulo. Ainda n�o consegui confirmar se Fernanda est� aqui mesmo. Vou agora procur�-la em outro hospital." Eva sabe o que � sofrimento. Perdeu um filho de 31 anos.


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