
Santa Maria (RS) - Passados quatro dias do inc�ndio na Boate Kiss, v�timas e parentes de pessoas que morreram estiveram nesta quinta-feira na delegacia em busca de documentos e para cobrar rigor no esclarecimento da trag�dia. "Vamos ver se futuramente os pais se unem para se apoiar e tomar providencias, porque na impunidade isso n�o pode ficar. N�o vou deixar isso passar em branco. Algu�m tem que ser responsabilizado", disse Maria Odete Campos, m�e da estudante Michele Campos, que morreu na boate.
Maria Odete e o marido, Sergio Renato Campos, foram buscar os documentos de Michele na delegacia. A garota de 18 anos cursava o segundo semestre de medicina veterin�ria na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Inconformado, o pai culpa a omiss�o das autoridades pela trag�dia. "Eu culpo 100% a prefeitura e os bombeiros pela morte da minha filha. Aquela boate n�o poderia estar funcionando de jeito nenhum! Foi falta de fiscaliza��o", disse.
Confusa e muito abalada Janete Salapata, m�e de outra aluna da UFSM, ficou emocionada ao encontrar uma sobrevivente do inc�ndio na delegacia. "Eu queria ouvir, saber como foi", disse a Patr�cia Oliveira Campos, que conseguiu sair porque estava perto da porta quando o fogo come�ou. "Isso a� � para ver a neglig�ncia dessas boates. N�o sei por que fazem uns lugares t�o fechados, sem porta para sair direito", completou Janete.
Segundo ela, antes de ir para � festa na Kiss, a filha Lauriana ligou para casa dos pais na cidade de Santo �ngelo pedindo autoriza��o. "Eu disse, filha voc� sabe que o pai n�o gosta que voc� v� a essas boates. Mas ela tinha 18 anos, era jovem, precisava se divertir", contou a m�e.
Assim como ela, o pai de Ta�se dos Santos, Tarso Santos, tamb�m n�o gostava que a filha frequentasse a boate. No entanto, ele foi pessoalmente lev�-la com mais tr�s amigas da menina. Al�m de Ta�se, duas delas morreram. "E a minha outra filha, Daniele, tamb�m costumava ir. No s�bado, ela n�o foi porque estava viajando. Sen�o, seriam duas filhas [mortas]", contou.
Os documentos e objetos recolhidos no inc�ndio est�o sendo entregues aos parentes das v�timas. Muitas das bolsas das mulheres que estavam na trag�dia continham apenas crach�s e carteiras estudantis como documentos de identidade.