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Estado de Minas

"Eu tamb�m estou ferido", diz delegado que cuida de caso em Santa Maria


postado em 31/01/2013 12:57 / atualizado em 31/01/2013 12:59

'Todos esperam um resposta. Eu afirmo que o Rio Grande do Sul vai dar esta resposta sim. Nem que eu precise dar meu sangue. As famílias das vítimas não podem ficar com esse vazio' (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
'Todos esperam um resposta. Eu afirmo que o Rio Grande do Sul vai dar esta resposta sim. Nem que eu precise dar meu sangue. As fam�lias das v�timas n�o podem ficar com esse vazio' (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Marcelo Mendes Arigony, 40 anos, desde domingo carrega todas as interroga��es de um pa�s nos ombros. O peso de uma cidade que repete todos os dias ao encontr�-lo na rua “o senhor n�o pode falhar.” A press�o � percebida nas pausas para respirar antes de responder a qualquer pergunta. Em Santa Maria, tem fama de senhor da raz�o. Mas a trag�dia tratou de desmentir. O tamanho de um absurdo chamado boate Kiss fez o delegado chorar na frente de todos. “Eu tamb�m estou ferido. Perdi uma prima.”

Pouca gente na cidade sabe, mas ele est� de f�rias. Voltaria ao trabalho amanh�. Teve de regressar domingo. De l� para c�, dormiu cinco horas. Filho de uma professora e de um delegado de pol�cia, ocupou quase todos os cargos da Pol�cia Civil. Estudou em escola p�blica e come�ou a trabalhar aos 15 anos como menor auxiliar do Banco do Brasil. � policial no �ltimo n�vel da carreira.

O delegado tem uma filha que acabou de completar 18 anos, Ana Luiza Arigony. Na quinta-feira, comemorou com ela em casa. Na sexta, Ana Luiza saiu com os amigos para festejar. Foi para a boate Absinto, dos mesmos donos da Kiss. O pai ficou em casa. Ela s� chegou de manh�. Na madrugada do domingo, Arigony foi acordado com o toque do seu celular. Era avisado naquele momento sobre o inc�ndio. Luiza estava dormindo na casa dos av�s, pais do delegado. Imediatamente, ligou para l�. Ouviu a voz da filha. Al�vio imediato. Mas tamb�m ouviu Luiza dizer que Sabrina Mendes, prima dele, havia ido para a boate. “Minha filha e os amigos s� n�o foram para a Kiss porque tinham comemorado muito na noite anterior. Chegaram de manh�. Se ela tivesse resolvido festejar no s�bado, iria para a boate.”

Em p�, em seu gabinete, em um pr�dio antigo do centro de Santa Maria, com v�rias bandeiras do Rio Grande do Sul, fica com a fala alguns segundos mais lenta ao relatar a hist�ria. Sempre responde olhando para o rep�rter que o pergunta. Mas, ao falar da filha, olhou para cima.

Ap�s se certificar de que Luiza n�o estava l�, ligou para um amigo, tamb�m delegado, para informar o que acabava de saber. “J� fui contando que estava ocorrendo um inc�ndio. Inicialmente, tive a informa��o de que havia 20 mortos. Oscar me interrompeu e perguntou: ‘e minhas tr�s filhas?’. Eu n�o soube responder. Felizmente, elas n�o estavam l�.”

Desligou o telefone e correu para a Rua dos Andradas, n�mero 1.925. Ao entrar no banheiro da boate, contou 40 corpos amontoados no ch�o. Ao dobrar, percebeu mais 80. Nos bolsos das v�timas, os chamados desesperados dos pais e amigos. Nunca um toque de celular incomodou tanto. Todos ao mesmo tempo. Sem parar. Por isso que o investigador, que j� trabalhou no Departamento de Investiga��es sobre Crime Organizado (Deic) e no Departamento Estadual de Investiga��es Sobre Narc�ticos (Denarc), ainda n�o dormiu direito.

Ontem, ao falar da miss�o, lembrou que, desde domingo, se sentou tr�s vezes com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. J� havia estado com ele outras vezes, mas sempre muito r�pido. “Ele me disse que todos esperam um resposta. Eu afirmo que o Rio Grande do Sul vai dar esta resposta sim. Nem que eu precise dar meu sangue. As fam�lias das v�timas n�o podem ficar com esse vazio. Atr�s deste delegado aqui h� um homem e um forte sentimento de respeito por todas as v�timas.”

Nesses tr�s dias de investiga��o, Arigony tem conversado com o pai, o delegado de pol�cia aposentado Luiz Ant�nio Arigony, 69 anos. “N�o � para pedir conselhos. Mas falo com ele sobre o assunto”, avisa. Professor de Direito Penal da Universidade de Santa Maria, perdeu alguns alunos na trag�dia. Ontem, arrumou um tempo e visitou um dos sobreviventes. Saiu do hospital, passou na boate onde estava ocorrendo uma reconstitui��o e depois concedeu uma entrevista coletiva �s 17h. “Pronto pessoal. Acabou a entrevista. Preciso trabalhar.”


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