
Com base em comprovantes telef�nicos inclu�dos no processo na v�spera do carnaval, os advogados Thiago Gomes Anast�cio e Marcelo Feller afirmam que Gil estava em seu escrit�rio, a 4,5 quil�metros do local do crime, na hora em que o pai foi alvejado por cinco disparos e a madrasta, por seis. Ambas as v�timas foram atingidas pelas costas na casa onde moravam em Perdizes, na zona oeste de S�o Paulo.
O caso ocorreu em 28 de mar�o de 2004. A acusa��o afirma que se trata de “bravata da defesa” e vai mostrar que Gil matou o pai e a madrasta. Segundo o promotor Rog�rio Zagallo, o estudante de Teologia que sonhava em ser padre praticou o crime por dinheiro.
O Minist�rio P�blico Estadual sustenta que, dias antes de morrer Luiz Carlos havia descoberto que o filho tinha desviado R$ 150 mil de sua produtora. Depois de uma reuni�o a portas fechadas, ele rompeu com Gil e determinou a troca das fechaduras da casa e a instala��o de c�meras de v�deo no local para prote��o da fam�lia.
Para Zagallo, o estudante premeditou o duplo homic�dio. Fez curso de tiro, pesquisou armas e impediu qualquer tipo de rea��o do casal. “Ele tinha uma (pistola) 380, arma usada no crime, como testemunhou seu s�cio. O professor da academia onde Gil fazia jiu-j�tsu disse que ele tinha condi��es f�sicas de arrombar a porta onde o pai se escondia”, afirmou o promotor.
O perfil “frio, calculista e quase psicopata do suspeito” ser� desmontado, segundo assegura a defesa, durante o julgamento. O jovem ser� apresentado como uma pessoa religiosa, apegada ao “papai e a Lel�” e inteligente a ponto de n�o planejar um crime com tantos buracos - a pol�cia diz, por exemplo, que ele descartou a arma do crime na caixa de esgoto do pr�dio onde mantinha seu escrit�rio, em Pinheiros. “Com a imprensa, os policiais constru�ram a imagem de um monstro, que n�o condiz com a personalidade de Gil Rugai”, afirma Anast�cio.
Zagallo diz que o estudante � um psicopata e amea�ou testemunhas como o s�cio que ele tinha na produtora. “Isso ocorreu depois que ele dep�s contando que Gil tinha uma arma.”
Liga��es
Mas a prova incontest�vel da inoc�ncia de Gil, segundo a defesa, estaria em duas rela��es de registros telef�nicos. A primeira lista revelaria que um dos vizinhos do casal ligou para o vigia da rua duas vezes na noite do crime. Em ambos os casos, para relatar supostos barulhos de tiro. Os contatos ocorreram entre 21h54 e 22h13, per�odo no qual a defesa sustenta que aconteceram os disparos. A segunda rela��o, com os registros do telefone fixo do escrit�rio de Gil, comprovaria que ele estava l� no momento dos disparos. No documento, consta uma liga��o dele �s 22h14 para uma amiga.
Conforme Zagallo, as liga��es feitas pelas testemunhas para os vigias ocorreram depois que as duas s�ries de disparos foram feitas. Nesses dois hor�rios, segundo relatou a testemunha ao Minist�rio P�blico, os dois j� haviam sido assassinados. “As mortes ocorreram antes das 21h30. Deu tempo para ele chegar ao escrit�rio minutos depois e fazer a liga��o”, sustenta.
Para Anast�cio e Feller, no entanto, as provas do hor�rio das liga��es s�o suficientemente fortes para anular a tese da acusa��o. Mas os advogados ainda apostam na “superficialidade dos ind�cios” apresentados pela pol�cia e pelo MPE. Eles citam, por exemplo, que a marca de p� constatada pela per�cia na porta da sala onde estava Luiz Carlos momentos antes da morte n�o � de Gil.
O promotor, no entanto, vai chamar os peritos para depor explicando por que as marcas dos p�s s�o suficientes para comprovar a autoria do crime por Gil. “A gente pediu todos os pares de sapato que o Gil Rugai tinha. Depois, conseguimos encontrar o sapato que ele usava e confrontar as marcas da sola com as da porta”, afirma o delegado Rodolfo Chiarelli J�nior, que coordenou as investiga��es policiais pelo Departamento de Homic�dios e Prote��o � Pessoa (DHPP).