Na �ltima d�cada, o Brasil viveu uma descentraliza��o da viol�ncia por armas de fogo. Estados que ocupavam posi��es entre os primeiros da lista, a exemplo de Rio de Janeiro e S�o Paulo, registraram quedas enquanto que outras unidades da federa��o, antes com �ndices reduzidos, galgaram coloca��es. � o que mostra o Mapa da Viol�ncia - Mortes matadas por armas de fogo, publicado na quarta-feira (06) pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais.
Estado com a maior taxa de mortalidade por armas de fogo em 2000 com 47 �bitos por 100 mil habitantes, o Rio de Janeiro aparece nesta edi��o do Mapa da Viol�ncia em oitavo lugar (26,4 mortes/100 mil habitantes em 2010). Sexto lugar uma d�cada atr�s S�o Paulo despencou para a 24ª posi��o em 2010, uma redu��o de 67,5%.
De acordo com Julio Jacobo Waiselfisz, soci�logo coordenador do estudo, o Brasil experimentou, entre 2000 e 2010, uma interioriza��o e uma descentraliza��o da viol�ncia por armas de fogo. "Isso � explicado por v�rios fen�menos justapostos: descentraliza��o do desenvolvimento econ�mico, que esgota um modelo centrado em grandes regi�es metropolitanas; refluxo migrat�rio e a cria��o de novos polos industriais", como Cama�ari (BA) e Suape (PE).
Como resultado, continua o soci�logo, houve uma expressiva concentra��o populacional fora das antigas �reas metropolitanas, regi�es que n�o contam com a mesma estrutura de seguran�a p�blica dos centros tradicionais. "Surgem novos polos, com estrutura do estado totalmente despreparada para as novas modalidades de viol�ncia, que foi agravada por quest�es locais", comenta Waiselfisz.
Ao mesmo tempo, os investimentos em seguran�a p�blica na �ltima d�cada, entre eles a institui��o do Fundo Nacional de Seguran�a P�blica, em 2000, priorizaram as regi�es que ocupavam a lista do ranking dez anos atr�s. "Com o fundo, come�am a mandar recursos para os estados que lideravam as mortes, o que ajudou a reduzir a viol�ncia".
Os dados do mapa mostram, por exemplo, que Alagoas, em 2000 com a nona pior taxa de �bitos por armas de fogo no Pa�s (17,5 mortes/100 mil habitantes), ocupa em 2010 o topo do ranking. J� o Par�, Bahia e Para�ba, que em 2000 ocupavam 24ª, 15ª e 16ª posi��o, respectivamente, aparecem dez anos depois na terceira, quarta e quinta coloca��o, respectivamente. "A viol�ncia deixou de ser um problema local e passou a ser nacional", conclui Waiselfisz.
O estudo considerou ocorr�ncias de tr�s tipos: �bitos acidentais por agress�o intencional de terceiros (homic�dios), autoprovocados (suic�dios) ou de intencionalidade desconhecida, "cuja caracter�stica comum foi a morte causada por uma arma de fogo".