As defensorias p�blicas do Estado e da Uni�o, o Minist�rio P�blico da Uni�o e parlamentares que participaram da negocia��o de sa�da dos ocupantes do antigo Museu do �ndio, na zona norte do Rio, anunciaram que v�o entrar com medidas legais contra o governo fluminense por abuso de poder e viol�ncia.
O defensor adiantou a estrat�gia jur�dica do processo. “Primeiramente, entraremos com provas documentais para apurar as responsabilidades,” informou. “Sem necessidade, atiraram em mim, o g�s de pimenta acertou no procurador, nos defensores, n�o faz sentido isso, a negocia��o era frut�fera”, denunciou Macedo.
O deputado estadual Marcelo Freixo saiu com os olhos vermelhos e lacrimejantes de dentro do museu. Ele classificou a atitude da Pol�cia Militar como inadmiss�vel. “A pol�cia agiu com enorme trucul�ncia e desrespeito com quem est� aqui trabalhando. N�o estou aqui desde as 4h da manh� ajudando nas negocia��es para tomar spray de pimenta na cara, para ser insultado. A pol�cia precisa acabar com essa tradi��o de viol�ncia”.
Freixo lembrou que a decis�o judicial determinava que o pr�dio fosse desocupado sem viol�ncia. Al�m disso, a desocupa��o estava ocorrendo e as crian�as e mulheres j� estavam nas vans da Secretaria Estadual de Assist�ncia Social. “Est�vamos a um detalhe de conseguir com extremo sucesso o que determina a medida judicial”.
Enquanto, do lado de dentro, os �ltimos �ndios e apoiadores eram retirados � for�a por policiais, do lado de fora, bombas de efeito moral e g�s de pimenta foram usados contra os manifestantes que haviam obstru�do a principal via da regi�o.
A imprensa tamb�m foi atingida e alguns rep�rteres passaram mal com o g�s. O fot�grafo de O Globo, Pablo Jacob, foi ferido por uma bomba de efeito moral na perna e teve a cal�a queimada. Alguns militares reagiram com for�a f�sica aos insultos de manifestantes.
O porta-voz da Pol�cia Militar, o coronel Frederico Caldas, negou que tenha havido trucul�ncia na opera��o policial, e argumentou que o uso da for�a foi feito para evitar um inc�ndio dentro do pr�dio. “Os �ndios sa�ram e os que ficaram l� alegaram que estavam fazendo uma resist�ncia cultural. Um discurso ideologizado e pol�tico. Percebemos claramente que n�o haveria mais negocia��o, principalmente quando eles colocaram fogo no pr�dio”, declarou.
O coronel disse tamb�m que houve a utiliza��o de for�a necess�ria para desobstruir as ruas, fechadas, segundo ele, por um “bando de agitadores”. Alguns manifestantes foram presos, mas o coronel n�o soube informar o n�mero de detidos.
O �ndio Kaiah, da etnia Waiwai, no Par�, estava dentro da propriedade quando a Tropa de Choque da Pol�cia Militar entrou. “A gente estava batendo o marac�, fazendo um canto de despedida da Aldeia Maracan�. Foi quando a pol�cia entrou dando tiro para cima, usando spray de pimenta, a gente j� ia sair, era o �ltimo canto, para sairmos sentindo os esp�ritos que existem aqui dentro”.
A Avenida Radial Oeste ficou interditada durante cerca de uma hora. O edif�cio, antes ocupado por cerca de 30 pessoas, agora est� sob a guarda do 4º Batalh�o, por tempo indeterminado. Alguns �ndios foram enviados para o Hotel Acolhedor Santana 2, no Centro.
Segundo a Secretaria Estadual de Assist�ncia Social, est� prevista uma visita dos �ndios a tr�s locais de moradia tempor�ria: Jacarepagu�, Bonsucesso e Visconde de Niter�i. Pela proposta do governo do estado, os �ndios podem decidir pelo recebimento do benef�cio do aluguel social, no valor de R$ 400, ou podem voltar para a aldeia de origem, com ajuda para o transporte.