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Estado de Minas

Cena do crime foi mudada no Carandiru, diz agente


postado em 16/04/2013 08:04 / atualizado em 16/04/2013 08:58

(foto: ANDERSON BARBOSA/FOTOARENA/AE )
(foto: ANDERSON BARBOSA/FOTOARENA/AE )

Corpos amontoados, sangue escorrendo pelas escadas “como cascatas”, fuzilamentos em celas fechadas, “tapetes de mortos” pelo ch�o, cenas de puro sadismo semelhantes �s dos “campos de concentra��o nazistas”. As descri��es dram�ticas das testemunhas de acusa��o come�aram a ser narradas nesta segunda-feira no primeiro dia de julgamento do Massacre do Carandiru, ocorrido em outubro de 1992, que resultou na morte de 111 presos. Na ter�a-feira (16), devem come�ar a ser ouvidas nove testemunhas da defesa.

No primeira etapa do julgamento, tr�s ex-detentos, um chefe dos agentes penitenci�rios do Carandiru e um perito, convocados pela acusa��o, deram depoimentos contundentes e descreveram a a��o de policiais atacando os presos sem serem amea�ados. Os dois primeiros ex-detentos a depor pediram para que os 24 PMs presentes (dois estavam doentes e n�o compareceram), acusados de participarem do massacre, fossem retirados da sala. As outras duas testemunhas permitiram a presen�a dos r�us.

O agente penitenci�rio Moacir dos Santos, diretor de disciplina e seguran�a do Carandiru na �poca do massacre, disse que a cena do crime foi modificada pelas autoridades e que ele e outros agentes chegaram a ser amea�ados com rev�lveres para n�o testemunharem as atrocidades contra os detentos. O perito Osvaldo Negrini Neto contou que precisou entrar escondido na cena do crime, no carro de um delegado. “Os militares disseram que n�o havia campo para a per�cia.” Depois, quando passou a fazer o trabalho da per�cia, o “local dava n�tida sensa��o de ter sido violado”. “Cada corpo tinha 4, 5 balas. Mesmo assim, n�o havia c�psulas nem proj�teis no ch�o”, recorda-se.

No primeiro depoimento, Antonio Carlos Dias teve um acesso de choro de dois minutos. Dias estava preso no Pavilh�o 9 havia pouco mais de 20 dias, condenado por assalto. Depois da entrada dos policiais, segundo se recorda, os tiros de metralhadora lembravam batidas em lata. Os detentos jogaram fora estiletes, barras de ferro e de madeira, prontos para se entregarem. N�o havia ref�ns, nem rebeli�o. Os policiais mandaram que ele deixasse a cela nu. Em seguida, Dias passou por um corredor polon�s formado por PMs que deram socos, pauladas e estocadas. No segundo andar, o grupo se deparou com um amontoado de corpos. Os presos eram obrigados a escalar os corpos para chegarem ao p�tio. “Quem ca�sse enquanto escalava, morria. Um preso na minha frente foi morto ao escalar esse amontoado de corpos.”

Marco Ant�nio de Moura, o segundo a depor, afirmou que a PM exigiu que os presos gritassem “Deus cria, a Rota mata e viva o Choque”. Ele estava no quarto andar, quando um PM colocou o cano de uma metralhadora no buraco da porta da cela e iniciou os disparos. Moura foi atingido, com um disparo de pistola 9 mil�metros que o fez permanecer por 4 meses na enfermaria.

Nos depoimentos das testemunhas, os promotores Fernando Pereira da Silva e M�rcio Friggi tentaram mostrar aos jurados que os PMs n�o agiram em leg�tima defesa nem cumpriram o estrito dever legal ao longo da opera��o. Uma das teses a ser constru�da pela advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza, � de que os PMs agiram em leg�tima defesa. Diante dos depoimentos assertivos da acusa��o, ela tentou mostrar contradi��es e falhas nas declara��es, na compara��o com narrativas feitas em 1993 durante o inqu�rito policial militar. A defesa pretende ainda desqualificar a apura��o das provas feitas no processo e apontar a impossibilidade de individualizar as a��es. Como n�o foi feita per�cia das armas, n�o se pode apontar as autorias dos disparos.


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