Um dos mais antigos aparelhos de supl�cio de negros era usado em alguns postos do extinto Servi�o de Prote��o ao �ndio (SPI), que ironicamente tinha como uma das suas principais atribui��es “n�o permitir a viol�ncia contra o �ndio”. Batizado de tronco, ele era uma adapta��o de um aparelho de tortura, usado largamente em toda a Am�rica, inclusive no Brasil, durante o per�odo da escravid�o. Al�m do tronco, era muito comum o uso de palmat�rias pelos chefes dos postos, citadas com frequ�ncia por Jader de Figueiredo em seu relat�rio. Usadas para bater na m�o dos �ndios, elas eram distribu�das pelas inspetorias regionais, como eram batizadas as nove sedes administrativas do SPI, que tinham sob sua subordina��o 130 postos localizados em terras ind�genas. S�o frequentes os relatos de �ndios mutilados pelo tronco, que consistia em duas estacas enterradas em �ngulo agudo, onde os tornozelos eram amarrados. Essas estacas depois eram dobradas e quebravam os tornozelos.
O Relat�rio Figueiredo tamb�m d� conta da exist�ncia de capatazes contratados exclusivamente para bater nos �ndios que tinham “mau comportamento”. Muitos eram amarrados, como nos antigos pelourinhos, e espancados com peda�os de pau ou chicoteados com rabo de tatu, uma esp�cie de chicote com argola no cabo e duas talas na ponta para surrar. Quem se atrevia a discordar dos chefes dos postos tamb�m podia ser preso, j� que eles tinham autonomia para castigar os �ndios.
Nem mesmo as crian�as eram poupadas das torturas, de acordo com o relat�rio. No posto Fraternidade Ind�gena, localizado na reserva da tribo Umutima, no interior do Mato Grosso, o documento cita que um �ndio de 14 anos, de nome Lalico, foi espancado e pendurado pelos pulsos. Os �ndios soltaram o garoto, que foi recapturado a mando do chefe do posto e novamente preso e espancado. Revoltada com a agress�o, a tribo amea�ou um levante e ele foi solto. No posto Cacique Doble, no Rio Grande do Sul, o �ndio Narcizinho, de apenas 7 anos, foi pendurado pelos polegares e espancado at� a morte pelos capatazes do chefe do posto, �lvaro de Carvalho.
SUPL�CIO NO TRONCO
“O tronco consiste em duas estacas enterradas em �ngulo agudo no mesmo buraco, com o v�rtice para baixo. Em cada uma delas existe um pequeno entalhe. A tortura consiste em colocar o tornozelo do �ndio e paulatinamente fechar o �ngulo, aproximando as duas pontas das estacas com o aux�lio de uma corda. Um processo muito doloroso, que se levado ao extremo poder� provocar a fratura do osso”, aponta trecho do Relat�rio Figueiredo.
'ANJO' DA DOR
Um relato d� conta de um �ndio pendurado pelos dedos polegares, pr�tica usual durante o per�odo da escravid�o no Brasil. Naquela �poca, era usado um instrumento batizado de “anjinho”, que prendia com an�is de ferro os dedos dos polegares e depois os comprimia usando uma chave ou parafuso.
C�RCERE DESUMANO
Tamb�m s�o frequentes os relatos sobre a exist�ncia de pris�es em postos ind�genas. Um deles revela que os �ndios eram presos em caixotes de madeira, com dimens�o de 2m x 1,30m com um pequeno buraco que servia para respirar. Os �ndios tamb�m eram encarcerados em buracos no ch�o, fossas com fezes e nos chamados “quartos de castigo”
ALGOZ PROFISSIONAL
Nos postos de Iva� e Nonoai, no Paran�, e no posto Guarita, no Rio Grande do Sul, denuncia o relat�rio, o inspetor regional do SPI, Acyr de Barros, tinha um funcion�rio, de nome Miguel Preto, contratado exclusivamente para bater nos �ndios. Eles eram amarrados em postes ou pendurados pelos pulsos. Tamb�m eram surrados com peda�os de pau e castigados com rabo de tatu, uma esp�cie de chicote com argola no cabo e duas talas na ponta.