O padre Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, de Bauru (SP), disse que, pelo fato de ter sido excomungado, a Igreja Cat�lica tem comportamento que pode ser comparado ao do pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), presidente da Comiss�o dos Direitos Humanos da C�mara dos Deputados, conhecido por suas declara��es preconceituosas contra os homossexuais e negros. Daniel foi excomungado pela Igreja depois de postar na internet entrevistas defendendo o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo e bissexuais.
"Essa compara��o pode ser feita. Acredito que a Igreja, com essa excomunh�o, se equipara ao pastor Feliciano, algu�m extremamente dogm�tico e fundamentalista, que est� num cargo onde deveria fazer com que os direitos humanos fossem respeitados, mas ao contr�rio, ele exclui os direitos das pessoas", comentou. Segundo padre Beto, tanto a Igreja Cat�lica quanto Feliciano "deveriam exercer o di�logo e n�o a exclus�o". Para ele, a Igreja foi contra a pr�pria ess�ncia do evangelho ao conden�-lo por ter defendido os homossexuais.
"A ess�ncia do evangelho possui Jesus Cristo como modelo e o evangelho de Jesus Cristo foi exercido com liberdade de express�o e respeito; ele amou as pessoas sem preconceito algum e nunca condenava ou exclu�a algu�m por ser diferente dos outros", disse padre Beto. Segundo o religioso, pelo comportamento da Igreja em rela��o � sua excomunh�o e �s declara��es de Feliciano, "as pessoas com tend�ncias diferentes dos heterossexuais, como bissexuais e homossexuais, al�m de serem vistas com preconceito, s�o consideradas pecadoras".
"Cristo n�o falou nada sobre sexualidade. As express�es sobre os temas sexuais na b�blia representam a mentalidade de uma �poca em que as pessoas n�o tinham condi��es de analisar a bissexualidade ou a homossexualidade. A ci�ncia evoluiu e a Igreja n�o pode fechar os olhos para o conhecimento humano, n�o pode ignorar a realidade da exist�ncia de uma diversidade sexual", diz. "A Igreja n�o pode achar que duas pessoas que se amam, que se respeitam e querem construir um mundo juntos, s�o pecadoras s� porque s�o do mesmo sexo", completou. Beto diz que vai conversar com um advogado especializado em direito can�nico para se defender.
Em nota distribu�da nesta ter�a-feira, 30, pela assessoria do bispado de Bauru (SP), o juiz-instrutor da excomunh�o diz que o ato se deu porque padre Beto n�o obedeceu aos superiores e insistiu em manter um comportamento em desacordo com as regras do sacerd�cio. Embora o bispo de Bauru, d. frei Caetano Ferrari, tenha exigido que o padre retirasse da internet os v�deos em que critica a postura da Igreja em rela��o aos temas sexuais, a nota afirma que o sacerdote n�o foi excomungado por defender os interesses dos homossexuais porque "isso n�o � mat�ria para excomunh�o na Igreja".