O pr�dio do antigo Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), atual sede da Pol�cia Civil, na capital fluminense, pode ser transformado em um memorial �s v�timas da ditadura militar. O governador do estado, S�rgio Cabral, disse hoje (8) que aguarda projeto da Comiss�o Estadual da Verdade para tombar e criar um museu no local. Cabral participou da cerim�nia de posse dos sete integrantes da comiss�o, na sede fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
"Da lista apresentada a mim, posso falar objetivamente pelo pr�dio do Dops. Vamos fazer l� um centro de mem�ria%u201D, disse Cabral, que tamb�m prometeu restaurar o im�vel. Para tombar o im�vel e fazer um museu, o governo espera que a comiss�o encaminhe um projeto. %u201CN�o poderia deixar de registrar meu total apoio � proposta de refer�ncias f�sicas � mem�ria. Isso no mundo inteiro � assim", disse e citou o Museu do Holocausto, em Berlim, na Alemanha. O ex-presidente da seccional da OAB no Rio, presidente da Comiss�o Estadual, Wadih Damous, disse que al�m do memorial no Dops, ser� prioridade do �rg�o tomar depoimentos de %u201Cperpetuadores%u201D de crimes do regime, esclarecer desparecimentos emblem�ticos como o do deputado Rubens Paiva e do estudante de direito Fernando Santa Cruz, al�m da s�rie de atentados que precederam a morte da secret�ria da OAB � �poca, Lyda Monteiro, ao abrir um pacote que explodiu. Para comprovar os crimes, a Comiss�o Estadual reunir� material j� levantado pelo Grupo Tortura Nunca Mais, documentos do Arquivo P�blico %u2013 onde ter� uma sala para trabalhar %u2013 e tamb�m depoimentos. O primeiro testemunho ser� dado dia 23 de maio pela soci�loga e ativista pol�tica Dulce Pandolfi. %u201CEla j� estava presa, j� havia sido torturada e a elegeram para uma aula de tortura. Ou seja, n�o era para punir ou tirar informa��es, era para nada%u201D, disse Damous. O relat�rio conclusivo da comiss�o deve sair em dois anos e apontar para reformas nas pol�cias e na For�as Armadas. %u201COs fatos do passado continuam acontecendo, n�o mais contra presos pol�ticos, mas tortura � algo que continua acontecendo%u201D, acrescentou. Ao incorporar reivindica��es do Coletivo RJ Verdade, Mem�ria e Justi�a, o objetivo � tamb�m mudar a denomina��o de ruas e pontes que tenham recebido nomes de generais e demais agentes do regime militar. A representante do coletivo, Ana Bursztyn Miranda, destaca, entre eles, a Ponte Costa e Silva (conhecida como Ponte Rio-Niter�i). Para ela, %u201Ca mem�ria precisa ser exposta, e esses lugares n�o podem ser usados para homenagear violadores de direitos humanos%u201D. Ana tamb�m refor�ou a revindica��o para tombar espa�os onde foram cometidos outros crimes da ditadura, como a Casa de Morte, em Petr�polis - de onde acredita-se que apenas uma presa pol�tica tenha escapado viva; a Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes- onde foram incinerados militantes, e o Est�dio Caio Martins em Niter�i, usado para manter 500 presos pol�ticos. A Comiss�o Estadual da Verdade � formada por seis pessoas: �lvaro Machado Caldas, ex-preso pol�tico, jornalista e professor da PUC-Rio; Eny Raimundo Moreira, coautora do livro Brasil: Nunca Mais e fundadora do Comit� Brasileiro pela Anistia; Geraldo C�ndido da Silva, representante da Associa��o Nacional dos Anistiados Pol�ticos (Anapap); Nadine Monteiro Borges, primeira coordenadora do Brasil na Corte Interamericana de Direiros Humanos, ex-assessora da Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica, Secret�ria Nacional de Promo��o de Direitos Humanos e assessora da Comiss�o Nacional da Verdade; Jo�o Ricardo Dornelles, ex-preso pol�tico, coordenador-geral do N�cleo de Direitos Humanos da PUC-Rio, membro fundador da C�tedra Unesco Direitos Humanos e Viol�ncia e professor de Direito da PUC-Rio; e Marcelo Cerqueira, ex-deputado federal, ex-preso pol�tico, advogado de acusados com base na Lei de Seguran�a Nacional, durante a ditadura, procurador-geral do Instituo Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).