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Estado de Minas

Rinc�es do pa�s esperam por m�dicos 'importados'

Quase 400 munic�pios do Brasil sofrem com o 'apag�o' de profissionais


postado em 19/05/2013 07:55 / atualizado em 19/05/2013 09:33

Nem a milagrosa cruz da matriz do morro mais alto de Santa Cruz dos Milagres, no interior do Piau�, ajuda quando a energia some e o posto de sa�de fica �s escuras. Distante 168 quil�metros de Teresina, a cidade tem aproximadamente 4 mil habitantes e integra uma lista de 397 munic�pios do Pa�s que sofrem de outro apag�o: o de m�dicos. Sem hospital e s� com um posto de atendimento b�sico, a cidade n�o tem profissionais residentes, recebe demanda de 40 casos di�rios e “importa” profissionais da capital.

“Rapaz, mande um m�dico da (sic) Cuba pra mim”, disse, na sexta-feira, 17, o prefeito Jo�o Paulo de Assis Neto (PDT), ao lembrar que o governo federal pretende trazer m�dicos estrangeiros ao Pa�s. A proposta do Minist�rio da Sa�de virou pol�mica na semana passada. Assis, por�m, apoia: “Fui o primeiro prefeito a pedir m�dico cubano”.

Para garantir atendimento em Santa Cruz, ele tem de recorrer a dois plantonistas de Teresina, que, no curto trajeto, gastam at� 3 horas na estrada para trabalhar na cidade, um centro religioso nordestino.

A prefeitura gasta R$ 9 mil mensais para um m�dico visitar a cidade por dois dias da semana. “Imagine a economia se o m�dico viesse morar aqui”, questionou o prefeito. O custo � coberto pelo programa Estrat�gia de Sa�de da Fam�lia (ESF), que repassa aos munic�pios pouco mais de R$ 10 mil por m�s para pagar uma equipe m�dica itinerante.

Como um polo regional de medicina do Nordeste, que atende a demandas de sa�de tamb�m de munic�pios do Maranh�o, Teresina exporta plantonistas. Eles viajam para atender em munic�pios como Santa Cruz e Juazeiro do Piau�, presentes na lista de cidades sem m�dicos organizada pela Confedera��o Nacional dos Munic�pios com dados do DataSUS.

Precariedade
Na quinta-feira passada, em Santa Cruz, quando a luz piscou e foi sumindo at� apagar, �s 18h45, o cirurgi�o M�rcio Ram�sio, de 35 anos, sete deles com o estetosc�pio no pesco�o, apontou para o teto da sala e disse: “Como � que um m�dico vai querer vir para o interior desse jeito?”.

Ram�sio n�o � de Santa Cruz. Ele at� gosta da cidade e tem venera��o pela religiosidade local, que atrai milhares de fi�is. “Eu mesmo, quando fiz vestibular, fiz promessa aqui para passar”, contou. Mas agora, para clinicar, ele tem de encarar a estrada e passar pelo menos uma noite da semana longe da capital onde mora com a mulher, gr�vida do primeiro filho.

Nessa realidade, Ram�sio admite que fica dif�cil cooptar profissionais de sa�de para a cidade. “Como eu sou da regi�o, gosto de trabalhar no interior”, afirmou o cirurgi�o. Na manh� de sexta-feira, 17, levou uma hora para chegar ao ponto de atendimento numa fazenda. Na v�spera, quando estava perto de encerrar seu primeiro dia do plant�o, Ram�sio e a assistente Poliana Costa ficaram, literalmente, sem energia. A luz apagou. Era o fim do expediente. Iluminado por uma l�mpada de bateria, o m�dico n�o teve outra alternativa sen�o deixar o trabalho para o dia seguinte.

Estado cr�tico
Assis n�o � o �nico prefeito a ter de buscar m�dicos na capital. Em Juazeiro do Piau�, a 260 km da capital, plantonistas cobrem a aus�ncia. “N�o temos nenhum m�dico morador”, disse a secret�ria de Sa�de, Sulema Brito. Formada em Enfermagem, ela assumiu o cargo em janeiro e a m�dica que atendia no posto saiu em mar�o. Somente h� um m�s outro profissional foi contratado, tamb�m de Teresina, para dois dias de dedica��o aos cerca de 50 casos que v�o ao posto atr�s de ajuda.

Jos� Ant�nio Cantu�ria, de 54 anos, cl�nico geral, atende em Juazeiro do Piau� duas vezes por semana. “O problema � estrutural. Tem de investir em sa�de e nos m�dicos brasileiros”, disse. “Agora est� a� essa discuss�o sobre os estrangeiros, cubanos.”

Cantu�ria diz que no Piau� h� o agravante da demanda oriunda do Maranh�o - o Estado tem a menor taxa de m�dicos para cada mil habitantes. Com 4,7 mil habitantes, Juazeiro tem outro plantonista, Martinho Delmiro, de Campo Maior, a 80 quil�metros. A falta de estrutura � uma das principais reclama��es da categoria. Um jovem m�dico, que pediu para n�o ser identificado, disse que, quando h� qualquer problema de procedimento por causa da precariedade dos postos, um processo pode recair sobre o m�dico. “Quando um paciente morre, ningu�m quer saber se n�o tinha equipamento.”


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