
A redu��o da tarifa de �nibus foi comemorada por centenas de pessoas na noite desta quarta-feira, na Avenida Paulista, em S�o Paulo. N�o como um triunfo final, mas como a primeira vit�ria de um movimento popular que dever� ser ampliado para outros temas. "T� s� come�ando" e "a tarifa abaixou, mas a luta n�o acabou" eram os coros que prevaleciam na avenida.
"Come�ou por causa dos R$ 3,20, mas n�o � s� isso; tem muita coisa para fazer ainda", disse a bailarina Luana Marques, de 22 anos. "N�o sei para onde a coisa vai virar agora, mas sei que quero me expressar, quero mudar alguma coisa. Espero que o movimento continue e se multiplique sobre outros temas mais importantes."
"Comemoramos a vit�ria, mas vamos protestar mais, sim, porque foi s� o come�o", disse a estudante Maria Waughan, de 25 anos, do Movimento Juntos. O professor Danilo Brisco, do mesmo grupo, disse que o pr�ximo tema de protesto ser� o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comiss�o de Direitos Humanos e Minorias da C�mara, que na noite anterior havia aprovado o projeto da chamada "cura gay". "Ele � uma figura que tem de ser extirpada da pol�tica brasileira; isso n�o pode continuar acontecendo. Nossa aten��o vai para ele agora", disse Brisco. Uma manifesta��o contra o deputado foi marcada para sexta-feira, na Pra�a Roosevelt.
A comemora��o pela queda da tarifa come�ou �s 20 horas em frente ao Masp, com cerca de mil pessoas, segundo a estimativa de policiais militares que fizeram a seguran�a no local. Um trecho da avenida foi fechado nos dois sentidos para permitir a comemora��o, mas metade das pessoas preferiu descer pela Rua da Consola��o at� o centro, apesar de alertas de outros manifestantes de que "ia dar confus�o".
"A pol�cia disse que podemos ficar no Masp, que n�o vai ter problema nenhum. Vamos sair daqui para tomar bala de borracha, pra qu�?", questionava Ricardo Almeida, de 21 anos, do grupo Anonymous. "A luta n�o � contra a pol�cia, � contra o sistema", afirmava, tentando convencer as pessoas a ficar.
Muitos n�o ficaram, mas o medo de um novo confronto com a pol�cia n�o se materializou. Centenas de pessoas desceram pela Rua da Consola��o, em meio ao tr�nsito, por volta das 21 horas. Policiais em motocicletas apenas acompanhavam a multid�o e paravam ou redirecionavam o tr�nsito � medida que a passeata avan�ava. Muitos motoristas buzinavam em apoio aos manifestantes e at� botavam a m�o para fora do carro, para cumpriment�-los. "Olha que legal, o Brasil parou e nem � carnaval", cantava o grupo.
"A passagem j� baixou, agora tem de levantar uma nova bandeira; no m�nimo sa�de e educa��o", disse ao Estado o caminhoneiro Antonio Justino, de 73 anos, que aplaudiu a passagem da manifesta��o pelo centro da cidade. "O mundo inteiro est� apoiando esse movimento."

Agostinho Teodoro, de 34 anos, que "liderou" a passeata espontaneamente ao longo do trajeto. "N�o sou de nenhum movimento; s� sei o que � certo e o que � errado", disse ao Estado.
Bastante emocionado, ele disse que a redu��o da tarifa era "s� a primeira batalha, para mostrar nossa for�a e fazer as pessoas nos ouvirem". As pr�ximas bandeiras do movimento popular, segundo ele, devem ser as Propostas de Emenda � Constitui��o (PECs) 33 e 37, que retiram poderes do poder Judici�rio e dos Minist�rios P�blicos. "Essas PECs n�o s�o um golpe da corrup��o, que quer derrubar o trip� da democracia", disse Teodoro.
"Me recuso a voltar para casa e deixar que as coisas continuem assim."
A redu��o da tarifa de �nibus, para ele, n�o passou de "mais uma manobra" pol�tica, j� que, segundo o discurso do prefeito Fernando Haddad, o dinheiro para cobrir o "rombo" ter� de sair de algum outro lugar. "Ele acha que a gente � tonto? Esse dinheiro que saia do sal�rio dele."