
Com a paisagem da Esplanada dos Minist�rios tomada pelo g�s lacrimog�neo e o forte odor dos sprays de pimenta no ar usados pela for�a policial de cerca de 3,5 mil homens, a manifesta��o ontem em Bras�lia registrou como �pice a invas�o do Pal�cio do Itamaraty.
Sede do Minist�rio das Rela��es Exteriores e abrigo de um acervo importante da arte brasileira, o pr�dio teve vidra�as quebradas e focos de inc�ndio nas colunas externas. A escultura Meteoro, de Bruno Giorgi, pousada sobre o espelho d’�gua, foi escalada pelos manifestantes.
A manifesta��o na Esplanada reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo a Pol�cia Militar, a partir da tarde de ontem. Como um forte esquema de seguran�a protegia o Congresso Nacional e o Pal�cio do Planalto, por volta das 20 horas parte dos manifestantes invadiu o Itamaraty. A Tropa de Choque da Pol�cia Militar foi acionada. Seguran�as do minist�rio usaram extintores de inc�ndio para quebrar a porta de vidro da parte de tr�s do pr�dio e permitir a entrada dos policiais. Logo depois, chegaram os fuzileiros navais para refor�ar o cerco aos ativistas.
Com a Esplanada tomada e alertados de que o destino final planejado pelos organizadores informais da marcha seria o Planalto, o governo mobilizou cerca de 200 homens do Batalh�o de Choque da Pol�cia do Ex�rcito, que formaram um escudo humano para proteger o Pal�cio. Assessores da presidente Dilma Rousseff acompanhavam pelas janelas do pal�cio a movimenta��o. A presidente s� deixou o Planalto por volta de 20h40.
Nos primeiros momentos de confronto, integrantes do protesto eram borrifados com sprays de pimenta pela PM e respondiam com roj�es. Mais tarde, policiais recorreram a bombas de g�s lacrimog�neo e balas de borracha.
Por volta das 22h15, o clima voltou a ficar tenso. A PM come�ou a jogar bombas de g�s no meio da multid�o para dispersar a manifesta��o, que j� durava cerca de seis horas. O grupo dispersou e tomou o caminho da rodovi�ria no lado oposto ao Congresso. No caminho, deixou um rastro de picha��es e de vandalismo, com a destrui��o de placas de tr�nsito e paradas de �nibus.
O clima de tens�o causado pelo forte esquema de seguran�a come�ou no Museu da Rep�blica, de onde a manifesta��o ganhou as ruas, por volta das 17 horas. Minutos depois, milhares de pessoas j� tomavam o gramado na frente do Congresso.
O primeiro confronto ocorreu quando manifestantes tentaram seguir para o Pal�cio do Planalto. A PM montou v�rios cord�es de isolamento e usou a Cavalaria, o batalh�o de c�es, a Tropa de Choque e at� um blindado. Policiais conseguiram barrar os manifestantes j� no primeiro cord�o, que reagiram e se dispersaram. Logo ap�s esse confronto, manifestantes se dirigiram ao Itamaraty, onde n�o havia refor�o na seguran�a.
Negocia��o Articulada pelas redes sociais, a manifesta��o n�o tem uma lideran�a �nica, o que dificultou as negocia��es das for�as de seguran�a. Conversas haviam sido feitas anteriormente para tentar convencer os l�deres a deixar a popula��o apenas no gramado na frente do Congresso, mas o “acordo” n�o foi poss�vel por causa da horizontalidade do movimento. Pac�fica em seu in�cio, a manifesta��o reuniu pessoas com os mais diferentes cartazes e bandeiras, exceto de partidos pol�ticos. Nos momentos em que integrantes do protesto jogavam roj�es em dire��o � pol�cia, muitos gritavam “sem viol�ncia” e “sem vandalismo”.
Poucos militantes da Central �nica dos Trabalhadores (CUT) e da Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE) compareceram com camisas das entidades. Durante todo o protesto, eles ficaram isolados, evitando se aproximar do grupo que abria a manifesta��o. Mas n�o ocorreram rea��es hostis aos militantes.
Dentro do Congresso, os parlamentares esvaziaram as sess�es. Enquanto os manifestantes j� ocupavam o gramado do Congresso Nacional, o presidente interino da C�mara dos Deputados, Andr� Vargas (PT/PR), disse que a preocupa��o da seguran�a era proteger o patrim�nio e a integridade f�sica dos manifestantes e por isso o contingente foi refor�ado.
� noite, manifestantes acenderam fogueiras com peda�os de papel�o, cabos de bandeiras e cartazes pelo gramado do Congresso e nas duas pistas da Esplanada dos Minist�rios. Um toldo montado pr�ximo do Minist�rio da Sa�de foi incendiado. O fogo foi apagado por uma equipe do Corpo de Bombeiros. (Colaboraram Rafael Moraes Moura, Daiene Cardoso e Ricardo Della Coletta). As informa��es s�o do jornal