M�dicos espanh�is alertam sobre meta eleitoral no Brasil

Os m�dicos espanh�is garantem que n�o ser�o a solu��o para os problemas da sa�de no Brasil e temem que, por press�o pol�tica, o governo acelere medidas para atrair profissionais como uma meta “mais direcionada �s elei��es do que para resolver a quest�o da sa�de no Pa�s”. Quem faz o alerta � o Conselho Geral do Col�gio de M�dicos da Espanha, que nesta semana negocia os termos de um acordo com o governo brasileiro e, amanh� em Madri, apresentar� ao ministro da Sa�de, Alexandre Padilha, as condi��es que exigem para que a oferta de trabalho do Brasil seja considerada.

O grupo n�o descarta o interesse. Mas quer certas garantias. A principal � que as condi��es de infraestrutura dos hospitais para onde esses m�dicos ser�o levados sejam informadas com detalhes, com o n�mero de leitos, quantidade de funcion�rios, recursos e acesso a rem�dios. “N�o queremos ser enganados”, disse ao Estado o m�dico Fernando Rivas, respons�vel do conselho pelas negocia��es com o Brasil. Pelo projeto brasileiro, os m�dicos estrangeiros n�o precisariam passar por exames. Mas teriam contratos limitados a alguns anos e teriam de escolher entre seis cidades oferecidas pelo governo, todas no interior ou em regi�es pobres.

Nessa quarta-feira, o governo iniciou a promo��o do projeto em uma turn� que come�ou em Santiago de Compostela. Coube ao secret�rio de Gest�o do Trabalho, Mozart Sales, fazer a apresenta��o, se reunir com a conselheira de Sa�de da Gal�cia, Rocio Mosquera, e visitar a Faculdade de Medicina. Segundo ele, desde ter�a-feira, cerca de 50 pessoas procuraram informa��es sobre o projeto, que espera atrair 7 mil m�dicos estrangeiros. Sales completa a viagem nesta semana com encontros em Barcelona e Madri, depois de j� ter passado por Lisboa.

A oferta � vista com desconfian�a entre os m�dicos espanh�is. Segundo eles, o que o governo apresenta nas palestras � apenas o dado demogr�fico das cidades, n�vel de renda e principais problemas de sa�de. Mas n�o os recursos que garantam hospitais na regi�o. “Os m�dicos espanh�is n�o s�o a solu��o para as quest�es de sa�de no Brasil”, declarou Rivas.

“Podemos ajudar. Mas, pelas condi��es que nos foram apresentadas n�o acredito que mais de uma centena de m�dicos na Espanha aceite ir ao Brasil. N�o haver� uma onda de m�dicos daqui indo para o Brasil, isso eu posso garantir.” Rivas passou os �ltimos dois dias em conversas com a delega��o do Minist�rio da Sa�de que est� na Espanha, que receber� visita do ministro Padilha hoje (11) e amanh� (12).

Vagas

Segundo o conselho, o governo j� informou que cerca de 94 munic�pios ter�o vagas abertas e que as chamadas ser�o realizadas a cada 40 ou 60 dias. Os sal�rios seriam de cerca de R$ 10 mil, considerado “bom” para os espanh�is. Mas Rivas, apesar de ver o projeto de uma forma positiva, alerta que isso n�o ser� suficiente para o programa funcionar. “O que mais nos preocupa � a falta de informa��o sobre as cidades para onde esses m�dicos ser�o mandados”, explicou Rivas.

“Queremos saber quantas ambul�ncias o hospital tem e quais equipamentos. O que n�o queremos � publicidade enganosa. Os m�dicos espanh�is t�m hoje a chance de ir ao Catar, � Alemanha e ao Reino Unido e, em cada um desses casos, podem ligar e saber exatamente qual a situa��o. Queremos a mesma coisa do Brasil, mesmo que a informa��o n�o seja boa. Mas pelo menos que seja a verdadeira.”

Google A delega��o do governo brasileiro chegou a causar surpresa entre os respons�veis da Espanha quando sugeriu que procurassem as cidades no Google. Rivas admite que a situa��o econ�mica na Espanha � das mais graves e que 2 mil m�dicos j� deixaram o Pa�s nos �ltimos 12 meses e 3,3 mil est�o desempregados. Por isso, ele n�o descarta que “os mais desesperados” considerem a proposta brasileira.