
Dispensado pelos organizadores da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) por ter virado um lama�al, o terreno em Guaratiba, na zona oeste do Rio, onde o evento seria encerrado ontem pelo papa ser� transformado em um conjunto habitacional do programa "Minha Casa, Minha Vida" chamado "Campo da F� do Papa Francisco". O an�ncio foi feito pelo arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, na missa de envio, em Copacabana, e confirmado pelo prefeito Eduardo Paes.
"O fato � que a Igreja investiu muitos recursos ali e isso n�o poderia ser desperdi�ado. S� os donos da �rea se beneficiariam. A Prefeitura vai desapropriar a �rea pela via judicial e vamos fazer com o Instituto dos Arquitetos do Brasil um concurso para ali fazer um bairro popular para os mais pobres", escreveu o prefeito.
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Veja a galeria de fotos dos fi�is em Copacabana
Paes explicou que a desapropria��o via judicial � uma forma de garantir a correta avalia��o do terreno, incluindo nos c�lculos o investimento do comit� organizador da JMJ na prepara��o da �rea - mas sem contabiliz�-lo como ativo do terreno e, sim, como "doa��o" da Igreja.
O prefeito n�o estimou o valor a ser investido no novo bairro. "Se tivesse acontecido o evento l�, o investimento da Igreja tinha se justificado. Mas como ele n�o aconteceu, eu vi o d. Orani muito angustiado", ele disse.
Paes reconheceu a falta de boas condi��es de moradia em Guaratiba - um dos bairros de �ndice de Desenvolvimento Humano mais baixos do Rio, 118º lugar em 126 regi�es pesquisadas -, citou a constru��o do BRT TRansoeste (corredor de �nibus que liga a zona oeste a bairros da zona norte) como exemplo de investimentos e afirmou que a Prefeitura investir� em infraestrutura para o novo bairro, como saneamento, escolas e cl�nicas da fam�lia.
Anunciado como a "terra prometida" da JMJ em novembro de 2012, o terreno de Guaratiba, de 1,7 milh�o de metros quadrados, foi preparado durante cinco meses. N�o p�de ser usado para a missa campal e a vig�lia ap�s dias de chuva incessante no Rio. As atividades foram ent�o transferidas para Copacabana.
O uso do terreno est� sendo investigado pelo Minist�rio P�blico, por se tratar de uma �rea de Prote��o Permanente. Suspeita-se de loteamento irregular, aterro clandestino e presen�a de mil�cia na regi�o. Parte do terreno teria entre os donos o empres�rio Jacob Barata Filho, um dos principais donos de empresas de �nibus do Rio. Ontem, Paes negou que houvesse irregularidades no licenciamento ambiental do terreno.
Gastos - A Prefeitura fez a dragagem dos rios e obras no entorno, e os organizadores da JMJ arcaram com os custos de terraplanagem e constru��o de estruturas. Os dois gastos s�o mantidos em sigilo (apenas s�o revelados os custos totais: R$ 26 milh�es p�blicos e R$ 300 milh�es da JMJ). A �rea � de manguezal, e, por ficar abaixo do n�vel do mar e pr�xima a um rio assoreado, sempre houve a possibilidade de grande ac�mulo de �gua.
Na missa deste s�bado, d. Orani disse que, apesar da transfer�ncia de Guaratiba para Copacabana, a JMJ chamou a aten��o para as dificuldades da periferia da zona oeste e que sugeriu ao prefeito que a �rea virasse um bairro popular.
Paes aproveitou tamb�m para melhorar sua nota para a organiza��o geral da JMJ. Se no in�cio da semana o prefeito havia dito que "era mais perto de zero do que de dez", no domingo ele considerou que "est� mais pr�xima de dez". "Perdemos as primeiras batalhas, mas ganhamos a guerra", afirmou. Segundo ele, "a partir de quinta-feira", tudo correu bem. O prefeito tamb�m minimizou problemas de desorganiza��o no Metr� e de escoamento do p�blico de Copacabana.