“N�o foi nada de muito surpreendente”, afirmou nessa segunda-feira, 19, o promotor de Justi�a Matheus Jacob Fialdini, do Departamento de Inf�ncia e Juventude (Deij), sobre as imagens de torturas a jovens da Funda��o Casa (ex-Febem) exibidas no domingo, 18, pelo Fant�stico, da TV Globo. Segundo o promotor, semanalmente chegam den�ncias semelhantes ao Minist�rio P�blico, � Defensoria e � Justi�a. “Elas despertam nossa aten��o, mas s�o dif�ceis de serem comprovadas”, disse.
Em junho, Fialdini havia visitado a unidade e recebeu informa��es de maus-tratos, mas teve dificuldade em obter provas. O promotor Wilson Tafner, que durante 11 anos atuou na Vara da Inf�ncia e Juventude, afirmou nessa segunda que o procedimento de tortura por parte dos funcion�rios da Funda��o Casa teria mudado, o que dificultaria a apura��o dos crimes.
Tafner declarou que, at� 2009, a viol�ncia era mais expl�cita, com uso de barras de ferro e paus com pregos na ponta, capazes de deixar os jovens com cr�nio rachado e marcas exteriores nos corpos. “Atualmente, os agressores mudaram de t�tica. Eles batem em partes do corpo que n�o deixam marca”, disse. Para lidar com a dificuldade na obten��o de provas, a t�tica usada pela promotoria � mapear as unidades e os funcion�rios que mais concentram essas reclama��es, para tentar tomar medidas na Justi�a. As visitas de quatro promotores do Deij s�o bimestrais.
A Funda��o Casa afirmou, por meio de nota, que a corregedoria vai apurar o caso. A institui��o, por�m, n�o se manifestou sobre as outras den�ncias de tortura.
Afastado
Nessa segunda, a Funda��o Casa afastou o quinto acusado de participar da sess�o de tortura na Vila Maria. Ele � coordenador de equipe na unidade e a Funda��o n�o divulgou sua identidade. Outros quatro j� haviam sido afastados no dia anterior. Segundo a reportagem da TV Globo, s�o eles o diretor da unidade, Wagner Pereira da Silva, os coordenadores de seguran�a Maur�cio Mesquita Hil�rio e Jos� Juv�ncio (que aparecem no v�deo agredindo os jovens) e o coordenador de equipe Edson Francisco da Silva, que assistiu �s agress�es. As investiga��es v�o apurar quantos foram coniventes com a tortura.
Fialdini visitou nessa segunda a unidade Jo�o do Pulo com outro promotor e dois t�cnicos. Eles ouviram 16 funcion�rios e o promotor afirmou que constatou que boa parte da m�o de obra n�o passa por cursos de capacita��o. A Funda��o Casa informou que os funcion�rios passam por capacita��o constante.
Depoimentos
A partir desta ter�a-feira, 20, ser�o ouvidos os adolescentes da unidade, incluindo os oito envolvidos no epis�dio. No s�bado, esses garotos foram transferidos para uma unidade pr�xima do Br�s. A tortura aconteceu porque eles teriam tentado fugir. Pularam a grade, mas n�o conseguiram ultrapassar o muro de 6 metros de altura.