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Estado de Minas

Mulher de Amarildo cobra localiza��o do corpo do marido durante f�rum em Minas

Elizabete Gomes da Silva participou do 1� Encontro Nacional Mulheres em Luta e falou sobre o desaparecimento do pedreiro


postado em 07/10/2013 07:32 / atualizado em 07/10/2013 07:43

Elizabete não acredita que vai encontrar o marido vivo, mas crê que haverá justiça pela morte(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil)
Elizabete n�o acredita que vai encontrar o marido vivo, mas cr� que haver� justi�a pela morte (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil)

“Traficante mata e deixa o corpo ali, para a fam�lia enterrar. Pol�cia mata e some com o corpo”. Com o desabafo, a dona de casa Elizabete Gomes da Silva, de 47 anos, cobrou ontem da Pol�cia Militar do Rio de Janeiro os restos mortais de seu marido, o pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 43 anos. H� quase tr�s meses na incerteza do destino do marido – que foi levado em 14 de julho por PMs da Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha e nunca mais foi visto –, ela falou de seu drama durante o 1º Encontro Nacional Mulheres em Luta, em Sarzedo, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. E avisou: n�o vai se calar at� que possa dar um enterro digno ao homem com quem viveu por 30 anos e com quem teve seis filhos.

Sem qualquer esperan�a de encontrar o marido vivo, Elizabete Gomes diz ter f� que a Justi�a ser� feita – o que para ela come�ou com a pris�o, na sexta-feira � noite, dos 10 militares acusados da morte do ajudante de pedreiro. “J� tive uma primeira resposta. Agora, quero os ossos do meu marido. A pior coisa � voc� ver uma pessoa sua desaparecer, morrer e voc� n�o ter como enterrar”, lamenta, com l�grima nos olhos. No pr�ximo dia 2, no feriado do Dia de Finados, os moradores da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, planejam uma homenagem a Amarildo.

Segundo ela, o caso do marido simboliza v�rios outros desaparecimentos j� ocorridos na comunidade desde a chegada da UPP. “Depois do que aconteceu, muita gente me procurou para dizer que parentes sumiram, mas tiveram medo de contar. N�o tenho medo, o morro � da gente”, argumenta Elizabete, que diz querer apenas a prote��o divina, e n�o da PM. At� porque, segundo ela, s�o v�rios os casos de agress�o por parte dos militares aos moradores da Rocinha. “Os policiais acham que, por sermos pobres e negros, a gente n�o tem poder de alguma coisa. A gente tem sim”.

Assim que o pesadelo acabar, ela planeja cobrar do poder p�blico uma indeniza��o pela morte do marido. Em primeiro lugar ela quer uma casa para morar, e na mesma Rocinha onde vive h� 30 anos. Antes de morrer, Amarildo estava reformando a casa deles, que agora est� vazia. Os filhos menores est�o morando com a tia na comunidade. Ela est� morando com os pais – que reencontrou recentemente, depois de mais de 30 anos sem not�cias.

A��O JUDICIAL
De acordo com a dona de casa, atualmente ela vive de favores e doa��es de vizinhos e amigos. “Amarildo era a coluna da casa. Ele trabalhava muito, e era ele que garantia o leite e o p�o para a fam�lia”, recorda. Elizabete tamb�m planeja entrar com uma a��o judicial contra a Prefeitura do Rio e o governo estadual. Quer garantir o futuro dos filhos, que hoje n�o conseguem mais ir � escola ou trabalhar. “A pol�cia matou a fam�lia toda. A minha e a do Amarildo”, afirma Elizabete, que pretende voltar a trabalhar como faxineira assim que tiver condi��es.

“Vou ser m�e e pai dos meus filhos. Quero trabalhar e seguir a minha vida de cabe�a erguida”, planeja a dona de casa, que se tornou a estrela do evento realizado ontem em Sarzedo. Por onde passou, recebeu o abra�o e tirou fotos com v�rias das cerca de 2 mil integrantes do Movimento Mulheres em Luta (MML), que fizeram quest�o de ouvir seu depoimento em dois audit�rios completamente lotados – em um deles, a transmiss�o foi via tel�o. As participantes do encontro tamb�m fizeram homenagens a Amarildo e � luta de Elizabete em busca do corpo do marido.

Ferido em ocupa��o

Um sargento da Pol�cia Militar ficou ferido na manh� de ontem ao ser atingido pela estrutura de um ponto de �nibus derrubada por um carro blindado da Marinha na entrada do Morro da Covanca, no Complexo Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro. O incidente ocorreu durante a ocupa��o das 12 comunidades da regi�o para implanta��o de duas novas unidades de pol�cia pacificadora (UPPs).

O policial sofreu ferimento no p� e foi levado para o hospital da Marinha Marc�lio Dias, localizado na regi�o. Segundo o porta voz da PM, tenente-coronel Cl�udio Costa, todo o conjunto de favelas foi ocupado �s 6h50. A opera��o come�ou �s 6h. O secret�rio da Seguran�a, Jos� Mariano Beltrame, afirmou que armas, carros e equipamentos de produ��o de drogas foram apreendidos. Quatros suspeitos foram detidos. N�o houve confronto.

Essas s�o as 35ª e 36ª UPPs da cidade. De acordo com a PM, a a��o beneficia mais de 20 mil moradores das 12 comunidades do Complexo do Lins e Camarista M�ier, comunidade pr�xima. Pela manh�, PMs conversaram com moradores sobre a pacifica��o da �rea e fez passeios a cavalo com as crian�as.

A ocupa��o contou com 430 PMs, cerca de 500 policiais civis, 120 homens da Pol�cia Rodovi�ria Federal e 180 fuzileiros navais em 14 blindados. O Bope fez opera��es no complexo desde o dia 20. Na ocasi�o, um subtenente foi morto e dois PMs ficaram feridos.


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