Nesses cinco meses de protestos, os notici�rios costumam separar os manifestantes entre os “democr�ticos” e os “v�ndalos, que se infiltram em passeatas pac�ficas para iniciar o quebra-quebra”. Trata-se de um engano. A chamada “t�tica black bloc”, que prega ataques ao patrim�nio e rea��o � ofensiva da Pol�cia Militar nas passeatas, foi fundamental para o sucesso das manifesta��es de junho convocadas pelo Movimento Passe Livre (MPL).
Pr�ximos dos integrantes do MPL, os autores tentam explicar na obra como as manifesta��es de junho nasceram de dez anos de aprendizado acumulados em protestos de ruas, iniciados em 2003 em Salvador. “N�o foi um raio em c�u azul”, escreve Marcelo Pomar, para evitar qualquer conclus�o que aponte improviso e espontaneidade nas a��es do grupo.
A a��o direta e o vandalismo fizeram sentido porque estavam associados a outras estrat�gias elaboradas pelo MPL ao longo da d�cada. A defini��o de uma pauta clara, no caso a redu��o de 20 centavos da tarifa, que dependesse da vontade pol�tica do governo para ser atendida, foi uma delas. “S� abandonar as ruas quando a pauta for atendida”, era a ideia fixa.
Outra t�tica era fazer protestos colados, separados por dias, em grandes avenidas, para atrapalhar o cotidiano, desnortear as autoridades e chamar a aten��o da imprensa. Deu certo.
Para os jovens do MPL, o processo de luta era t�o importante quanto o resultado das manifesta��es. O objetivo era mostrar as possibilidade de se levar a democracia para as ruas.
