
Para os cat�licos, a morte n�o � o fim, mas a esperan�a de uma vida futura, baseada na ressurrei��o de Jesus. Os cat�licos n�o dispensam a visita �s sepulturas e planejam o ato com a prepara��o destes espa�os. Rezar e acender velas � comum, mas n�o � o mais importante, afirma o padre Josemar Pinheiro, da par�quia S�o Paulo Ap�stolo, Renascen�a II. “� preciso realizar a missa. Este � o sacrif�cio principal em inten��o dos falecidos, para que tenham seus pecados aliviados”, disse o padre. A celebra��o aos mortos � propagada na religi�o desde o s�culo XIV. Na data, al�m das igrejas, h� as programa��es nos cemit�rios. Este ano, arquidiocese n�o far� atividade, mas, as par�quias ter�o missas durante todo o dia.
Nas congrega��es evang�licas a data � considerada um dia normal, segundo o pastor da Assembleia de Deus Miss�es, do Anjo da Guarda, Melkisedec Sousa Abreu. N�o h� o h�bito de ir ao cemit�rio, acender velas ou fazer interse��es. A forma de cultuar o falecido � lembrar como a pessoa foi em vida. Com a morte, o esp�rito retorna a Deus, a alma vai aguardar para o ju�zo final podendo ou n�o viver com Cristo. “N�o h� um ritual espec�fico. Todo dia � dia de lembrar o ente”, pontua. A cerim�nia f�nebre – vel�rio e enterro - � realizada normalmente. Na data, a igreja vai evangelizar nas congrega��es e tamb�m nos cemit�rios, com distribui��o de panfletos.

Nas religi�es afro-brasileiras, o Dia de Finados tem rela��o com a ancestralidade. N�o h� cren�a na reencarna��o, mas a ideia de passagem para outro plano, representando a volta �s origens ancestrais no continente africano. Neste dia, as casas de culto fazem ritual de louva��o e invoca��o dos ancestrais fundadores do culto e a for�a denominada ‘ax�’ � renovada. “� um dia alegria, de reencontro com os entes queridos por meio de rituais espec�ficos de louva��o aos ancestrais”, explica o representante do F�rum de Religi�es Afro do Maranh�o e do Tambor de Mina, Neto de Azile. Em comemora��o � data, as casas de culto realizam programa��o fechada �s 6h, 12h, 18h e 00h. “S�o considerados hor�rios em que as portas ancestrais s�o abertas para rela��o do iniciado com sua ancestralidade”, ressalta.
A congrega��o Seicho No Ie acredita na vida eterna e n�o h� morte, pois a mat�ria – o corpo em si – n�o existe. “Assim como o bicho da seda se aloja no casulo, o esp�rito se aloja no corpo carnal. Acreditamos no esp�rito eterno, indestrut�vel e imortal”, explica a divulgadora da organiza��o, no Maranh�o Novo, Telma Helena Silva. A data � comemorada com culto aos antepassados que fazem parte da chamada �rvore geneal�gica – fam�lia e os que desencarnam. Para a organiza��o, cuidar das sepulturas � um ato de gratid�o aos que por aqui passaram. “Mas n�o oramos nas sepulturas, pois, para n�s, n�o h� nada ali. Os cultos aos que desencarnam s�o realizados na sede regional por grupos, e diariamente pelos integrantes em seus lares. Nesta data ocorre o Culto aos Antepassados, �s 9h e 15h, na Regional Maranh�o Novo. � preenchido um formul�rio com sobrenome do familiar e feita a leitura do livro sagrado.
Sentimento interno
A perda que poderia se materializar em uma eterna dor deu lugar a um sentimento de gratid�o, admira��o e esperan�a. Foi essa forma que o l�der de projetos, R�gis Gund, 40 anos, encontrou para lembrar do pai, Helmut Gund, falecido h� dois meses, aos 75 anos. N�o s� por ser Finados, como faz quest�o de frisar, R�gis lembra do pai todos os dias, indos aos lugares que frequentavam juntos e que ele tanto gostava, como as praias. Seu desejo manifestado ao filho era de que fosse cremado e parte das cinzas depositadas no mar. Assim foi.
Al�m de se confortar com essa forma de lembran�a, R�gis mant�m viva a mem�ria do pai com dores mais brandas e uma alegria crescente. “Relembro meu pai pelos momentos bons que tivemos. Essa ideia de t�mulo e l�pide n�o traz uma mem�ria boa. Prefiro lembr�-lo nos lugares em que ele se sentiu feliz”, conta. O pr�prio pai dizia que, ao chegar o momento, n�o queria ver ningu�m triste ou apegado a constru��es de concreto. “Ele sempre quis que relembr�ssemos os momentos bons ao lado dele. Em vez de ir ao cemit�rio ou se agarrar a algo material, para irmos � praia e lembrar dele sorrindo”, disse. Hoje, R�gis ir�, mais uma vez, caminhar na praia na companhia espiritual de seu querido pai.
Rituais
No Islamismo, o corpo deve ser lembrado com boas palavras e deve-se solidarizar com seus familiares e amigos; � feita ora��o em grupo, explica o presidente e chefe mission�rio da Associa��o Ahmadia do Isl� no Brasil, Wasim Ahmad Zafar. O juda�smo n�o comemora a data. Para eles, dos que morreram fica somente a lembran�a. Mas, v�o ao cemit�rio uma vez ao ano, pr�ximo do ano novo judaico, celebrado em setembro, para depositar pedras nos t�mulos, que para eles, ‘n�o murcham como as flores’. Os esp�ritas creem que ap�s a morte do corpo f�sico, o esp�rito se liberta, tornando-se verdadeiramente vivo. A religi�o prega as ora��es para os desencarnados em qualquer dia do ano, n�o s� no Finados.
Os hindus comemoram os mortos em plena fase da colheita, como a festa principal do per�odo. No Budismo, quem morre no mundo material, nasce para o mundo espiritual. No Dia de Finados, os budistas voltam � terra natal e reveem seus familiares e amigos, levando aos t�mulos dos antepassados incensos, frutas e flores. Eles s�o lembrados com ora��es no fim do Ramad� (m�s sagrado) e no Dia do Sacrif�cio (fim do per�odo de peregrina��o � Meca). Os Adventistas n�o comemoram a data e a consideram anti-b�blica. Segundo eles, n�o se deve orar pelos mortos porque a B�blia diz que, depois da morte, segue-se o ju�zo.