Somente 1,6% dos moradores de aglomerados subnormais (favelas, invas�es, assentamentos etc) tinha diploma universit�rio no Brasil, ante 14,7% da popula��o residente de outras �reas das cidades, em 2010. Os dados s�o da pesquisa �reas de Divulga��o da Amostra para Aglomerados Subnormais, lan�ada pela primeira vez nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A nova pesquisa utiliza dados do question�rio da amostra do Censo 2010, aplicado em mais de 6 mil domic�lios brasileiros para diferenciar com mais detalhes a vida nas favelas e nas demais �reas da cidade.
O pesquisador da Coordena��o de Geografia do IBGE, Maur�cio Gon�alves e Silva, lembrou que embora as desigualdades entre moradores de favelas e de outras �reas urbanas do Brasil n�o sejam novidade, a dimens�o dessas discrep�ncias sociais e educacionais foi dada pela primeira vez com o estudo.
“N�o � que todos devam ter n�vel superior, mas ver que na mesma parte da cidade pessoas que convivem no mesmo ambiente, nas mesmas ruas, t�m n�veis de escolaridade t�o diferentes mostram dois mundos em um mesmo espa�o”, comentou o pesquisador. Ele deu como exemplo os bairros da Gl�ria e de Copacabana, na zona sul da cidade, onde cerca de 50% dos moradores de favelas n�o tinham instru��o, enquanto entre os moradores de outras �reas do bairro 50% tinham n�vel superior completo.
Em rela��o aos rendimentos, 31,6% dos moradores dos aglomerados subnormais tinham rendimento domiciliar per capita at� meio sal�rio m�nimo, ante 13,8% nas outras �reas urbanas. Apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco sal�rios m�nimos, ante 11,2% nas demais �reas da cidade.
Quase 28% dos trabalhadores moradores dessas comunidades n�o tinham carteira assinada em rela��o �s outras �reas da cidade (20,5%). A exce��o foi verificada em Florian�polis, onde 10,5% dos moradores de comunidades pobres n�o tinham carteira assinada, ante 15,1% das demais �reas da cidade.
O estudo mostra tamb�m que a geladeira e a televis�o eram os bens praticamente universalizados tanto nos domic�lios irregulares quanto nas habita��es regulares. Tamb�m n�o foi verificada diferen�a na posse de motocicleta entre as duas �reas, sendo 11,3% nas demais �reas e 10,3% nos aglomerados subnormais. As desigualdades maiores foram registradas quando a pergunta era sobre posse de m�quina de lavar, computador e acesso � internet. Menos da metade dos moradores em aglomerados subnormais (41,4%) tinha m�quina de lavar, ante 66,7% dos moradores nas demais �reas; 27,8% tinham computador, em compara��o com 55,6% da popula��o das outras �reas; e 20,2% tinham computador com acesso � internet, contra 48% das demais �reas.
Ao comparar o tempo de deslocamento para o trabalho gasto por moradores de favelas com o de outras partes da cidade, a pesquisa revelou pouca varia��o entre um grupo e outro. Enquanto 19,7% dos trabalhadores brasileiros que moravam em aglomerados subnormais demoravam mais de uma hora por dia no deslocamento para o trabalho, esse percentual para quem morava em outras �reas da cidade era 19%. No Rio de Janeiro, 21,9% dos moradores de favelas levavam mais de uma hora por dia para chegar ao trabalho, enquanto nas outras �reas da cidade essa propor��o era 26,3%. Em Salvador, a diferen�a era 21,8% para os moradores de habita��es irregulares e 22,12% para as irregulares.
Em S�o Paulo, 37% da popula��o residente em aglomerados subnormais levavam mais de uma hora para chegar ao local de trabalho, em contraste com 30% dos moradores das demais �reas da cidade. No caso do Rio e de Salvador, o pesquisador ressaltou que a topografia dessas cidades colaborou para que as pessoas ocupassem �reas centrais tamb�m como estrat�gia para economizar tempo e dinheiro no percurso casa-trabalho.