Os resultados das �ltimas consultas m�dicas do soldado da Pol�cia Militar Rafael Victor de Ara�jo, 30 anos, atestam um homem saud�vel. Por isso, a morte precoce dele, ocorrida logo ap�s a prova f�sica do concurso para escriv�o da Pol�cia Civil do Distrito Federal, deixou a mulher, a dona de casa Terezinha de Jesus Lana, 29, perplexa. “Para mim, ele foi viajar. N�o caiu a ficha ainda”, resume.
Rafael morreu �s 6h30 dessa segunda-feira, no Hospital de Base. Terezinha n�o sabe explicar o que causou a morte. “Os m�dicos n�o falaram direito. Quando passou mal, estava sem ar e com as m�os roxas. Teve uma parada card�aca. Reanimaram durante quatro minutos. Entubaram, e ele ficou em coma induzido”, relata. Segundo a mulher, �s 2h30, a equipe do hospital ligou avisando que o soldado havia piorado. “Perguntaram se ele tinha alergia a algum rem�dio. N�o reagia aos medicamentos. E teve uma hemorragia muito forte. Urinou sangue, que tamb�m saiu pelo nariz e pelos olhos”, conta.
Terezinha foi com o marido at� o Col�gio Elefante Branco, na Asa Sul, onde a prova do concurso era realizada. Ficou do lado de fora, de onde avistava o companheiro correndo em determinados trechos da pista de atletismo. “Ele tinha que dar seis voltas. Nas quatro primeiras, estava bem. Nas duas �ltimas, percebi que estava muito cansado, correndo devagar. A�, veio um seguran�a e perguntou quem estava acompanhando o Rafael e disse que ele havia passado mal e estava na emerg�ncia do Hospital de Base”, lembra.
Teste de capacidade
A prova f�sica no concurso da PC tem car�ter eliminat�rio e compreende teste din�mico de barra (para homens), teste est�tico de barra (para mulheres), teste de flex�o abdominal, teste de meio-sugado (flex�o de pernas com as m�os apoiadas no ch�o) e 12 minutos de corrida. De acordo com o edital de abertura da sele��o, o candidato deve comparecer � prova de capacidade f�sica com documento de identidade original e atestado m�dico (original ou c�pia autenticada em cart�rio), em que dever� constar, expressamente, que est� apto a realizar o teste.
O documento deve ter data, assinatura, carimbo e CRM do profissional, emitido nos 30 dias anteriores � realiza��o da prova. Em nota, o Centro de Sele��o e Promo��o de Eventos da Universidade de Bras�lia (Cespe/ UNB) — banca organizadora do concurso — lamenta a morte de Rafael e ressalta que o candidato apresentou exames m�dicos que atestavam a capacidade f�sica dele para a prova f�sica.
Esclarece ainda Rafael “foi prontamente atendido, ainda no local da prova, por equipe m�dica de plant�o e por ambul�ncia equipada com o aparato necess�rio a atendimentos de urg�ncia/emerg�ncia, em todas as etapas de capacidade f�sica realizadas pela Institui��o”. Al�m disso, o organizador do concurso informa que, em cumprimento � Lei nº 4.949, de 15 de outubro de 2012, os exames f�sicos foram suspensos no per�odo entre as 11h e as 15h porque as provas eram aplicadas em ambiente aberto. Por lei, os testes f�sicos s� podem ocorrer nesse intervalo de tempo em local climatizado.
Um candidato, que n�o quis se identificar, relatou que os testes f�sicos exauriram as pessoas. “Primeiro, a gente fazia abdominais e, em seguida, o meio-sugado, que for�a muito o cora��o e deixa a pessoa esgotada. Quem estava examinando mandava o candidato repetir v�rias vezes o teste. Depois, a pessoa j� emendava na corrida. Ele (a v�tima) deve ter ficado muito cansado e n�o aguentou”, acredita.
Professor de educa��o f�sica, R�mulo de Abreu Cust�dio explica que os testes f�sicos exigidos em concursos exigem muito do candidato e ser ativo fisicamente n�o garante o sucesso na prova. Por isso, muita gente se prepara exclusivamente para a sele��o (assista ao v�deo). O personal trainer Alexandre Pereira explica que todo exame f�sico deve seguir os protocolos da �rea de educa��o f�sica. Ele concorda que o intervalo de tempo curto entre uma atividade e outra dificulta a execu��o da prova, mas ressalta que, se o candidato estiver preparado, consegue fazer.
O corpo do soldado Rafael ser� enterrado em Inhapim (MG), distante 280km de Belo Horizonte (MG), no mesmo t�mulo do pai, o juiz Di�genes de Ara�jo Netto, morto h� cerca de dois anos, v�tima de c�ncer. Rafael tinha cinco irm�os por parte de pai e era filho �nico de Jovina.