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Estado de Minas

Guerra em cadeia reflete disputa do tr�fico no Maranh�o


postado em 13/01/2014 07:41 / atualizado em 13/01/2014 07:43

As duas fac��es criminosas respons�veis pela onda de viol�ncia nas cadeias do Maranh�o tamb�m deixam v�timas do lado de fora das cadeias - e desde muito antes dos ataques vistos na semana passada. � o que mostram inqu�ritos policiais obtidos pela reportagem. Bonde dos 40 e Primeiro Comando do Maranh�o (PCM) travam desde 2009 uma guerra por pontos de drogas, aterrorizando os bairros onde se instalam. Para intimidar, jogam cabe�as de v�timas na �rea dos rivais e j� fizeram at� um funk.

A investiga��o � conduzida pelo delegado Valter Vanderley, respons�vel pela pris�o de mais de 50 integrantes desses grupos. Amea�ado pelas fac��es, ele conta que os bandidos matam os inimigos para assumir seus pontos de tr�fico.

S� no bairro Anjo da Guarda, onde atua o delegado, foram pelo menos dez homic�dios e sete tentativas em 2013. No inqu�rito, os apelidos se repetem, mostrando como se d� a guerra. Por exemplo, em 12 de fevereiro, Wanderson Oliveira, ligado a Jairo Reis Gomes, o Pixirico, do Bonde dos 40, executou em uma feira Ney Santos, do PCM. Em 26 de maio, veio o troco: Valdeci Leite, um dos seguran�as do ponto de drogas de Pixirico, foi executado por Raimundo Pereira, o Pixilau, ligado ao PCM.

O PCM surgiu ap�s o contato de presos maranhenses com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) detidos naquele Estado. De acordo com Vanderley, um dos mais violentos do grupo � Josu� dos Santos Silva, o Gaspar, suspeito de executar ou mandar matar mais de 40 pessoas. Atualmente, est� em um pres�dio federal de Mato Grosso do Sul. "Ele � homicida, ladr�o, traficante e assaltante. Fez um assalto em uma transportadora que deixou um preju�zo de mais de R$ 300 mil", diz Vanderley. Outro l�der da fac��o � Mois�s Magno Rodrigues, o Saddam, apontado como mandante de rebeli�o que teve seis mortos (quatro decapitados), em 2011. Ele tamb�m est� em pres�dio federal, em Rond�nia.

�nibus queimado

Hoje, nas contas da pol�cia, o Bonde dos 40, que surgiu no Maranh�o, est� levando a melhor na guerra das fac��es. Um dos principais l�deres do grupo foi preso no Par�, na semana passada. Filho de um policial militar, Alan Kardec Dias Mota, o Alex, responde por pelo menos tr�s homic�dios e duas tentativas de assassinato. Ele � suspeito de ter ordenado os ataques a �nibus que acabaram matando a menina Ana Clara de Sousa, de 6 anos, com 95% do corpo queimado.

Integrantes do Bonde dos 40 chegaram a pagar um m�sico para fazer um funk para intimidar a fac��o rival. "Esse � bonde periculoso, n�o corre, p... n�o treme, est� aberta a temporada de ca�a aos PCM", diz a letra.

Cada uma das fac��es usa grupos menores para marcar seu poder nos bairros. "Eles seguem descentraliza��o territorial. No bairro do Anjo da Guarda tem o Mensageiro do Inferno, ligado ao Pixirico, que � do Bonde dos 40. No mesmo bairro tem o Grupo da Proab, ligado ao PCM", afirma o delegado.

N�o � apenas com integrantes das fac��es que as quadrilhas s�o cru�is. Em 2009, a irm� gr�vida de um viciado tentou resgatar uma m�quina fotogr�fica que havia sido trocada por drogas. O traficante entregou a m�quina, mas disse: "Voc� n�o vai ficar com ela." Uma semana depois, a jovem foi baleada, perdeu o beb� e ficou parapl�gica.

Para Vanderley, a impunidade fortalece as fac��es. "O combate deveria ter come�ado assim que estavam se formando, quando come�aram a matar. Houve realmente omiss�o na investiga��o", admite. Segundo ele, h� policiais com medo dos criminosos. "O covarde deixa a sociedade desprotegida."

Fam�lia

A fam�lia de Ana Clara, que morreu ap�s ter 95% do corpo queimado, cobrou combate � viol�ncia por parte do governo, antes da missa de 7º dia, em S�o Lu�s. "Ver quem cometeu o crime contra minha filha preso alivia muito, mas n�o traz ela de volta", disse o pai, Wenderson de Sousa, de 25 anos.

A fam�lia foi � Par�quia Nossa Senhora da Concei��o vestindo camisetas com a foto de Ana Clara e do bisav�, Dasico, de 80 anos, que morreu de problemas card�acos ao saber do ataque � menina. A m�e da crian�a est� internada em Bras�lia. A Igreja Cat�lica tamb�m realizou missas em homenagem � menina em toda a capital.


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