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Estado de Minas

Respeito pela sensibilidade dos personagens era marca das obras de cineasta


postado em 03/02/2014 07:48 / atualizado em 03/02/2014 08:06

Pela c�mera de seguran�a da portaria, assistimos a Eduardo Coutinho atravessar o port�o gradeado e entrar com sua equipe. A libera��o do acesso � a primeira imagem de Edif�cio Master (2002), um dos filmes que consagraram o seu estilo austero, avesso � espetaculariza��o da realidade. Fazer do m�nimo o m�ximo. Eis a f�rmula de um cineasta que abominava f�rmulas, que estava para as imagens como Graciliano Ramos para as letras. “Coutinho sempre inovava. S� ele sabia fazer o que ele fazia: seus filmes eram sempre uma revela��o, uma novidade”, lembrou o diretor ga�cho Jorge Furtado.

As premissas dos filmes de Coutinho quase sempre partiam da simplicidade. “Filmar a vida do pr�dio durante uma semana”, anunciava, com a pr�pria (e inconfund�vel) voz, na abertura de Edif�cio Master. Os resultados, por�m, costumavam ser t�o surpreendentes quanto desconcertantes: como esquecer, nesse mesmo filme, o aposentado que se debulhava em l�grimas ao cantar My way? Ou n�o se iludir com o embaralhamento das performances de atores e an�nimos em Jogo de cena (2007)? Ou n�o se admirar com a coragem de o cineasta, j� setent�o, desembarcar no sert�o � procura de hist�rias e assumir os problemas da busca aleat�ria em O fim e o princ�pio (2005)? Este era o jeito Coutinho de fazer filmes e de ver o mundo: amplo, generoso, por vezes contradit�rio, mas sempre respeitoso com a sensibilidade de quem se posicionava diante das lentes e com a intelig�ncia dos que estavam nas poltronas.


Em obra pontuada por sucessivos acertos, as incurs�es do cineasta por temas sociais – da estreia tardia e assombrosa em Cabra marcado para morrer (1984) �s reminisc�ncias desencantadas de antigos metal�rgicos em Pe�es (2004) – e religiosos (Santo forte, outra obra-prima, vencedor do Festival de Bras�lia de 1999) mostraram um documentarista compromissado com o seu pa�s.

“N�o h� ningu�m no Brasil que possa ocupar o lugar do Coutinho. Fica o vazio. Esse era um mestre”, comentou Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus, poucas horas depois de saber do assassinato do colega. Sim, Coutinho foi �nico na arte de narrar, mas, acima de tudo, um mestre na arte de escutar: tudo porque, antes de ligar as c�meras, ele enxergava as pessoas.

Conhe�a as obras-primas de Eduardo Coutinho


Cabra marcado para morrer

(foto: Globo Vídeo/Divulgação)
(foto: Globo V�deo/Divulga��o)
No in�cio dos anos 1960, Eduardo Coutinho planejou fazer um filme de fic��o em que camponeses reencenariam a hist�ria real de Jo�o Pedro Teixeira, fundador da Liga Camponesa de Sap� (PB), assassinado a mando de latifundi�rios em 1962. O golpe militar de 1964 interrompeu as filmagens. Integrantes da equipe foram presos e outros fugiram da repress�o. Latas de filmes acabaram escondidas debaixo da cama de um general, pai do diretor David Neves. Negativos se salvaram, enviados � Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) carioca com o t�tulo A rosa do campo. A ditadura perseguiu a fam�lia do l�der paraibano – com nome falso, a mulher dele, Elizabeth Teixeira, fugiu com um dos 11 filhos para o Rio Grande do Norte, enquanto os outros tiveram de morar com parentes em v�rios pontos do pa�s. Em 1984, a produ��o foi conclu�da.

Edif�cio M�ster

(foto: Riofilme/Divulgação)
(foto: Riofilme/Divulga��o)

O document�rio conta hist�rias de vida de 37 moradores do Edif�cio Master, na Rua Domingos Ferreira, 125, em Copacabana

Jogo de cena


(foto: Riofilme/Divulgação)
(foto: Riofilme/Divulga��o)
Oitenta e tr�s mulheres, encontradas por an�ncio publicado em jornal, contaram sua vida em um est�dio. Vinte e tr�s delas foram filmadas no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. V�rias atrizes interpretam, a seu modo, as hist�rias reveladas por aquelas mulheres.


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