Maria das Dores, de 62 anos, e Daniel Coutinho, de 41, mulher e filho do cineasta Eduardo Coutinho, est�o acordados e conscientes no Hospital Municipal Miguel Couto, na G�vea, zona sul do Rio. De acordo com a Secretaria Municipal de Sa�de, o quadro de Maria das Dores e Daniel Coutinho � est�vel. Eles permanecem internados na Unidade Intermedi�ria (UI).
Vizinho
O vizinho chamado pelo filho do cineasta depois de supostamente ter matado o pai afirmou que ele estava "muito calmo" ao bater � porta. Daniel Coutinho j� teria desferido facadas na pr�pria barriga e estava "com as v�sceras saindo", conforme o morador, que prefere n�o ter a identidade divulgada, sob a justificativa de que seria criticado no pr�dio.
"Ele bateu na minha porta porque somos vizinhos de porta e temos uma rela��o amig�vel. Disse que tinha libertado o pai e a m�e e tentado se libertar, embora eles n�o entendessem isso, e que n�o era a hora dele. Daniel me pediu socorro, que eu chamasse a ambul�ncia. Eu desci para pedir ajuda ao porteiro e minha mulher conversou com ele. Ela teve a presen�a de esp�rito de se lembrar da Dora (mulher de Eduardo Coutinho), que estava gemendo num outro c�modo depois de ter escapado de Daniel, e a� os bombeiros a levaram. Ela saiu muito abalada, mas l�cida. A �ltima coisa que pediu foi pra n�o deixarem o Pedro (outro filho do casal) ver o pai morto no meio da sala."
O morador conhece a fam�lia h� 30 anos, desde que se mudou para o edif�cio, na Lagoa (zona sul). Conversava com Eduardo Coutinho sobre cinema quando se encontravam no elevador e via Dora como uma dona de casa tranquila e afetuosa. O vizinho descreveu Daniel Coutinho como "quieto". Desde crian�a, era introspectivo.
"Ultimamente, estava pior, n�o o via sair de casa h� uns tr�s ou quatro meses. S� quando aparecia na porta para receber comida pedida em restaurante. Que eu saiba, n�o trabalhava." Ele ficou chocado ao se deparar com Daniel Coutinho � porta. "Ele estava surtado, mas muito calmo. Tinha as feridas abertas e as v�sceras saindo. Fui at� a porta do apartamento com ele e ele ainda fumou um cigarro."
Dilma
A presidente Dilma Rousseff lamentou nesta segunda-feira, 3, a morte do cineasta, autor de 20 filmes, entre eles Edif�cio Master, de 2002, e 'Cabra Marcado para Morrer', de 1985. Na conta no Twitter, Dilma disse que "o Brasil perdeu seu maior documentarista". "Foi com tristeza que soube da tr�gica morte do cineasta Eduardo Coutinho, autor de Cabra Marcado para Morrer, Pe�es e Edif�cio Master. Coutinho deixava que os personagens contassem suas hist�rias com suas pr�prias palavras, criando, assim, uma rela��o direta com o espectador", escreveu.
"O Brasil e o cinema brasileiro perderam ontem (neste domingo) seu maior documentarista", acrescentou. Eduardo Coutinho nasceu em S�o Paulo em 11 de maio de 1933 e morreu neste domingo aos 80 anos, assassinado a facadas em sua casa, na zona sul da capital fluminense. De acordo com a pol�cia, Daniel Coutinho teve um surto psic�tico e assassinou o pai.