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Estado de Minas

Moradores de rua acusam prefeitura de Salvador de escond�-los dos turistas

Moradores de rua do Viaduto de Jesus, a 5km da Arena Fonte Nova, acusam a prefeitura de transferi-los para albergues para que n�o sejam vistos por turistas estrangeiros. Secret�rio afirma que abordagem est� dentro da lei


postado em 19/06/2014 13:58 / atualizado em 19/06/2014 14:03

Jone Tomas de Araújo mostra uma das
Jone Tomas de Ara�jo mostra uma das "malocas" resistentes (foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 7/6/14)
Salvador — “Eram 18 pessoas, sobraram quatro”, calcula Jone Tomas de Ara�jo Cerqueira, “mas pode me chamar de Severino faz tudo”, contando que j� foi mec�nico, eletricista, borracheiro, entregador e o que pedirem. Mas o que ele gostava mesmo era de cuidar da horta cultivada ali, entre pneus e lixo. “Aquela ali � a benzetacil”, aponta para a planta baixa e arroxeada, uma das poucas que sobraram da �ltima visita noturna feita por um grupo descaracterizado ao Viaduto de Jesus, a pouco mais de 5km da Arena Fonte Nova. De acordo com os moradores de rua do local, est� sendo feita uma “higieniza��o” na �rea por causa da presen�a dos estrangeiros que chegaram para a Copa do Mundo.

A pr�tica teria come�ado em setembro do ano passado. Guardas municipais chegam em ve�culos descaracterizados, tiram os pertences dos moradores e os conduzem a albergues ou abrigos pernoite. Aqueles que resistem levam jato d’�gua e perdem o pouco que t�m. Para a prefeitura de Salvador, trata-se de atendimento. “Eu chamo de pilantragem”, diz Jone, que saiu da casa da m�e “para n�o dar trabalho” h� 19 anos. Hoje, aos 31, venceu o crack, mas ainda quer conseguir um terreno para dar alegria � m�e, Dona Maria.

� dif�cil encontrar um morador de rua s�brio que saiba explicar, em detalhes, o que vem acontecendo entre as 2h e as 4h nas avenidas de Salvador. Muitas vezes, eles acordam com marcas de uma poss�vel surra, mas n�o conseguem dizer ao certo o que aconteceu. O fato, no entanto, � que a popula��o embaixo de viadutos diminuiu consideravelmente. Eles se escondem, com medo de serem levados. “A gente n�o pode sair nos fins de semana porque t�m muito turista na cidade”, relata um homem. Segundo ele, o mais complicado � a conviv�ncia nos abrigos. “Um quer fumar, o outro quer beber e, na abstin�ncia, ningu�m � confi�vel.”

Luiz Gonzaga, um dos l�deres do Movimento da Popula��o de Rua de Salvador, levou a reportagem do Correio a uma das “malocas” resistentes. O lugar tem cheiro de peixe e de urina, “mas n�o tenha medo, n�o”, fala Jone. A conversa acontece em uma esp�cie de sala de visitas, onde antes era o banheiro e hoje � a casa de mais um homem. Eles t�m eletricidade e �gua pot�vel, fruto de “amigos engenheiros”. A comida, geralmente sobras do mercad�o, � feita em um fog�o improvisado. Os cachorros cuidam da seguran�a, mas at� eles deixaram o local. “Eram 28, agora s�o seis”, mostra Jone.


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