
Sem gritos nem palavras de ordem, apenas ao som grave de um surdo, cerca de 100 pessoas fizeram uma manifesta��o silenciosa na orla de Copacabana na tarde deste domingo, 29. Com a praia lotada, centenas de turistas acompanharam e fotografaram o ato, que durou uma hora e meia.
O grupo esperou o intervalo dos jogos da Copa do Mundo e caminhou do Posto 5 at� o Posto 2, onde fica o Fifa Fan Fest de Copacabana. Amorda�ados, manifestantes seguravam cartazes com mensagens em ingl�s e nomes de v�timas da viol�ncia policial em favelas. � frente havia uma grande faixa com a frase "Fifa Go Home!".
No fim do ato, em frente � loja oficial da Fifa, ativistas deitaram no asfalto da Avenida Atl�ntica para simular uma chacina. Alguns manifestantes usavam camisetas amarelas com um "- 1" (menos um) na costas, abaixo do nome de jovens mortos por policiais militares. Um dos participantes, o professor de Teoria do Estado e Direito Constitucional da PUC-Rio, Adriano Pilatti, ajudou a carregar uma grande faixa com a inscri��o "Futebol nos est�dios, exterm�nio nas favelas." Para ele, o impacto do ato compensou a falta de ades�o.
"Foi impressionante. Pelas circunst�ncias, eu at� esperava rea��es de incompreens�o maiores. Na verdade, no percurso todo foram duas ou tr�s manifesta��es contr�rias, eu ouvi muito mais aplausos. Mas o que mais me impressionou foi a for�a do sil�ncio. Isso gerou uma esp�cie de defer�ncia, de respeito mesmo, generalizado e difuso", disse Pilatti. "Acho que a molecada acertou muito no tom das faixas e dos enunciados. Nesse ciclo da Copa, talvez tenha sido a manifesta��o mais acertada no seu tom e mais potente do ponto de vista da comunica��o que ela produziu. Foi uma esp�cie de grande relato em movimento, que teve um impacto que superou as minhas expectativas e compensou a falta de ades�o f�sica ao ato."
Policiais do Batalh�o de Choque acompanharam de longe a manifesta��o, sem interferir.