A diarista Elizabete Gomes da Silva, vi�va do pedreiro Amarildo Dias de Souza, assassinado no ano passado, ligou nesta quinta-feira, 10, para uma sobrinha e avisou que est� em Cabo Frio, na Regi�o dos Lagos. A informa��o foi dada pelo advogado Jo�o Tancredo, que representa a fam�lia, por volta das 18 horas.
Por enquanto os familiares n�o sabem por que ela foi at� Cabo Frio nem a raz�o de ficar tanto tempo sem dar not�cias. "S� saberemos nesta sexta", afirma o advogado. Segundo familiares, Bete, como � conhecida, estava deprimida e o estado se agravou nos �ltimos dois meses. "Ela vinha chorando muito, dizendo que queria enterrar o corpo do marido. Tamb�m dizia que iam derramar o sangue da fam�lia dela novamente", afirmou Tancredo.
A sobrinha de Bete, Michele Lacerda, confirma a situa��o. "De um tempo para c�, ela come�ou a falar muito do meu tio. Voltou a usar drogas e a beber muito. Ela saiu de casa e n�o disse para onde estava indo", disse.
A fam�lia procurou pela diarista em hospitais e no Instituto M�dico Legal, sem sucesso. Tamb�m procurou por Bete na casa da m�e dela, em Natal (RN), e em Maca�, no norte fluminense, onde moram duas filhas da diarista, m�e de oito pessoas ao todo.
Os tr�s filhos ca�ulas de Bete, Milena, de 7 anos, Alisson, de 11, e Beatriz, de 13, est�o aos cuidados do irm�o mais velho, Anderson, de 22, e de uma tia. Milena � a que ficou mais abalada, perguntando se a m�e vai desaparecer, como aconteceu com o tio Amarildo, conta Michele.
'Marcada'
A fam�lia relutou em registrar o desaparecimento na pol�cia. "Somos uma fam�lia marcada", disse Michele. Jo�o Tancredo temia que Bete estivesse perambulando, como indigente. "A a��o contra o Estado garantiu o tratamento psicol�gico, mas no posto de sa�de o atendimento � em hor�rio comercial. Ela � diarista, n�o tinha como comparecer no meio da tarde", afirmou.
Nesta segunda-feira, 14, completa um ano que Amarildo foi detido por PMs e levado para a sede da Unidade de Pol�cia Pacificadora, na favela. O Minist�rio P�blico Estadual denunciou 25 policiais militares pelos crimes de tortura, oculta��o de cad�ver, fraude processual e forma��o de quadrilha, entre eles o ent�o comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos.