Um ano atr�s, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza saiu de casa na Rocinha, comunidade da zona sul do Rio de Janeiro, detido por policiais militares da Unidade de Policia Pacificadora (UPP), e nunca mais voltou. Nessa segunda-feira (14), o desaparecimento dele foi lembrado em uma missa celebrada no bairro. Parentes e amigos esperam que o Tribunal de Justi�a d� o veredito sobre o caso, que tem 25 policiais militares acusados de tortura e do sumi�o de Amarildo, cujo corpo nunca foi encontrado. O julgamento est� na fase final.
Anderson Dias, um dos filhos de Amarildo, diz que esse um ano n�o diminuiu a tristeza e o rancor sobre a brutalidade do ocorrido. “Nunca imaginei que algu�m da minha fam�lia fosse ser assassinado assim, igual fizeram com meu pai. Ningu�m merece ter um fim desses”, declarou. Segundo as investiga��es policiais, Amarildo morreu sob tortura, na sede da UPP. Ele passou por sess�es de espancamento e sufocamento. Foi declarada morte presumida.
A fam�lia cobra indeniza��o do Estado por danos morais e materiais, al�m de tratamento psicol�gico. Como o atendimento nos postos de sa�de s�o feitos durante o hor�rio comercial, muitos parentes ficam impossibilitados de comparecer. De acordo com o advogado deles, Jo�o Tancredo, o governo do estado paga uma pens�o de R$ 724, que est� desatualizada e precisa ser revista. “Estamos com processo civil”, lembrou.
Tancredo aproveitou tamb�m para voltar a denunciar persegui��o da fam�lia de Amarildo, pela pol�cia, na comunidade, e disse que a vi�va da v�tima tem sofrido gravemente. “A Beth [Elisabeth Gomes da Silva, vi�va] e seus dois filhos mais velhos respondem todos por desacato. Querem levar os meninos para becos, n�o se sabe o porqu�, e eles reagem. J� a Beth v� um policial e pede o corpo do marido, [isso] � razo�vel.”
Anderson, entre os filhos mais jovens do ex-ajudante de pedreiro, conta que as provoca��es s�o rotina e que procura “ficar frio”. “Direto, quando os policiais nos veem jogam piadinhas, olham de cara feia, querendo que a gente erre no erro deles. Mas o lance � deixar eles provocarem e correr atr�s do nosso direito.”
O inqu�rito policial militar que investigava a conduta dos PMs no caso concluiu, h� poucos dias, que os militares devem responder ao processo na Justi�a Comum. A Corregedoria Interna, que tamb�m analisa os fatos, pode determinar, a qualquer momento, a expuls�o deles da corpora��o. A PM n�o comentou as den�ncias de persegui��o � fam�lia de Amarildo.