A proposta da Companhia de Saneamento B�sico do Estado de S�o Paulo (Sabesp) para retirar uma segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira, sem reduzir a vaz�o captada, pode deixar o n�vel do principal manancial paulista no vermelho em at� 30% para o in�cio de 2015. A concession�ria busca aval dos �rg�os gestores para captar mais 116 bilh�es de litros da reserva profunda dos reservat�rios, al�m dos 182,5 bilh�es que come�aram a ser sugados em junho e devem acabar entre outubro e novembro. Em janeiro deste ano, quando a crise da �gua foi declarada, o sistema estava no azul com 23% da capacidade.
A partir da�, a concession�ria deve iniciar a capta��o de 78,1 bilh�es de litros da Represa Atibainha, em Nazar� Paulista, com dura��o prevista at� o fim de outubro, quando come�a o per�odo chuvoso. Sem a garantia de que as chuvas voltar�o � normalidade e querendo manter a vaz�o atual de 19,7 mil litros por segundo para abastecer mais de 40% da Grande S�o Paulo, a Sabesp quer usar mais 116 bilh�es do volume morto, totalizando 298 bilh�es de litros da reserva, o equivalente a 30% do volume �til do manancial, que se esgotou no in�cio deste m�s. A proposta ainda precisa ser aprovada pela Ag�ncia Nacional de �guas (ANA) e pelo Departamento de �gua e Energia El�trica (DAEE).
Licita��o. A Sabesp j� abriu licita��o para comprar mais 19 conjuntos de bombas flutuantes e fazer um canal subaqu�tico necess�rio para retirar mais �gua do volume morto do Cantareira e do Sistema Alto Tiet�, segundo maior manancial que abastece a Grande S�o Paulo e que tamb�m passa por grave crise de estiagem.
No in�cio do m�s, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia negado que usaria mais uma cota da reserva profunda do Cantareira, embora a Sabesp j� estivesse planejando retirar mais 100 bilh�es de litros, conforme o Estado antecipou. Agora, a empresa quer aumentar em 16% a segunda cota do volume morto, que tem ao todo 400 bilh�es de litros.
Estimativas apontam que, se a vaz�o afluente, ou seja, a quantidade de �gua que chega aos reservat�rios, for 50% abaixo da m�nima hist�rica, e n�o houver redu��o no volume destinado ao abastecimento da popula��o, a segunda cota do volume morto pode acabar ainda em dezembro deste ano, o que deixaria uma crise ainda mais grave para 2015. Em julho, por exemplo, a vaz�o m�dia afluente est� 68% abaixo da pior j� registrada para o per�odo. O m�s ser� o mais seco da hist�ria do sistema, o que deve resultar em d�ficit de 51,5 bilh�es de litros, ou 5,2% da capacidade. Na m�dia, agosto e setembro costumam ser mais secos do que julho.
Risco
"O volume morto � como se fosse o cheque especial do banco. Mas, em vez de poupar e reduzir o consumo, o governo quer ampliar o limite para gastar mais. Essa fatura ficar� mais cara em 2015, porque vamos come�ar o ano no negativo. A crise ser� ainda pior", afirma o engenheiro e diretor do departamento de hidrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio Carlos Zuffo. Segundo ele, quanto mais fundo a Sabesp for buscar �gua, maior o risco de contamina��o. "A dragagem est� revolvendo muito lodo do fundo, onde ficam os poluentes, os metais pesados", completa.
O uso da segunda cota, caso seja autorizada, tamb�m deve retardar o processo de recupera��o do Cantareira. No in�cio do m�s, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que uma an�lise estat�stica mostrou que a chance de o sistema acumular entre dezembro deste ano e abril de 2015 um volume de �gua suficiente para tir�-lo da crise ap�s o t�rmino da primeira parte da reserva profunda era de apenas 25%.