A queda r�pida do n�vel da Represa Cachoeira, crucial para transferir a �gua do volume morto entre os maiores reservat�rios do Sistema Cantareira, pode colocar em xeque o abastecimento para 12 milh�es de pessoas das regi�es metropolitanas de S�o Paulo e Campinas que ainda dependem do manancial em crise.
Localizado em Piracaia, a 90 quil�metros da capital, o reservat�rio Cachoeira perdeu 67% da capacidade em um m�s e ficou com o n�vel de armazenamento pouco mais de um metro acima do limite m�nimo do t�nel que transfere a �gua por gravidade para a pr�xima represa do sistema, a Atibainha, em Nazar� Paulista.
Abaixo do t�nel, a �gua � considerada volume morto e s� pode ser transferida para o reservat�rio seguinte por meio de bombeamento, como a Companhia de Saneamento B�sico do Estado de S�o Paulo (Sabesp) tem feito desde maio nas Represas Jaguari-Jacare�, em Joan�polis, e, desde agosto, na Atibainha.
Atibainha. O problema acabou provocando um efeito cascata. Sem conseguir bombear �gua da Jaguari-Jacare�, que tem 65% do volume morto que ser� utilizado, a Sabesp foi obrigada a aumentar a retirada da Represa Cachoeira para a Atibainha. No mesmo per�odo, foi obrigada a aumentar de 1 mil para 2,5 mil litros por segundo a libera��o de �gua para o Rio Atibaia, que abastece a regi�o de Campinas.
As duas medidas, somadas � falta de chuvas, minou a estrat�gia da companhia. Em seu �ltimo plano de opera��o do Cantareira, enviado no in�cio de outubro � Ag�ncia Nacional de �guas (ANA), a Sabesp disse que manteria o n�vel do reservat�rio em Piracaia na cota 815 metros. Anteontem, contudo, o n�vel do manancial j� estava na cota 812,9 metros, que corresponde a 9% da capacidade.
Caso o n�vel chegue a 811,72 metros, a Sabesp n�o conseguir� mais passar �gua das represas Jaguari-Jacare� e Cachoeira para o Atibainha, a n�o ser por bombeamento. A empresa, no entanto, n�o fez obras para usar o volume morto em Piracaia.
Desta forma, o abastecimento de 6,5 milh�es de pessoas que recebem �gua do Sistema Cantareira na Grande S�o Paulo ficaria dependente do reservat�rio Atibainha, que j� est� operando dentro da segunda cota do volume morto.
"A transfer�ncia de �gua do Jaguari-Jacare� est� praticamente parada. Por isso, o Cacheira est� esvaziando. Eles (Sabesp) est�o fazendo um barramento no meio da Jacare� para usar a segunda parcela do volume morto, mas isso ainda deve levar uns 15 dias para ser conclu�do", explicou o engenheiro Antonio Carlos Zuffo, professor de Hidrologia da Unicamp. "Se o Atibainha continuar baixando, chegar� uma hora em que n�o ter� mais �gua para mandar para Campinas. S� restar� a �gua do Cachoeira, que j� est� pr�ximo de entrar no volume morto."
Para Francisco Lahoz, secret�rio executivo do Cons�rcio PCJ, a iminente seca da Represa Cachoeira evidencia o "colapso" do Cantareira. "� um somat�rio de situa��es, que passa pela estiagem, o aumento das temperaturas e a administra��o do recurso dispon�vel. Cada gota de �gua tem de ser gerenciada", explicou. Lahoz acompanha o sistema desde 1992 e � alarmista em rela��o ao futuro. "A partir de agora, ser� poss�vel ver o sistema entrando em fal�ncia. Corremos o risco de cair em um ponto sem volta, amea�ando a economia do Pa�s."
Limites normais. Em nota, a Sabesp descarta instalar bombas na Represa Cachoeira para captar um poss�vel volume morto. A companhia informou que est� operando "dentro dos limites normais" de opera��o do reservat�rio em Piracaia, que � o terceiro do sistema em capacidade.
A companhia disse que o volume do manancial faz parte de tudo que h� dispon�vel no Cantareira e "dentro do seu regime de opera��o, a transfer�ncia de �gua entre as represas � absolutamente normal, havendo naturais flutua��es em seus n�veis". De acordo com a Sabesp, n�o h� preju�zo na vaz�o para o PCJ.