
Luisa j� n�o trabalha como prostituta h� alguns anos. As hist�rias violentas que ela revela, contudo, est�o ligadas � profiss�o e ao mundo de riscos que cercam quem vive da noite. "Nunca gostei de me prostituir e nunca gostei de trabalhar � noite mas, infelizmente, a gente tem que 'se virar nos trinta' para sobreviver", diz ela, que atualmente se apresenta em boates e festas com um espet�culo de com�dia stand-up.
Confira em v�deo o desabafo de Luisa Marilac (cont�m palavras de baixo cal�o):
O v�deo do bord�o "se isso � estar na pior...", de 2010, j� ultrapassou a marca de 3,5 milh�es de visualiza��es. Desde ent�o, Marilac parou de fazer programas e trabalhou como coordenadora de limpeza em um hotel de S�o Paulo. Mas foi antes de tornar-se uma das celebridades de internet no Brasil que a travesti enfrentou as perdas que conta no v�deo.
Em Guarulhos, interior paulista, viu a colega de apartamento morta a tiros em uma estrada vicinal. Micaela tinha "no m�ximo 16 anos", ela recorda. "Era uma crian�a. Uma menina gentil, doce."Desaparecida ap�s ser vista embarcando no carro de um homem em ponto de prostitui��o, a jovem transexual foi executada, segundo Luisa, depois de uma rela��o sexual. "� t�o dif�cil enterrar pessoas de quem a gente gosta, principalmente com a viol�ncia e brutalidade com que s�o feitas essas coisas", reflete a comediante.
Ela mostra, em uma foto, Micaela fazendo pose ao lado de outra v�tima da viol�ncia. "Essa loira, n�s come�amos juntas no Brasil. Fomos juntas para a Europa. E eu tive que reconhecer o corpo dela" diz Luisa, segurando a imagem em que as amigas aparecem juntas. Sem mencionar nome, a mineira diz que a outra transexual na fotografia foi morta por um ladr�o que se passava por cliente.
Em meio a outros relatos, Luisa Marilac aproveita o alcance de suas palavras — conquistado gra�as � repercuss�o do viral — para espalhar um grito contra a viol�ncia. "Vivemos em um pa�s onde as pessoas maltratam, humilham, matam pelo simples prazer. Pelo simples fato de que nada vai acontecer", ela observa. Aponta ainda que a discrimina��o contra uma pessoa trans pode chegar a n�veis intoler�veis: "Tem muita travesti que se mata porque n�o aguenta. A press�o em rela��o ao homossexual � grande [mas] em rela��o ao travesti nem se compara", afirma.
Luisa ainda ressalta a necessidade de levantar a voz contra agress�es que fazem parte da rotina de pessoas transexuais. "A gente tem que aprender a gritar e reivindicar nossos direitos hoje e sempre, n�o importa onde", declara. Ela detalha humilha��es a que travestis s�o sujeitas em p�blico e explica que, para muitas, a viol�ncia se torna rea��o natural � discrimina��o. "Quando voc� v� um travesti gritar, fazer esc�ndalo, tente entender. N�o bata martelo culpando."