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Estado de Minas

Microcefalia muda rotina hospitalar no Recife


postado em 06/12/2015 10:09

Com a filha Yasmin no colo, Camila Ferreira j� dava sinais de cansa�o. Eram 9 horas da quinta-feira, o movimento dos m�dicos no Hospital Universit�rio Oswaldo Cruz, no Recife, estava ainda engrenando, mas a jornada da m�e e da filha, com suspeita de microcefalia, j� tinha come�ado havia tempo.

Elas sa�ram de casa �s 2h30, pouco antes do hor�rio marcado para a condu��o da prefeitura de sua cidade, Vit�ria de Santo Ant�o, seguir viagem com pacientes que seriam atendidos na capital. "� duro, � cansativo, mas olho do lado e vejo que n�o estou sozinha", dizia. A exemplo de Camila, mais 12 fam�lias aguardavam atendimento de seus beb�s no ambulat�rio de infectologia do hospital, refer�ncia para o tratamento de microcefalia no Estado.

Ali, o movimento � intenso durante toda a semana. No dia anterior, por exemplo, o servi�o havia atendido 15 crian�as com suspeita da m�-forma��o.

H� um m�s, os registros de microcefalia n�o chegavam a 50 no Estado. Agora, passam a casa dos 600. A suspeita, em an�lise, � de que as infec��es por zika de alguma maneira ampliam os riscos de microcefalia - em todo o Pais, s�o 1.248 casos suspeitos.

A maioria das m�es acorda ainda de madrugada para aproveitar o transporte gratuito. Ficam horas � espera do atendimento em hospitais. "A procura explodiu em pouco tempo", diz a chefe do servi�o e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Angela Rocha. "Procuramos ser �geis, mas os n�meros cresceram de uma forma que n�o pod�amos imaginar", constata o diretor de Doen�as Transmiss�veis da Secretaria Estadual de Sa�de de Pernambuco, George Dimech.

Descentraliza��o. Diante dessa situa��o, o governo do Estado decidiu descentralizar o atendimento. A partir desta semana, de dois servi�os especializados, Pernambuco passar� a contar com 23. "Mas est� tudo s� come�ando", alerta Angela. "As demandas ser�o in�meras e, com o tempo, vir�o mais."

"A tend�ncia � chegar a uns 2 mil casos at� o fim do ano. E nada indica que 2016 ser� muito diferente. O registro vai continuar", avalia o pesquisador da Fiocruz Rafael Fran�a.

Diante dessa necessidade, o sistema de sa�de ter� de ser adaptado. Uma das provid�ncias consideradas essenciais � criar programas de acompanhamento psicol�gico para pais das crian�as. Em alguns locais, isso vem sendo feito de forma espont�nea. "Mas � preciso mais", avalia Dimech.

A movimenta��o no ambulat�rio na quinta-feira revelava um pouco essa necessidade. Embora repleto de pacientes, o sil�ncio era marcante na sala de espera. "N�o se v� aquele burburinho t�pico quando se re�nem pais e beb�s", observa Maria Lucia da Silva, que acompanhava a sobrinha no hospital.

Paulo Portela, pai de Helena, que nasceu no dia 5 de outubro, sonha com um servi�o de assist�ncia para sua mulher, Nicole. "Ela est� mais quieta, chora bastante. Acho que iria ajudar."

Falando pouco e em um tom quase inaud�vel, Nicole mostra resist�ncia. "Helena � minha primeira filha. Quando ela nasceu, veio tudo junto: a alegria de ser m�e, o medo da responsabilidade. Sei que toda m�e tem isso, mas imagina o meu caso, com um beb� que tem problemas que nem os m�dicos sabem direito", desabafou. "� preciso marcar consulta com oftalmologista, com m�dico que avalia a audi��o", enumera Nicole. Sua maior preocupa��o � com o neuropediatra. "Vi que essas crian�as t�m tend�ncia a ter convuls�es", diz. E n�o havia precis�o sobre quando esses exames seriam realizados.

A m�-forma��o foi identificada quando a gesta��o caminhava para o sexto m�s. "Vou fazer de tudo para que ela tenha uma vida feliz. Filho � tudo que a gente deixa nesta vida", sentencia Paulo, de 21 anos. Quando Nicole, de 22, engravidou, o casal decidiu interromper os estudos. "Acho que agora ser� por um tempo maior. Tenho de me dedicar � Helena", afirma Nicole.

Portela diz que n�o se incomoda quando as pessoas chegam, curiosas, para ver a beb�. "O que n�o gosto � da cara de pena que uns fazem. Ela � minha filha e ter� todo amor que um pai pode dar."


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