
Apontado como respons�vel pelo aumento de casos de microcefalia no pa�s, o zika v�rus infectou ao menos meio milh�o de brasileiros neste ano, de acordo com a estimativa mais otimista do Minist�rio da Sa�de. Na previs�o mais pessimista, foi contaminado 1,4 milh�o de pessoas, segundo o Protocolo de Vigil�ncia e Resposta � Microcefalia e ao Zika, divulgado nesta ter�a-feira. O Brasil j� soma 1.761 casos suspeitos de m�-forma��o, com 19 mortes de beb�s notificadas. Para o ministro da Sa�de, Marcelo Castro, a situa��o � "grav�ssima".
O governo federal publica, pela primeira vez, uma proje��o sobre o grau de dissemina��o do zika pelo Pa�s. Embora ainda n�o existam testes em quantidade e qualidade suficientes para diagnostic�-lo e, como em 80% dos casos o paciente infectado n�o apresenta sintomas, o minist�rio fez uma proje��o com base em casos descartados de dengue - as duas doen�as t�m sintomas semelhantes - e em refer�ncias da literatura m�dica internacional. O minist�rio chegou ao n�mero m�nimo de 497.593 casos e m�ximo de 1.482.701.
Por se tratar de uma doen�a nova em territ�rio nacional, n�o havia teste de sorologia espec�fico para o zika no in�cio da epidemia e, portanto, tamb�m n�o era poss�vel, sem m�todos diagn�sticos, exigir das prefeituras a notifica��o obrigat�ria de todos os casos, como acontece com a dengue.
A estimativa foi feita considerando apenas os 19 Estados com circula��o aut�ctone (interna) do v�rus confirmada por laborat�rio. Considerando a proje��o mais conservadora, S�o Paulo � o Estado com o maior n�mero de casos estimados: 236 mil. Em seguida, aparecem Minas (54 mil), Paran� (42 mil), Cear� (38 mil) e Pernambuco (34 mil). O documento no qual constam as proje��es tamb�m estabelece diretrizes aos profissionais de sa�de e �reas t�cnicas para lidar com casos suspeitos e pacientes confirmados de microcefalia.
Professor de Infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migowski afirma que � bastante prov�vel que a proje��o do minist�rio esteja correta. "Quando verificamos que o n�mero de casos de dengue no �ltimo ver�o estava muito alto no Pa�s, eu j� levantava a hip�tese de que alguns deles poderiam estar sendo confundidos com zika", disse ele.
"Infelizmente, temos no Pa�s todos os ingredientes para a epidemia de zika: boa parte dos munic�pios tem altos �ndices de infesta��o pelo Aedes aegypti e, por se tratar de uma doen�a nova, quase 100% da popula��o est� suscet�vel a ela", completou.
Segundo o especialista, com o alto n�mero de casos estimados, � prov�vel que o Pa�s continue assistindo a um aumento de notifica��es de microcefalia.
M�-forma��o
O boletim epidemiol�gico divulgado ontem pelo minist�rio mostrou que os registros de m�-forma��o aumentaram 41% em apenas uma semana e est�o espalhados por 411 munic�pios de 13 Estados e do Distrito Federal. Pernambuco segue liderando com o maior n�mero de casos: 804.
Pelo novo protocolo, as vigil�ncias de Estados e munic�pios dever�o detectar casos n�o apenas em rec�m-nascidos, mas tamb�m monitorar gestantes com poss�vel infec��o por zika e fetos com altera��es no sistema nervoso, al�m de abortos espont�neos e nascidos mortos suspeitos de contrair o v�rus.
Campanha
Tamb�m ontem, o ministro da Sa�de participou, no Rio, do lan�amento da campanha "10 Minutos Salvam Vidas", da Secretaria Estadual da Sa�de, para incentivar a popula��o a eliminar criadouros do mosquito. Castro lembrou que o Aedes tem comportamento sazonal. "O menor n�mero na popula��o de mosquito est� ocorrendo agora. Temos praticamente dois meses para agir em terrenos baldios, piscinas abandonadas, em todo lugar que possa acumular �gua", afirmou.
Ele lembrou que os mosquitos t�m h�bitos diurnos, se escondem nas casas e atacam pelas extremidades - p�s e m�os. "S�o as mulheres que ficam com os p�s descobertos, porque, mesmo que estejam de cal�a, normalmente usam sand�lia", disse Castro.
O ministro afirmou que n�o faltar�o recursos para a��es de combate ao mosquito. "� a primeira vez que acontece na hist�ria da humanidade (microcefalia associada ao zika). Estamos aprendendo. Os cientistas s�o un�nimes em afirmar que (o surto) se espalhar� para os demais Estados, com exce��o de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por causa do clima. � uma situa��o extremamente grave. Entendo que este � o problema n�mero um que o Brasil tem hoje. E tem de ser atacado com todas as for�as, porque s�o vidas humanas que est�o em jogo."
Ontem, o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e mais seis governadores pediram � presidente Dilma Rousseff apoio das For�as Armadas e recursos financeiros para combater o Aedes.