
O ano de 2015 termina de forma melanc�lica com a destrui��o pelo fogo de um dos mais importantes patrim�nios do pa�s: o Museu da L�ngua Portuguesa, em S�o Paulo. Um simples curto-circuito, em raz�o de uma troca de uma l�mpada, pode ter sido a causa do inc�ndio que destruiu praticamente toda a edifica��o de 1901, localizada na Pra�a da Luz, com tr�s pavimentos e uma �rea de 4,3 mil metros quadrados. Todo o pr�dio foi afetado pelo fogo e pela fuma�a e ter� que ser reconstru�do.
O museu funcionava h� nove anos sem o auto de vistoria dos bombeiros e o alvar� de funcionamento da Prefeitura de S�o Paulo. O secret�rio estadual de Cultura, Marcelo Mattos Araujo, afirmou que o pr�dio tinha os equipamentos de seguran�a necess�rios, mas confirmou a aus�ncia do alvar�. “A quest�o do alvar� � complexa porque o museu est� em um pr�dio hist�rico e compartilhado com a Esta��o da Luz. O alvar� � �nico para esse grupo, esta��o e museu. Na parte do museu n�o existe alvar�, mas existem projetos que foram apresentados para os Bombeiros e foram implantados”, explicou.
O laudo preliminar do Instituto de Pesquisas Tecnol�gicas (IPT), elaborado a pedido da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), aponta que a Esta��o da Luz ter� que receber obras de conten��o para garantir a seguran�a dos cerca de 300 mil passageiros que circulam diariamente pelo local. Segundo Milton Persoli, coordenador municipal da Defesa Civil da capital, s� com as interven��es � que �rg�o vai liberar a passagem de usu�rios do sistema metroferrovi�rio. Persoli acredita que, pela caracter�stica do tipo de obra, a interven��o deva ser “razoavelmente” r�pida.
Viol�ncia sem fim
O inc�ndio no museu foi o encerramento de um ano de muitos acidentes e tamb�m de muitas perdas provocadas pela viol�ncia. Chacinas e execu��es de jovens, atos de racismo, preconceitos contra homossexuais, sem contar as in�meras trag�dias nas estradas – este foi 2015. Num dos casos mais chocantes, ocorrido em Osasco e Barueri, na Grande S�o Paulo, nada menos que 19 pessoas foram mortas e outras seis ficaram feridas em ataques feitos por 10 homens. O motivo: uma vingan�a � morte de um policial e um guarda civil naquela regi�o dias antes.
No in�cio de dezembro tamb�m, a viol�ncia policial voltou a chocar o Brasil, desta vez no Rio. Policiais Militares dispararam 111 tiros dos quais 63 atingiram o Palio branco onde estavam cinco jovens, nenhum com passagem pela pol�cia. Foram mortos Wilton Esteves Domingos J�nior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25, Cleiton Corr�a de Souza, de 18, Carlos Eduardo da Silva Souza e Roberto de Souza, ambos de 16. Mesmo desarmados, eles foram considerados suspeitos, mas apenas estavam comemorando o emprego novo de um dos amigos. O grupo foi surpreendido pelos quatro PMs na Estrada Jo�o Paulo, em Costa Barros.
Mas epis�dios violentos n�o foram protagonizados apenas pela pol�cia. Um crime b�rbaro, ocorrido em 12 de maio tamb�m mobilizou os brasileiros em busca de respostas. Quatro meninas de Castelo do Piau� (PI) foram violentadas, espancadas e jogadas de uma ribanceira para morrer, por um grupo de quatro adolescentes liderados por um maior. Tr�s das quatro meninas morreram. A justificativa para a viol�ncia seria o uso excessivo de drogas, de acordo com os acusados.
No ar e na pista Em mar�o, a viol�ncia das rodovias do pa�s ficou estampada nas manchetes com o acidente envolvendo um �nibus de turismo no Norte de Santa Catarina, que matou 51 pessoas. O ve�culo, que vinha de Uni�o da Vit�ria (PR), trafegava no sentido sul do litoral catarinense, pela rodovia SC-418, e caiu de uma ribanceira de 100 metros na Serra Dona Francisca, entre os munic�pios de Campo Alegre e Joinville. O �nibus seguia para um evento religioso em Guaratuba, no Paran�.
Longe do tr�nsito pesado das pistas, o filho do governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin Thomaz Ackimin, de 31 anos, morreu na queda de um helic�ptero em Carapicu�ba, na Grande S�o Paulo, no dia 2 de abril. Morreram tamb�m o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gon�alves, de 53 anos, e os mec�nicos Paulo Henrique Moraes, de 42, Erick Martinho, de 36, e Leandro Souza, de 34.
Racismo Outro fato que marcou 2015 foram as dezenas de den�ncias de racismo, que atingiu desde an�nimos at� artistas, modelos e jornalistas. Um dos casos de maior repercuss�o foi registrado no dia 31 de mar�o, quando um garoto negro, filho de um norte-americano de 42 anos, foi confundido por um seguran�a da loja Animale dos Jardins, em S�o Paulo, com um vendedor de rua.
No m�s seguinte, outro menino negro, desta vez na rede King Burguer, foi constrangido por um seguran�a quando se servia um refrigerante, por n�o ver sua m�e que pagava um lanche no caixa. Em maio, tamb�m numa rede de fast food , um cliente foi filmado chamando um atendente da loja de “macaco”. Em julho, foi a vez da jornalista Maria J�lia Coutinho, ser chamada de negra e fedida por internautas. As agress�es atingiram ainda as atrizes Sheron Menezes, Cris Vianna e Tha�s Ara�jo e o jogador Aranha.