
A vit�ria sobre a doen�a chegou com mais de seis meses de atraso em rela��o �s previs�es iniciais da OMS. O trabalho a partir de agora, por�m, ser� o de reconstruir tr�s pa�ses que foram colocados de joelhos diante de um surto sem precedentes. A OMS chegou a alertar que o Oeste da �frica vivia uma "guerra" e apelou a medidas dr�sticas para impedir que o resto do mundo fosse afetado.
Nos meses que se seguiram ao registro de dezembro de 2013, os casos se proliferaram e cruzaram a fronteira da Guin� para a Lib�ria e Serra Leoa, causando mais de 11,3 mil mortos, 28 mil contaminados e destruindo economias inteiras. 6 mil crian�as hoje perderam o pai, a m�e ou ambos por conta da doen�a.
Os estudos apontam que tudo come�ou com a morte de um garoto, Emile, no vilarejo de Meliandou, na �rea de floresta da Guin�. Num primeiro momento, m�dicos chegaram a ser atacados por popula��es locais, acusados de estarem infectando centenas de pessoas. Cidades inteiras foram isoladas, o Ex�rcito ocupou as ruas e os pa�ses chegaram a ser isolados do mundo.
VIGIL�NCIA
Mas o fim do surto n�o significa o fim da guerra. Os pa�ses v�o entrar agora em um per�odo de intensa vigil�ncia para que novos casos n�o apare�am. A Lib�ria, por exemplo, chegou a comemorar o fim da epidemia. Mas, em duas ocasi�es desde ent�o, novos casos foram registrados.
Os governos, agora, esperam que o fim da doen�a signifique que o com�rcio com o restante do mundo seja retomado. Pa�ses como a China passaram a impedir a entrada de pessoas da Guin�, afetando os neg�cios e derrubando um PIB j� desgastado.
Mas, desconfiados, cientistas e mesmo pol�ticos locais alertam que n�o h� tempo para festas. A OMS reconheceu h� poucos meses seu fracasso em identificar e tratar da doen�a, antes que ela tenha se espalhado. Empresas foram acusadas de n�o desenvolver vacinas e tratamentos contra a doen�a, ainda que o v�rus tenha sido conhecido e mapeado h� mais de 30 anos.
Existem ainda d�vidas sobre a resist�ncia do v�rus, depois que cerca de dez casos foram registrados desde mar�o. Num dos casos, uma crian�a poderia ter sido contaminada depois de tomar leite materno. Sua m�e havia sido uma sobrevivente do ebola.
Segundo reconheceu a pr�pria OMS, o v�rus poderia persistir em uma pessoa durante meses e transmitido pelo s�men.
Vacinas experimentais tem sido testadas, enquanto tratamentos est�o sendo desenvolvidos para erradicar os �ltimos tra�os do v�rus em pessoas que sobreviveram. At� mesmo a �ltima paciente da doen�a na Guin�, uma menina cuja m�e morreu por conta do v�rus, apenas sobreviveu gra�as a um tratamento experimental.
Reconstru��o. Para Letizia Di Stefano, coordenadora da entidade M�dicos Sem Fronteira, centenas de pessoas ainda precisar�o de apoio psicol�gico e uma campanha deve existir para permitir que os sobreviventes possam voltar a ser aceitos em suas comunidades. Um dos desafios � o de superar o estigma.
Para o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, o custo "humano e econ�mico foi enorme". "Precisamos continuar apoiando os sobreviventes e todos afetados pelo v�rus", insistiu. "O Banco Mundial vai apoiar a reconstru��o dessas economias e o fortalecimento dos sistemas de sa�de", indicou. Para ele, a meta n�o � apenas a de colocar um fim � atual crise, mas a de evitar uma nova pandemia mundial.
Um dos principais diagn�sticos da doen�a apontou que a falta de investimentos na Sa�de havia aprofundado a crise. Antes mesmo da epidemia, os pa�ses afetados estavam entre os mais pobres do mundo, com menos de 200 m�dicos atuando e com mais de 80% da popula��o sem acesso � sa�de.
Para a OMS, uma das prioridades em 2016 ser� a de fortalecer os sistemas de sa�de dos pa�ses afetados, inclusive para tratar outras doen�as e recuperar avan�os que foram anulados por conta do ebola. Apesar de classificar a data como "um marco", a OMS insiste que o trabalho n�o acabou.
