
Campe�o de notifica��es dos casos de microcefalia, com mais de 1,5 mil registros, Pernambuco foi o estado que recebeu o maior n�mero de militares na Regi�o Nordeste: mais de 7,7 mil pessoas. S�o quase 5,5 mil homens e mulheres atuando somente em Recife. Eles se unem a agentes de vigil�ncia ambiental para conscientizar a popula��o sobre o combate a focos de reprodu��o do mosquito transmissor da dengue, do v�rus Zika e da febre chikungunya, o Aedes aegypti.
Al�m de entregar panfletos em casas e estabelecimentos comerciais em �reas urbanas de 31 munic�pios do estado, os militares tamb�m atuaram na regi�o agreste de Pernambuco. Os transportadores de �gua, que usam os caminh�es-pipa para abastecer cidades atingidas pela seca, receberam aten��o especial. Na capital pernambucana, Recife, �reas de risco contaram com visitas individuais e coleta de larvas do inseto.
Uma das localidades visitadas foi a comunidade do Coque, no bairro Joana Bezerra, uma regi�o perif�rica da capital pernambucana. Como em outros locais do Recife, os moradores ficam sem �gua durante dias, o que os obriga a estocar �gua. “Vivemos um racionamento hist�rico, ent�o as pessoas n�o tem escolha. E isso cria focos do mosquito”, explica a coordenadora de Vigil�ncia Ambiental da cidade, V�nia Nunes.
A pescadora Maria de Lurdes da Silva, de 48 anos, abriu a porta de sua casa para receber os militares. A m�e dela teve dengue h� cerca de um m�s. Maria Lurdes afirmou que toma todos os cuidados para n�o criar focos de reprodu��o do mosquito, mas por causa da falta de abastecimento de �gua, toda a preocupa��o foi insuficiente.
“Dentro da minha casa est� tudo bem, mas nunca imaginava que na frente da minha casa tinha um foco. Um buraco que a gente cavou pra pegar �gua – que aqui a �gua � bem dif�cil mesmo, falta de seis a oito dias. Todo dia eu limpo o buraco, mas quando foi hoje tinha um foco dentro. Mas agora minha vigil�ncia vai ser redobrada, n�o vai ser s� dentro de casa n�o, vai ser na rua tamb�m”, promete a pescadora.
Saneamento e abastecimento
A coordenadora V�nia argumenta que � preciso melhorar a infraestrutura em comunidades como a do Coque, com coleta de lixo e abastecimento de �gua, mas faz um apelo para que as pessoas adotem cuidados mesmo diante das dificuldades: “a gente chega em v�rias casas e o dep�sito para armazenar �gua � uma garrafa PET. Ent�o a garrafa tem que ter tampa. Se eu preciso acumular �gua em um balde eu tenho que improvisar uma tampa. Ent�o pega um pl�stico, um tecido, uma lona e passa um cord�o, qualquer coisa. Mas tem que acumular �gua com seguran�a”.
V�nia Nunes explica ainda que as grandes institui��es, como empresas e �rg�os p�blicos, tamb�m precisam colaborar no combate ao mosquito, fiscalizando seus meios de produ��o e instala��es em busca de �gua parada. A coordenadora tamb�m defende que, para combater o Aedes aegypti de forma eficiente, � preciso criar uma lei que aplique uma san��o, uma penalidade, caso algu�m se negue a abrir a casa para a fiscaliza��o dos agentes.
A ministra de Desenvolvimento Social e Combate � Fome, Tereza Campello, participou das atividades em Pernambuco e esteve na comunidade do Coque. Ela defendeu que os munic�pios se empenhem em melhorar servi�os p�blicos para combater o mosquito. “� muito importante que a gente melhore a situa��o do saneamento no Brasil, de coleta de lixo, para n�o ter lixo na rua. �s vezes um saco pl�stico que est� acumulando �gua � um criadouro do mosquito. Ent�o as prefeituras, principalmente nesse momento, tem de estar se dedicando a uma coleta muito mais cuidadosa, mas sempre lembrando que dois ter�os dos criadouros est�o nas resid�ncias”, alertou.
Para a ministra, a popula��o est� mais consciente dos riscos de acumular �gua parada: “em todas as casas que visitamos as pessoas n�o tinham �gua em vasos. J� � um efeito das informa��es”. A ministra lembrou, no entanto, que uma s� resid�ncia pode acabar com todo o trabalho de preven��o de toda uma comunidade. “Visitamos um com�rcio com a caixa d'�gua destampada. Toda a vizinhan�a se mobilizando e uma caixa pode ser o foco de prolifera��o de milhares de mosquitos. Ent�o todo mundo tem que se somar”.
Aux�lio para microc�falos
Tereza Campello tamb�m falou sobre o aux�lio financeiro que o governo federal concede a pessoas com defici�ncia e afirmou que o governo est� "se organizando" para apoiar as fam�lias cujos beb�s nasceram com microcefalia, malforma��o cong�nita que a comunidade cient�fica relaciona com infe��o pelo v�rus zika durante a gesta��o. "[O aux�lio] Est� previsto na legisla��o. A constitui��o federal criou o Benef�cio de Presta��o Continuada, que d� direito a um sal�rio m�nimo para crian�as com defici�ncia, pessoas com defici�ncia que n�o possam trabalhar e idosos, desde que a renda familiar por pessoa seja menor que um quarto de sal�rio m�nimo”, explica.