
O atentado terrorista em Nice, na Fran�a, alarmou as autoridades brasileiras para o risco de epis�dios violentos no Brasil durante as Olimp�adas, que come�am em 5 de agosto. Ouvidos pelo Estado de Minas especialistas consideram elevado o risco de o pa�s sofrer ataques como os que vitimaram centenas de pessoas nos �ltimos meses na Fran�a. Eles identificam ainda erros pontuais nas a��es do governo para prevenir que o pa�s seja alvo de poss�veis amea�as.
“N�o estamos preparados (para conter atos terroristas)”, alertou o doutor em seguran�a internacional e professor na University of Central Florida, nos Estados Unidos, Marcos Degaut. Questionado sobre o risco de o Brasil ser alvo durante as Olimp�adas, Degaut enfatizou: “O risco � elevado. N�o se trata de falso alarmismo ou de querer criar nenhum tipo de paranoia, mas todas as vari�veis com que se pode trabalhar indicam para a realiza��o de um atentado no Brasil”. Na �ltima quinta-feira, ap�s o epis�dio da Fran�a, o governo anunciou a revis�o de todo o plano de seguran�a a fim de evitar qualquer incidente no Rio e nas cidades que recebem jogos.
O ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), general S�rgio Etchegoyen, afirmou que vai trocar o “pouco conforto (com o tr�nsito) por muita seguran�a” frisando que novas barreiras ser�o instaladas para impedir acessos de carros pr�ximos a pontos de jogos. Ele alertou que a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia se reuniu com representantes franceses para buscar informa��es. Al�m disso, o espa�o a�reo do Rio estar� restrito a partir do dia 24. Em nota enviada ontem ao Correio, o Planalto informou que “O plano de seguran�a do governo federal est� em permanente ajuste para garantir que os jogos sejam disputados com total seguran�a para as delega��es e todas as pessoas que venham ao Brasil”.
� Globonews, o presidente interino Michel Temer afirmou que o pa�s est� preparado. “N�s resolvemos fazer uma reuni�o, tendo em vista os acontecimentos da Fran�a, ou seja, a seguran�a ser� muito maior, para dar conforto e seguran�a” disse na sexta-feira.
Estrat�gia reativa
As medidas anunciadas pelo governo, por�m, foram duramente criticadas por Degaut por considerar que n�o se antecipam aos atos. “Quer focar muito em contraterrorismo (p�s-ataque) e pouco ou quase nada em estrat�gia de preven��o (antiterrorismo)”, avaliou. “O foco foi um estabelecimento de protocolos de atua��o para o caso de terem sido realizados atentados. O que teria feito era focar nas pol�ticas de preven��o aos atos”, alertou.
Para o professor, a cultura de pa�s de boas rela��es exteriores, sem ataques, corroborou para que o tema n�o fosse discutido. “N�o existe no Brasil, a cultura de preven��o, combate ou conscientiza��o do que � o terrorismo. � um tema maldito e as pessoas usam a estrat�gia da nega��o. N�o s�o alocados recursos humanos, tecnol�gicos e administrativos contra o terrorismo.”
Ex-secret�rio de seguran�a p�blica do Distrito Federal, o professor Arthur Trindade ponderou que o pa�s est� preparado para poss�veis ataques. “N�o � verdadeiro afirmar que a preocupa��o acontece depois de o caminh�o, pois a �rea de seguran�a est� trabalhando h� anos com essa preocupa��o. O Brasil corre risco, mas n�o diria que � alto”.
Especialista em seguran�a p�blica, George Dantas afirmou que a prepara��o inclui a necessidade de se antecipar m�todos de ataque. “O terrorismo, ao envolver a intelig�ncia e a ardilosidade humana, faz com que seus prepostos estejam constantemente em processo de adapta��o e ajuste a novos m�todos de preven��o e resposta”, analisou. Hoje, a principal preocupa��o dos especialistas s�o os chamados lobos solit�rios, pessoas sem vincula��o com c�lulas terroristas, mas dispostos a cometer ataques individuais (leia mais na p�gina 12).
Simula��es no Rio
O presidente do Comit� Organizador Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, disse ontem que o Brasil se preparou contra poss�veis atos de terrorismo durante as Olimp�adas, mas que n�o h� como controlar os terroristas. “Nunca houve tanta gente (for�as de seguran�a) assim nos Jogos Ol�mpicos. � s� ver nas ruas. Mas vamos torcer, pois o que acontece hoje no mundo ningu�m controla”, disse. Durante o fim de semana, uma s�rie de eventos de treinamento tem ocorrido em diferentes pontos do Rio de Janeiro.
Ontem, for�as de seguran�a fizeram uma simula��o na esta��o de trens de Deodoro — bairro na Zona Oeste que concentra sete instala��es ol�mpicas. A a��o envolveu 500 pessoas e incluiu at� mesmo a explos�o de uma bomba. O explosivo foi colocado em uma mochila abandonada em uma plataforma, ao lado dos trilhos. Volunt�rios que trabalham na organiza��o da Olimp�ada se passaram por passageiros feridos e foram levados para a plataforma, onde receberam os primeiros socorros. Tamb�m foram simuladas intensa troca de tiros e persegui��o a terroristas.
De acordo com a Secretaria de Seguran�a do Estado do Rio, o objetivo foi “testar o planejamento e as a��es de resposta em um cen�rio cr�tico”. No treinamento, foi testada a capacidade de resposta coordenada a atentados, com acionamento das for�as de seguran�a, neutraliza��o de agressores, varreduras, isolamento da esta��o, atendimento a v�timas e tentativa de identifica��o de terroristas. A regi�o no entorno da esta��o de trem foi isolada e houve altera��es no tr�nsito da regi�o. O exerc�cio foi acompanhado em tempo real pelos funcion�rios do Centro Integrado de Comando e Controle (Cicc), que abrigar� agentes de intelig�ncia e seguran�a de 106 pa�ses.
Neste domingo, equipes de seguran�a, transporte e tr�nsito far�o treinamento para a cerim�nia de abertura da Olimp�ada. A simula��o acontecer� em v�rios pontos da Zona Sul, Barra da Tijuca (Zona Oeste), no entorno do est�dio (Zona Norte) e no Centro. Ser�o testados os deslocamentos de atletas, organizadores, volunt�rios e autoridades, com interdi��o e libera��o das ruas. As simula��es come�ar�o de madrugada, �s 5h, e dever�o ser encerradas �s 12h.