Calouro da Universidade Federal de Goi�s (UFG), do c�mpus de Goi�nia, Guilherme Silva Neto era conhecido como "Guilherme Irish" e cursava o 2º semestre de Matem�tica.
Era anarquista, mas antes de entrar na faculdade se autodeclarava "comunista" e simpatizava com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Entre os livros preferidos, estava o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels. Na escola, a disciplina favorita do jovem era F�sica.
Nascido em 1996, Guilherme Silva Neto havia completado 20 anos h� tr�s meses. Na foto do perfil em uma rede social, Neto dizia n�o reconhecer ''governo nenhum''. Ele apoiava a libera��o da maconha e a legaliza��o do aborto. O universit�rio participava de uma rede social em que internautas fazem perguntas e o usu�rio responde. H� um ano, ele foi questionado: ''Voc� j� foi chamado de provocador?''. E a resposta foi: ''Todo o tempo.'' Pouco depois do Dia dos Pais no ano passado, perguntaram ao estudante como havia sido a comemora��o. ''Bem b...'', disse ele.
'Rela��o abalada'
O estudante do curso de Matem�tica Thalison Brasileiro, de 22 anos, disse que ''muitos sabiam'' que a conviv�ncia de Neto com a fam�lia "estava muito abalada" com o engajamento do jovem nas ocupa��es e manifesta��es. Segundo Brasileiro, a v�tima era um "rapaz digno e de bom car�ter", e "ativo politicamente". "Tinha muita for�a de vontade, queria lutar por seu futuro como poss�vel professor. Todos do curso e da UFG em geral ficamos muito tristes e chocados com o ocorrido", afirmou o colega de curso.O coordenador geral do Diret�rio Central dos Estudantes (DCE) da UFG, Fabio de Oliveira J�nior, disse que conheceu Neto este ano em mobiliza��es e assembleias estudantis. Segundo o coordenador do DCE, o jovem era "muito participativo", estava sempre presente nas reuni�es e passava bastante tempo na faculdade. "Ele era muito engajado. Por isso, nunca pensamos que ele poderia sofrer com algum problema ou resist�ncia desse tipo dentro de casa."
Oliveira J�nior disse que a v�tima se identificava como sendo anarquista, mas n�o defendia ideias ou a��es radicais. "Ele n�o tinha um posicionamento pol�tico muito claro. Se dizia anarquista, mas n�o tinha uma vertente te�rica espec�fica", explicou. Ele tamb�m afirmou que a v�tima n�o era black bloc, at� porque, ainda de acordo com Oliveira J�nior, as manifesta��es estudantis em Goi�s nos �ltimos dois anos foram pac�ficas.
Segundo o representante do DCE, mesmo se identificando como anarquista, o estudante de Matem�tica n�o restringia seu conv�vio a apenas um grupo e se dava bem com todos os estudantes. "Ele participou da ocupa��o da Reitoria e depois foi para outro c�mpus ocupado. O grupo de anarquistas da universidade n�o participou da ocupa��o e ele foi um dos poucos que atuou do nosso lado. Ele era muito tranquilo e se dava bem com todo mundo", disse.
Luto
Nas redes sociais, colegas e amigos da v�tima lamentaram a morte e prestaram homenagens. Alguns alteraram a foto do perfil para uma imagem de fundo preto e a frase "Guilherme Irish presente". "A intoler�ncia levou mais um de n�s. Descanse em paz, Guilherme, voc� n�o ser� esquecido", disse Mariana Vieira, estudante de Ci�ncias Sociais da UFG. "Fica em Paz, Guilherme! Sua ida nos ensina muita coisa!", escreveu a colega Julliana Braga.
Estudante de Ci�ncias Sociais da UFG e anarquista, o amigo Yasser Ivan Najar disse que a v�tima era um "companheiro" de luta sempre presente em movimentos sociais. "Dif�cil perder um amigo que se v� todo dia, companheiro de luta, anarquista, SEMPRE presente nos movimentos de luta, fique em paz..."