
O governo do Estado come�ar� hoje a coloca��o de cont�ineres que servir�o de barreira improvisada para a constru��o de um muro de concreto que vai separar o Primeiro Comando da Capital (PCC) do Sindicato do Crime (SDC) na Penitenci�ria Estadual de Alca�uz, na Grande Natal. De acordo com o Executivo, logo ap�s a instala��o dos cont�ineres ter� in�cio a obra do muro. O local est� h� uma semana sob controle dos presos e o Minist�rio P�blico cobra a��o com for�a policial. Agentes penitenci�rios amea�am fazer greve a partir de quarta.
O Minist�rio P�blico Estadual do Rio Grande do Norte emitiu recomenda��o ao governador do Estado, Robinson Faria (PSD), para que, diante do que classificou como “barb�rie”, com ao menos 28 mortes confirmadas desde s�bado passado, sejam tomadas “provid�ncias efetivas”. Para isso, o procurador-geral, Rinaldo Reis Lima, e promotores pedem que se fa�a uso da for�a policial necess�ria para encerrar o motim e retirar mortos e feridos, al�m de armas e drogas.
Os presos feridos durante o confronto de anteontem foram levados para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. A exemplo do que aconteceu anteontem - quando os socorristas n�o entraram na cadeia, mas ficaram na entrada, esperando os detentos que precisavam de atendimento -, os agentes n�o ultrapassaram os muros da unidade.
Os presos que sa�ram feridos foram al�ados por cordas nas macas colocadas para dentro da unidade carcer�ria pelo Corpo de Bombeiros. Ainda de acordo com informa��es do Executivo, a medida visou a garantir a seguran�a dos profissionais que atuaram na a��o de resgate.
J� os corpos dos presidi�rios que morreram durante este segundo embate ainda n�o foram retirados. A Secretaria de Justi�a e Cidadania (Sejuc) confirmou que h� pelo menos duas mortes, mas evitou ser mais precisa. O motim foi retomado ap�s a sa�da da maior parte dos policiais de batalh�es de opera��es especiais, que haviam entrado no local no fim da tarde de anteontem. Com o t�rmino da opera��o, os pavilh�es das unidades prisionais voltaram a ser controlados pelos detentos. A circula��o livre dos presos pelos pavilh�es podia ser vista por vizinhos e por todos que observavam a cadeia a dist�ncia. Alguns deles voltaram a ocupar o teto dos pavilh�es, ainda com as bandeiras hasteadas e com celulares nas m�os.
A��es pontuais. Desde o s�bado passado, os batalh�es de Choque e de Opera��es Especiais (Bope) entraram na cadeia mais de tr�s vezes, realizando revistas e retirando presos para transfer�ncias. As opera��es, no entanto, n�o se estenderam por mais de cinco horas em nenhuma das oportunidades. Logo que os homens de preto deixam a unidade, a rebeli�o � retomada.
O major Wellington Camilo, comandante do policiamento das guaritas, havia citado a pouca luminosidade no momento inicial da rebeli�o para justificar a falta de a��o policial no interior da cadeia logo no primeiro dia. O dia amanheceu e a corpora��o interveio, o que permitiu a contagem inicial de 26 mortos. De l� para c�, por�m, apesar de confirmar novos mortos no conflito da quinta-feira, a administra��o n�o estima quantos s�o. Fazer essa nova contagem pressup�e, segundo o comando da PM, entrar novamente e controlar, ainda que momentaneamente, a unidade, o que n�o aconteceu.
Questionado sobre a forma de atua��o no pres�dio e o prazo para retomada da unidade, o governo disse que essas informa��es s�o restritas “porque envolvem a estrat�gia do setor de intelig�ncia e por quest�es de seguran�a”. O Estado afirma que a prioridade agora ainda � evitar fugas em massa e para isso mant�m com ocupa��o total as dez guaritas do pres�dio. � de l� que costumam partir as interven��es mais efetivas da administra��o, com os disparos de armamento n�o letal, visando a impedir os avan�os das fac��es no territ�rio para eventual retomada de conflito.
� noite, em entrevista, Robinson Faria admitiu que a solu��o seria “acabar com Alca�uz”. “Hoje tem de ser um novo pres�dio, at� porque aquilo foi constru�do em cima de uma duna, foi um equ�voco da �poca.” Ele ressaltou que apenas com a conclus�o de dois pres�dios estaduais e de uma nova cadeia com verba federal se poder� “apagar a hist�ria maldita de Alca�uz”. O Rio Grande do Norte tem 7,4 mil presos em regime fechado ou semiaberto e acumula um d�ficit de 3,5 mil vagas.
S� a transfer�ncia de detentos do SDC de Alca�uz detonou uma s�rie de ataques no Estado desde quarta-feira. “Encontramos mensagens nos celulares de suspeitos presos com as ordens para o ataque. Em Parelhas (no interior), o pedido era para que o CDP (Centro de Deten��o Provis�ria) e a delegacia m�vel da cidade fossem atingidos”, disse o delegado-geral adjunto, Correia J�nior.
Greve
Como uma tentativa de solu��o para a crise, o governador ainda anunciou a convoca��o de 700 agentes tempor�rios e de policiais da reserva. No entanto, o an�ncio repercutiu negativamente entre agentes. O sindicato que representa a categoria enviou nota informando que entrar� em greve por tempo indeterminado a partir de quarta-feira, caso o governo n�o retroceda. Os agentes alegam usurpa��o da fun��o p�blica. “Essa greve � impr�pria”, rebateu Robinson Faria.